domingo, 27 de dezembro de 2015

Labyrinx

Este ano eu tive a oportunidade de acompanhar o trabalho de um grupo de amigos que está criando um jogo de tabuleiro chamado Labyrinx. O jogo já está na fase de testes e eu participei de dois deles até agora: um só para amigos, na casa de um dos criadores do jogo, e outro aberto para o público em geral, na Redbox, uma loja de jogos / livraria / reduto nerd no Centro do Rio de Janeiro que eu só descobri graças a esse evento, já que fica escondida no fim do corredor do quarto piso de uma galeria localizada em uma ruazinha de pedestres no Centro.

"+7 de furtividade." (desculpa, gente, mas post sobre jogo sem piada nerd não dá)
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Piadas bobas à parte, o jogo é muito, muito legal. Eles já fizeram eventos de teste em várias outras ocasiões, inclusive no 8º Encontro Board Game em São Paulo e no Diversão Offline. Não vou contar todos os detalhes do jogo porque pra isso já existem a página no Facebook, o blog no Tumblr e a conta do Instagram, mas é um jogo que tem todos os elementos para me agradar. É um jogo de estratégia e aventura com um componente de RPG que me conquistou de cara, mas que pode facilmente ser ignorado por aqueles que não têm interesse nesse tipo de coisa. Um jogador pode incorporar Avra Kardorem, feiticeira das Torres Perdidas e Guardiã dos Últimos Segredos, destruindo às gargalhadas o labirinto criado pelo Rei Louco e saboreando o caos que a sua vingança está trazendo ou pode simplesmente usar sua carta de personagem para, uma vez por rodada, tirar do jogo duas cartas quaisquer de forma a dificultar o caminho dos adversários e impedir que eles marquem pontos.

Agora, por que motivo alguém não iria querer ser a Feiticeira das Torres Perdidas está além da minha compreensão.
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Como o Labirinto começa invisível e se revela a cada jogada na direção que cada jogador escolher e com cartas tiradas de uma pilha embaralhada no início do jogo, é impossível jogar duas vezes no mesmo Labirinto. Mesmo durante o jogo, o Labirinto muda: partes são destruídas, trocadas de lugar, substituídas por outras partes dependendo do talento de cada personagem e de como cada um usa o seu talento. Alguns personagens arrombam portas, outros atravessam paredes, monstros atacam os aventureiros e armadilhas surgem onde menos se espera. No último evento de testes do qual eu participei, joguei duas vezes e pude perceber como o ritmo do jogo mudou de uma partida para outra mesmo sendo praticamente os mesmos jogadores nas duas vezes.

Apesar de todas essas variações possíveis, a mecânica do jogo é simples e ele é bastante dinâmico. Até o último instante o jogo pode virar e quem já tinha recolhido mais tesouros no Labirinto se vê de repente sem nada.

Se tudo correr conforme o planejado, o jogo vai ser lançado em 2016, por isso eu recomendo, para quem gosta de jogos de tabuleiro e quer experimentar um jogo diferente, ou para quem não é de jogar mas está querendo fazer coisas novas em 2016, que fique atento, curta a página no Facebook, siga o blog, mande um e-mail pra eles pedindo pra ser avisado dos próximos eventos de teste e do lançamento oficial do jogo.

Em 2016, o Labirinto se expande.

Links:

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http://rednerdsgames.tumblr.com/post/121597394575/o-que-é-o-labyrinx

sábado, 26 de dezembro de 2015

Traduttore, Traditore

"Traduttore, traditore" é uma expressão em italiano que, traduzida para o português, significa "tradutor, traidor", querendo dizer que todo tradutor "trai" a obra original, transformando-a em algo diferente do que era a intenção original do autor. Eu não acho que seja bem assim: acho que uma tradução bem feita pode, sim, permanecer fiel à obra original e ser ponte entre o autor e um público que de outra forma não teria acesso à sua obra. Acho também que a tradução é uma arte e exige um talento que vai muito além da fluência em dois idiomas. Um bom tradutor tem que ser capaz de compreender ironias, metáforas, trocadilhos, indiretas, sutilezas mil que o autor emprega e que não vão ser decifradas por um dicionário. Palavras que são ofensivas em um idioma muitas vezes não carregam o mesmo peso em outro e o tom da conversa pode se perder em uma tradução feita por alguém que não conheça as duas culturas o suficiente para entender essas e outras nuances.

Assim como em qualquer área, existem nesse meio profissionais extremamente talentosos e conscienciosos e existem aqueles que não se importam com a qualidade do seu trabalho o suficiente para passar o corretor ortográfico antes de entregar o produto final. Entre um extremo e outro, existe toda uma gama de níveis de profissionalismo e competência, mas vamos falar aqui dos casos mais extremos, aqueles que estão além de qualquer possibilidade de defesa. Do tipo de erro grosseiro que me incomoda porque me tira da estória: eu estou bem tranquila, assistindo um filme, quando um erro de ortografia, por exemplo, salta da tela e acaba com a minha concentração.

Vamos começar com a pessoa que fez a tradução da legendagem para o episódio piloto do seriado Monk para o Now, da Net. Escrever "ancioso" e "despresava" num texto manuscrito já é, por si só, ruim o suficiente para eu nunca mais falar com você, mas desabilitar o corretor ortográfico (ou, pior, ignorar aquele sublinhado vermelho de alerta) que qualquer editor de texto atualmente tem é ainda pior, porque mostra que a pessoa não é apenas ignorante, mas também relaxada, do tipo "se sair com erro, azar, desde que me paguem não estou nem aí".

"Só fica um pouco ancioso com..."

"Não porque ele gostava dela. Despresava-a."

Vou abrir um parênteses rápido aqui para dizer que eu estou frisando que nesses casos se trata da tradução para legendagem porque normalmente não é o mesmo profissional que faz a tradução para legendagem e a tradução para dublagem. São trabalhos bastante diferentes, com regras próprias, diferentes não só da tradução de livros mas também entre si e, já que eu estou citando aqui o programa e a distribuidora, não é justo que um tradutor leve a fama pelas lambanças do outro. Fecha parênteses.

Aí, quando você acha que não tem como piorar, chega um ser como esse que fez a tradução para legendagem do episódio "Batalha na Savana" do programa "Clube da Luta dos Animais" para o Netflix (assisti só esse episódio porque eu queria ver os hipopótamos: me julguem). O indivíduo se depara com a expressão "the mammoth victor" e ou não consegue entender o que o narrador diz ou não sabe o quer dizer mammoth.
Para quem não sabe, "mammoth", como substantivo, é mamute em inglês, mas, quando usado como adjetivo, quer dizer gigantesco, enorme, colossal.
E até aí, tudo bem: sei como é estar com todos os prazos e extensões já estourados, de madrugada, ninguém por perto pra você pedir ajuda e bem quando você acha que está quase terminando o serviço empaca em um obstáculo inesperado. Se a criatura tivesse traduzido "the mammoth victor" como "o vencedor" ou "o crocodilo vencedor" ou qualquer coisa semelhante, eu não diria nada. O tradutor que preparou o texto para dublagem fez isso. Vida que segue. Mas nada — NADA — justifica chamar crocodilo de mamífero.

"O mamífero vitorioso roubou sua refeição, uma gazela adulta."

Não importa se você antes não sabia o que quer dizer "mammoth", ou se o áudio estava péssimo e você entendeu "splurgh" e não "mammoth". A partir dessa cena você pelo menos sabe que, seja o que for essa palavra, ela não quer dizer mamífero. Nem fofinho; podemos concordar que o que você está vendo na tela não é nem um mamífero nem fofinho? Pra não dizer que eu sou uma pessoa intransigente, eu deixo a possibilidade de você traduzir "the mammoth victor" como "o simpático vencedor" ou "esse bicho aí": ambas são traduções melhores do que "o mamífero vencedor". Vai por mim.

"Chega aí, vamos ter uma conversa de mamífero para mamífero."
By Tomás Castelazo (Own work) [CC BY-SA 2.5 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.5)], via Wikimedia Commons

domingo, 6 de dezembro de 2015

Jess, a Guardiã Visionária do Mundo

Continuando a leitura de "A Sociedade Cinderela", o capítulo 2 terminou com Jess na casa de Cassandra para uma festa do pijama. Depois que Cassandra garantiu a Jess que Lexy não estaria presente, as duas se reuniram às outras garotas na cozinha. Além de Kyra e Sarah Jane, líderes de torcida que parecem "saídas de capas de revista adolescente" e de Cassandra, ex-líder de torcida que "[faz] com que as duas [pareçam] quase comuns", estão lá também Gwen, "campeã estadual de vôlei que poderia muito bem ter trocado o esporte por um contrato como modelo", "uma rainha de concurso de beleza chamada Mel" e mais meia dúzia de garotas que provavelmente também são lindas e perfeitas e sabefasfddbvfdd. Oops, desculpa aí, gente, dei uma cochilada agora em cima do teclado. É que a Jess não para de falar e falar e falar sobre como todas as Garotas Populares do Bem são lindas, perfeitas e melhores do que os mortais comuns e essa tietagem já está ficando cansativa, mesmo para uma adolescente insegura que está deslumbrada por poder andar com a turma popular.

Enfim, nas horas seguintes as garotas conversam, riem e se empanturram de shakes deliciosos, wraps cremosos e picantes, e aí me deu fome e eu tive que largar o blog um instante pra pegar alguma coisa pra comer na cozinha.

Quase a mesma coisa. Está muito tarde pra ligar o mixer pra fazer shake, e eu não sei fazer wrap, tá?

Vou dar um desconto para o deslumbramento da Jess por estar comendo na mesma cozinha em que o Ryan toma café da manhã todos os dias e por passar em frente à porta do quarto dele no caminho para o banheiro, porque 16 anos são 16 anos. Mais difícil de engolir são os parágrafos e mais parágrafos (sério, muitos parágrafos!) que ela passa repetindo sem parar como é incrível que aquelas garotas lindas e descoladas a estejam "tratando como um ser humano normal". Tá bom, Jess, todo mundo já entendeu: você é uma pária, uma rejeitada pela sociedade, sua auto-estima é baixa, ninguém te ama, ninguém te quer, ninguém te chama de meu amor. Vamos falar do broche e do convite misterioso agora, sim?

Finalmente, depois que todas já foram dormir, Jess e seis outras meninas, novatas como ela, são convocadas no meio da madrugada para uma cerimônia de iniciação. Imaginem-se agora vocês, na casa de uma pessoa que nunca viram na vida, junto com uma dúzia de outras pessoas que (mal) conhecem há dois meses. Metade do grupo é acordado no meio da madrugada pela outra metade e levado até o terraço, onde, sem nenhuma explicação, todas são colocadas sentadas em semi-círculo, cada uma com uma doida psicopata Irmã de pé atrás de si, vestindo uma túnica branca e segurando uma vela acesa. Eu vou transcrever aqui o início da cerimônia de iniciação só para dar o clima.

Mais ou menos assim, só que menos engraçadinho e mais Atividade Paranormal 3.

"Paige ergueu as mãos, palmas para cima, e se dirigiu a nós com uma voz baixa e melodiosa: 
— Quem entra no Círculo Sagrado? 
— Nós, as Irmãs da Sociedade, — disseram Sarah Jane e a fileira de trás. 
— O que as traz ao Círculo? 
— Buscamos voltar a preencher o rol da Irmandade. 
— A Irmandade aceita sua missão. 
(...) 
Paige ergueu sua vela branca, as Irmãs levantando as roxas em resposta. 
— Viemos aqui esta noite, — começou ela, — em nome da Irmandade, para trazer novas Irmãs à nossa congregação. Oferecemos a vocês uma oportunidade, jovens Irmãs. Somos a nova face das mulheres. Nossa liderança trará a aurora de uma nova era. 
Um coro de vozes respondeu atrás de mim: 
— Celebramos nossa verdadeira força."

Eu não sei quanto ao resto de vocês, mas eu já saí dali correndo de pijama mesmo, pulei o muro e voltei pra casa a pé.

Eu vou enfatizar de novo, porque essa parte realmente me deixou bolada, que essa cerimônia não representa a etapa final de um processo de captação de novos membros durante o qual Jess e as outras "jovens Irmãs" foram apresentadas à Sociedade Cinderela e decidiram se juntar a ela por se identificarem com seus valores e seus objetivos. Elas simplesmente receberam um convite para passar a noite na casa da Cassandra, lancharam, bateram papo, foram dormir e no meio da madrugada foram acordadas e trazidas de pijama para o terraço onde um monte de garotas de túnicas brancas e carregando velas acesas começou a entoar cânticos sobre a Sociedade, a congregação e a aurora de uma nova era. Até onde a Jess e as outras sabem, o próximo passo pode muito bem ser uma rodada de suco de uva do reverendo Jim Jones.

Mas nada disso importa para Jess, que está encantada por ser uma das escolhidas e por ser aceita pelas populares. Sua única preocupação ainda é que isso seja tudo uma pegadinha armada por Lexy, porque como é possível que essas Garotas Populares do Bem incríveis, fantásticas e maravilhosas a considerem digna dfdvdfgfddddd... Opa, desculpa aí, peguei no sono de novo. Vamos resumir logo esse negócio: mais velas são acesas, promessas são feitas, lágrimas são derramadas e, voilà! Jess agora é uma Cindy! Porque ela possui "o dom excepcional da liderança", "determinação inabalável" e "firme lealdade" e é "uma defensora da justiça e uma guardiã visionária do mundo". Palavras da Paige, não minhas, tá? Ah, e a Jess também ganha um pingente de borboleta. Isso pode ser importante mais tarde.

Fim do terceiro capítulo, 14% do livro já foi e a Sociedade Cinderela finalmente deu as caras, com sua missão de trazer a aurora de uma nova era, seja isso o que for. Eu acho o máximo que Jess, com seu "dom excepcional de liderança", entre sem questionar para essa irmandade sobre a qual a única coisa que ela sabe é que é formada por garotas bonitas e populares. Ela está preocupadíssima com o fato de que pode não ser digna de fazer parte desse grupo de garotas tão lindas e perfeitas, mas em nenhum momento demonstra preocupação em saber o que diabos é essa nova era que ela vai ajudar a trazer: pelo tanto que ela sabe, pode ser a ascensão do Quarto Reich, a tomada do poder pelo Estado Islâmico ou a instauração do governo totalitário de "1984".

"Valeu a pena."
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Como metade desse capítulo foi a festa do pijama e a outra metade foi a cerimônia de iniciação, ao invés de fazer o resumo do capítulo, vou fazer a ficha dos personagens apresentados até agora.

Nome: Jessica (Jess) Parker
Papel na trama: Protagonista
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: 16 anos. Carinha de menina. Sardas. Um esfregão castanho e sem brilho como cabelo.
Personalidade: Estudiosa. Não tem amigos e se considera patética, uma pária social.
Interesses e hobbies: Líder de torcida. Constrói casas para o Habitat Para a Humanidade, serve sopa para os necessitados e trabalha na Sociedade Humanitária ajudando animais abandonados. Trabalha na loja de artigos New Age da avó, "Presentes Celestiais". Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Você tem certeza de que queriam me escolher?"

Nome: Alexandra (Lexy) Steele
Papel na trama: Garota Popular Malvada
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: Cabelo preto, liso e longo.
Personalidade: Popular. Culpa Jess por não ter conseguido entrar para a equipe de líderes de torcida. Espalhou na escola o boato de que Jess despreza as outras líderes de torcida da equipe e queria mesmo é ser líder de torcida na escola rival. Atormenta e humilha Jess sempre que pode.
Interesses e hobbies: Fez teste para líder de torcida e não foi classificada.
Fala mais marcante: "Nem mesmo os fracassados perdem tempo com você. Isso deve mesmo fazer com que se pergunte o que há de errado com você."

Nome: Sarah Jane Peterson
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: Linda, parece uma estrela de cinema. Cabelo louro brilhante. Maçãs do rosto salientes. Pernas longas.
Personalidade: Popular. Tranquila, não age como uma diva.
Interesses e hobbies: Capitã da equipe de líderes de torcida, junto com Kyra. Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Não fique com medo. Você está destinada a ser uma de nós."

Nome: Kyra Gonzalez
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: Linda, parece uma estrela de cinema. Cabelo castanho. Pele perfeita.
Personalidade: Popular. Tranquila, não age como uma diva.
Interesses e hobbies: Capitã da equipe de líderes de torcida, junto com Sarah Jane. Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Não tão rápido, chica. Você não quer saber o porquê de tudo isso?"

Nome: Cassandra (Cassie) Steele
Papel na trama: Garota Popular do Bem Sênior
Ocupação: Estudante universitária
Características físicas: Mais bonita que Sarah Jane e Kyra. Cabelo cor de chocolate, espesso e brilhoso. Sorriso de 1 megawatt.
Personalidade: Popular.
Interesses e hobbies: Ex-líder de torcida da MSH. Líder de torcida da Universidade da Georgia. Mora em uma mansão na parte rica da cidade. Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Entre, Jess. Juro que somos inofensivas."

Nome: Ryan Steele
Papel na trama: Interesse Romântico Inatingível da Protagonista
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: Alto e musculoso. Peito largo. Cabelo escuro, sedoso e esvoaçante. Olhos azuis. O maxilar bem-definido de Jake Gyllenhall. Voz de barítono. Usa perfume da linha Cool Water. Sotaque sexy e arrastado do Sul.
Personalidade: Popular. Gentil com todos, até mesmo com os geeks e nerds. Tem o bom e velho charme do Sul.
Interesses e hobbies: Quarterback do time de futebol americano.
Fala mais marcante: "Vai ser sempre assim com a gente agora? Trombando um no outro em todos os lugares?"

Nome: Heather Katherine Clark
Papel na trama: Loser
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: N/A
Personalidade: Única aluna da escola que é legal com Jess. Leprosa social. Está sendo chantageada por Lexy.
Interesses e hobbies: Faz compras na "Presentes Celestiais".
Fala mais marcante: "Tenha um ótimo verão, Jess."

Nome: Paige Ellis
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: Recém-formada no ensino médio (estudante universitária?)
Características físicas: N/A
Personalidade: Popular. Influente entre os demais membros da Sociedade Cinderela. Gente boa e pé no chão.
Interesses e hobbies: Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Namastê, Irmãs. Sejam bem-vindas à Sociedade Cinderela."

Nome: Melanie (Mel) Davis
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: Rainha de concurso de beleza. Alérgica a gatos.
Personalidade: Popular. Serena. Espírito pacificador.
Interesses e hobbies: Rainha de concurso de beleza. Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Pode ser uma boa ideia. Eles normalmente separam os cães dos gatos, não é mesmo?"

Nome: Gwen Fielding
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: Poderia ser modelo.
Personalidade: Popular.
Interesses e hobbies: Campeã estadual de vôlei. Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Acho que nenhum lugar é tão animado quanto Daytona. Vôlei de praia todos os dias enquanto estávamos lá."

Nome: Cherie
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: Atriz
Características físicas: N/A
Personalidade: Popular.
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: "Prefiro Manhattan a Daytona em qualquer época. Broadway, baby."

Nome: Gaby
Papel na trama: Garota Popular do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: Nerd.
Interesses e hobbies: Membro da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Longa vida para a Irmandade."

Nome: Katrina Walker
Papel na trama: Figurante do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Eu aceito o chamado."

Nome: Chandi Prasad
Papel na trama: Figurante do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Eu aceito o chamado."

Nome: Hannah Campbell
Papel na trama: Figurante do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Eu aceito o chamado."

Nome: Nalani Akina
Papel na trama: Figurante do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Eu aceito o chamado."

Nome: Alicia Gallagher
Papel na trama: Figurante do Bem
Ocupação: N/A
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Membro recém-incorporado da Sociedade Cinderela.
Fala mais marcante: "Eu aceito o chamado."

Nome: Morgan
Papel na trama: Figurante Popular Malvada
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: N/A
Personalidade: Puxa-saco principal de Lexy.
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: N/A

Nome: Dale Boone
Papel na trama: Figurante
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: "Ouvi falar que Frau Gardner deu a mesma prova de alemão três anos seguidos."

Nome: Sr. Norman
Papel na trama: Figurante
Ocupação: Professor de álgebra
Características físicas: Quarenta e tantos anos.
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: Lê The Calculus News de cabo a rabo.
Fala mais marcante: "Ótimo trabalho, Jess. Transferir-se no meio do semestre é difícil, mas suas notas estão entre as melhores da turma. Seu professor de matemática anterior ficaria orgulhoso."

Nome: Joe
Papel na trama: Figurante
Ocupação: Inspetor escolar
Características físicas: N/A
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: N/A

Nome: Rick
Papel na trama: Figurante
Ocupação: Inspetor escolar assistente
Características físicas: Gato, pouco mais velho que os estudantes do ensino médio.
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: N/A

Nome: Loura oxigenada sexy da semana
Papel na trama: Pessoa Totalmente Errada Para o Interesse Romântico Inatingível da Protagonista Mas Ele Ainda Não Percebeu
Ocupação: Estudante do ensino médio
Características físicas: Loura oxigenada. Voz anasalada. Seios imensos.
Personalidade: N/A
Interesses e hobbies: N/A
Fala mais marcante: "Preciso de um lugar na sombra ou vou ficar cheia de sardas."

Nome: Mãe da Jess
Papel na trama: Mãe da Protagonista
Ocupação: Do lar.
Características físicas: Grávida de gêmeos.
Personalidade: Era uma Mulher Super Focada Na Carreira e Sem Tempo Para a Família até ficar grávida dos gêmeos e largar o emprego para ficar em casa com eles.
Interesses e hobbies: Era uma importante auditora até engravidar e virar a "SuperMãe das (sic) Bilhões de Perguntas".
Fala mais marcante: "Precisamos começar a pintura do quarto dos bebês. Vai chegar a tempo de me ajudar pela manhã?"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Gerente, Não Faça Isso

Hoje estou inaugurando um novo marcador aqui no blog: "Gerente, Não Faça Isso". E, quando eu digo gerente, quero dizer gerente de projeto, coordenador, gestor do contrato, líder de produto, supervisor, enfim, qualquer cargo em que se presume que o indivíduo irá assumir a responsabilidade de liderar a equipe rumo a um objetivo, seja ele a entrega de um projeto ou o cumprimento das metas mensais de vendas.

Enquanto algumas pessoas (que aqui eu vou chamar sempre de gerentes para simplificar) desempenham essa função de forma competente e digna e ganham o respeito daqueles que gerenciam, há também outros tristes arremedos de gerente que envergonham a categoria. E há também aqueles que não são 100% do primeiro caso nem 100% do segundo, mas que de vez em quando pisam na bola com os dois pés e depois ainda sapateiam em cima dela.

Hum... Gol?
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Uma vez eu fui a uma reunião na empresa do cliente, acompanhando o gerente do projeto. A reunião era sobre dois projetos nos quais eu estava atuando como analista de negócio, mas a fase de levantamento de requisitos de ambos já estava encerrada. Não me lembro mais em que fase o primeiro projeto estava, mas o segundo já estava terminando a fase de testes. Também não me lembro dos detalhes do que foi dito na reunião porque isso foi há alguns anos atrás, mas me lembro que o segundo projeto estava atrasado e o gerente do projeto estava sendo questionado por isso. A data de entrega do projeto estava prevista para dali a poucos dias e, pelo atraso com que tinham sido alcançados os marcos anteriores do projeto, já estava claro para todos que a entrega final também ia atrasar.

E aí visualizem a cena. A sala de reunião toda elegante no prédio chiquerésimo do cliente empresa privada cheio da grana, sexta maior instituição na sua área de atuação no país. Do lado de lá, dois ou três clientes colocando pressão. Do lado de cá, eu e o arquiteto de software quietinhos, só assistindo enquanto o gerente do projeto, provavelmente já suando dentro do seu terno apesar do ar condicionado, discorre sobre variáveis, incógnitas e imprevistos.

Um dos clientes pergunta então ao gerente do projeto qual é a data oficial, prevista no cronograma, para a entrega final do projeto. E ele, na lata: "Não sei."

Eu vou repetir para ter certeza de que todo mundo entendeu. Ele não diz: "Peraí, deixa eu consultar o meu notebook / tablet / celular / agenda / versão impressa do cronograma / recibo da farmácia no verso do qual eu anotei essa informação antes de vir pra reunião". Ele não diz: "Aquela data já foi pro vinagre, mesmo: eu vou te dizer a nova data de entrega prevista no cronograma replanejado". Ele não diz: "Nossa, me deu um branco agora! Que coisa, eu tinha essa informação na ponta da língua." Ele diz: "Não sei." E ainda completa: "Pra te dar essa informação exata eu teria que consultar o meu computador, lá na empresa," fazendo aquela cara de que esquisito é o cliente querer saber a data exata assim, de pronto.

O termo "vergonha alheia" ainda não tinha se tornado tão popular naquela época, mas descreve com perfeição o que eu senti naquele momento. A reunião era exclusivamente sobre isso: sobre a entrega do projeto. Que o gerente do projeto não sabia quando ia ser, nem achou que seria relevante abrir o cronograma e conferir essa informação antes de ir para a reunião.

Gerente, não faça isso. Pelo menos, não em reunião na qual eu estou presente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Cuide Bem dos Seus Copos

Há algum tempo eu vi no Facebook, essa grande ferramenta de disseminação de informação útil mas também de muita asneira, uma estorinha que era mais ou menos assim:

— Pega esse copo e joga no chão.
— Tá.
— O que aconteceu?
— O copo quebrou.
— Agora pede desculpa e vê se ele fica inteiro de novo.

Vamos por partes. Em primeiro lugar, é importante lembrar que nem todo copo é uma frágil taça de cristal que se quebra só de soprar uma brisa um pouco mais forte perto dela. Nem sempre o copo quebra quando cai no chão. Ele às vezes rola pra debaixo do sofá, fica sujo (especialmente se for esquecido lá embaixo por muito tempo), mas não quebra assim, fácil. Inclusive, ao contrário dos copos de verdade, os melhores copos metafóricos são aqueles que não quebram fácil.

Claro que não dá pra simplesmente dizer pro outro "Seu copo está ali, ó, debaixo da mesa; pega lá". De quem jogou o copo no chão (ou deixou cair por falta de cuidado) espera-se que, no mínimo, pegue o copo, dê uma lavadinha nele e devolva para o dono dizendo "desculpe por ter jogado seu copo no chão". Simples assim. Gentil assim.

Mas isso não quer dizer que copos não se quebrem. Mesmo os copos mais resistentes se quebram, se você se empenhar o bastante. E aí, faz o quê? Pede desculpa? Claro, ué. Que pergunta besta. Mas o copo não vai voltar a ficar inteiro! Vai, se você colar os pedaços. Ah, mas não vai ser mais a mesma coisa! Vem cá, deixa eu te explicar uma coisa: o copo já não é o mesmo desde o instante em que foi tirado da embalagem. O mero ato de pegar o copo, ou de enchê-lo de água, ou de beber água nele, ou de lavá-lo, secá-lo, guardar de volta no armário, cada um desses pequenos gestos corriqueiros alterou o copo de alguma forma, mesmo que seja de uma maneira que não se nota a olho nu. O fato é que o copo está sempre mudando, e você está sempre mudando, e o mundo à sua volta está sempre mudando, então não se trata de avaliar se o copo ainda é o mesmo que era antes de cair no chão (não é), mas sim se você quer esse copo, não do jeito que ele era quando você bebeu água nele pela primeira vez, ou na semana passada, mas sim como ele é agora.

Pode ser que, seja porque o estrago foi muito grande ou porque esse copo já foi derrubado e consertado vezes demais, um dos dois chegue à conclusão que isso não é mais um copo, ou pelo menos não um copo que ele queira ter. Por outro lado, pode ser que ele se torne até um copo melhor, não por ter sido quebrado, mas pelo carinho e atenção necessários para consertá-lo. De um modo ou de outro, o importante é que o copo seja avaliado pelo que ele é hoje, não pelo que foi um dia ou pelo conceito do que um copo perfeito deveria ser.

Eu já tinha pensado em escrever este post há muito tempo atrás. O que me impulsionou a finalmente escrevê-lo, por incrível que pareça, foi um episódio do meu podcast de horror/humor preferido, Welcome to Night Vale, que terminou com as seguintes palavras surpreendentemente sensatas para um podcast de horror/humor:

We will never be the same again. But here’s a little secret for you: no one is ever the same thing again after anything. You are never the same twice, and much of your unhappiness comes from trying to pretend that you are. Accept that you are different each day, and do so joyfully, recognizing it for the gift it is. Work within the desires and goals of the person you are currently, until you aren’t that person anymore, and everything changes once again.

Nós nunca mais seremos os mesmos outra vez. Mas eis aqui um pequeno segredo para você: ninguém é mais o mesmo depois de nada. Você nunca é o mesmo duas vezes, e muito da sua infelicidade vem de tentar fingir que é. Aceite o fato de que você é diferente a cada dia, e faça-o com alegria, reconhecendo isso como o presente que é. Aja de acordo com os desejos e objetivos da pessoa que você é neste momento, até a hora em que você não for mais essa pessoa e tudo mudar de novo.

E cuide bem dos seus copos.

© Angelfff | Dreamstime.com - White Cup With A Pink Braid Photo

domingo, 15 de novembro de 2015

Jess na Festa do Pijama

Voltando ao livro "A Sociedade Cinderela", o capítulo 1 terminou com Jess recebendo um convite misterioso para comparecer a um lugar chamado Moinho às 19h, usando o broche que foi entregue junto com o convite.

No capítulo 2, Jess vai ao Moinho (que, no fim das contas, é uma lanchonete) na hora marcada, usando o broche. Apesar de o local estar cheio, ela consegue mais uma vez dar de cara com Lexy e sua gangue lá dentro. Depois de mais algumas alfinetadas sobre o fato de que Jess não tem amigos, Lexy "acidentalmente" derruba seu café quente no peito dela. Essa cena tem dupla finalidade: ela não apenas deixa claro que Lexy é a Garota Popular Malvada (para aqueles leitores mais distraídos que já tiverem esquecido dessa informação importante que só foi repetida meia dúzia de vezes no capítulo anterior), mas também é a deixa para que entrem em cena Sarah Jane e Kyra, as co-capitãs da equipe de líderes de torcida e Garotas Populares do Bem. Sarah Jane e Kyra são pessoas tão incríveis, mas tão incríveis, que apesar de serem as "garotas mais bonitas e populares da escola", são "pessoas tranquilas, não divas". Bonitas, populares e não são do mal? Alguém dá um Prêmio Nobel da Paz para essas duas.

Antes de prosseguir, eu queria só fazer um comentário sobre "o cabelo louro brilhante e as maçãs do rosto salientes de Sarah Jane em um formidável contraste com o cabelo castanho e a pele perfeita de Kyra". O que são maçãs do rosto salientes? Isso deve ser uma coisa positiva porque protagonistas frequentemente tem maçãs do rosto salientes, mas eu não faço a menor ideia do que seja isso. Se alguém souber explicar, cartas para a redação, por favor.

Voltando à estória, Sarah Jane e suas maçãs do rosto salientes resgatam Jess e a levam para o banheiro feminino para limpar a sujeira e aplicar toalhas de papel molhadas com água fria sobre a pele queimada. Alguns minutos depois, Kyra se junta a elas, anunciando que Lexy e sua gangue foram embora em três SUVs, o que aparentemente é muito sério, mas ninguém explica por quê então vamos deixar pra lá.

Sem explicar o convite, nem o broche, nem nada (na verdade, sem nem dizer explicitamente que foram elas que mandaram o convite), Sarah Jane e Kyra informam a Jess que ela vai participar de uma festa no pijama na casa de Cassandra, uma ex-aluna e ex-líder de torcida da escola delas. E Jess vai porque, ora, por que não? Até algumas horas atrás essas pessoas mal falavam com você e agora estão te colocando no carro e te levando para passar a noite na casa de uma pessoa que você não conhece. Normal, né?

Elas fazem uma rápida parada na casa de Jess para que ela pegue suas coisas e avise à mãe que vai passar a noite na casa de uma completa estranha cujos pais podem ou não estar presentes, mas tudo bem porque algumas líderes de torcida vão estar lá, então, hum... esporte é vida? Enfim, aprendemos também que a mãe de Jess era uma importante auditora que parou de trabalhar para ficar em casa agora que está grávida de gêmeos e que Jess tem um certo ciúme disso porque a mãe não apenas nunca largou o trabalho para ficar com ela como também a deixou se virar sozinha desde os 12 anos de idade.

Jess promete voltar para casa a tempo de ajudar a mãe a pintar o quarto dos gêmeos no dia seguinte, joga algumas roupas na sua bolsa, inclusive "o que quer que estivesse limpo na gaveta de lingerie", o que... ECA! Meu armário era um caos quando eu tinha 16 anos e continua sendo até hoje, mas eu nunca tive roupa suja dentro da gaveta de lingerie.

Cassandra mora em uma mansão, é ainda mais bonita do que Sarah Jane e Kyra e é — atenção para mais uma reviravolta da trama — irmã de Ryan e Lexy!

"Oooooooooh!"
© Creatista | Dreamstime.com - Screaming Man In Drag Photo

Ao perceber isso, Jess entra em pânico e conclui que tudo aquilo foi mais um plano maquiavélico de Lexy para humilhá-la na sua casa. E eu até poderia acusá-la de estar sendo paranoica, mas, considerando que a Lexy já conseguiu encontrá-la e atormentá-la quatro vezes só hoje no período entre o término das aulas e as 19h, eu também já estou começando a desconfiar que a Lexy está obcecada pela Jess.

Jess começa a tentar arrumar um jeito de cair fora dali discretamente. Ela se vira para pegar sua bolsa e dá um baita encontrão em (vamos ver quem adivinha):

(a) Lexy.
(b) Ryan.
(c) a empregada que vinha entrando carregando uma bandeja de bebida.
(d) ninguém; Jess pega suas coisas e sai rapidamente dali sem dar vexame.

A resposta certa, claro, é Ryan. Ryan, que só estava ali para buscar o seu iPod, já que a festa do pijama é no estilo Clube da Luluzinha, sorri para Jess, faz uma piada sobre eles estarem sempre se esbarrando e vai embora. Depois que ele sai, Cassandra garante a Jess que Lexy não vai estar presente naquela noite, pois ela, ao contrário de Jess, não recebeu um convite e um broche. Bom, mas ela mora aqui, né, Cassandra? Mesmo que ela tenha planos de passar a noite fora, sempre pode mudar de ideia e resolver voltar pra casa.

De qualquer modo, Jess se deixa convencer e vai se unir a Sarah Jane, Kyra e as demais convidadas, concluindo que é "a hora de encontrar [seu] destino."

E é isso. Fim do capítulo. Dez por cento do livro já se foi.

Resumo do capítulo 2:
  • A mãe de Jess era uma Mulher Super Focada Na Carreira e Sem Tempo Para a Família até ficar grávida dos gêmeos e largar o emprego para ficar em casa com eles.
  • Sarah Jane e Kyra são Garotas Populares do Bem que parecem estrelas de cinema, mas não agem como divas.
  • Cassandra é uma Garota Popular do Bem Sênior, já que ela já terminou o ensino médio (eu pesquisei e aprendi que esse é o nome correto: não se diz mais segundo grau), é ainda mais bonita que Sarah Jane e Kyra e mora em uma mansão.
  • Jess compareceu ao Moinho na hora marcada usando o broche que recebeu com seu convite misterioso.
  • Jess foi humilhada por Lexy, a Garota Popular Malvada (pela quarta vez).
  • Sarah Jane e Kyra ajudaram Jess e a levaram a uma festa do pijama na casa de Cassandra.
  • Jess deu um encontrão em Ryan, seu Interesse Romântico Inatingível (pela segunda vez).
  • A Garota Popular do Bem Sênior, a Garota Popular Malvada e o Interesse Romântico Inatingível da Protagonista são irmãos!!!! Conflito!!!

sábado, 14 de novembro de 2015

The One With the Body Double

Que a Internet vicia, todo mundo sabe. Você começa com um objetivo bem específico: enviar um e-mail, fazer uma compra, descobrir o telefone de um restaurante, o autor de determinada frase ou a letra de uma música. E às vezes — às vezes! — até consegue alcançar o seu objetivo inicial antes que seus olhos caiam sobre o título de uma matéria ou a propaganda de um produto que chama sua atenção e você clica no link, só de curiosidade. Danou-se. O link é uma praga: pior que o Facebook, o YouTube, o Instagram e o Tumblr combinados, quando se trata de fazer um ser humano desperdiçar seu tempo na Internet. Você clica no link, vai para outra página e nessa página também tem um monte de links e você vai clicando, clicando, se afastando cada vez mais do seu objetivo original... E quando vê ainda não baixou o programa do Imposto de Renda e está assistindo um vídeo com uma montagem de clips da Disney e outros desenhos dublados no idioma da estória original de cada um (Ficou curioso, né? Pode clicar no link e ir lá assistir, mas lembra de voltar pro blog depois).

Essa introdução toda é para dizer que eu não faço a menor ideia do que tinha vindo fazer na Internet no dia em que, depois de muitos links, cheguei a um artigo que contava que pelo menos duas vezes, em "Friends", a câmera acidentalmente enquadrou as dublês que estavam no lugar das atrizes Jennifer Aniston e Courteney Cox e ninguém notou (eu, pelo menos, não notei).

Não me perguntem o motivo de elas precisarem de dublês nessas cenas: considerando o tanto que cada uma ganhava por episódio, seria de se imaginar que elas poderiam estar presentes durante a cena inteira, né? Bom, mas o fato é que eu fui correndo no Netflix conferir e achei o máximo ver que é verdade mesmo e eu nunca tinha notado. E, como a grande alegria deste blog é o fato de que eu posso colocar aqui todas as bobagens que eu quiser, capturei um screenshot das telas pra provar. Quem ainda tiver dúvida, pode clicar nas imagens para ampliar.

Temporada 8, episódio 5: "The One with Rachel's Date"

Durante a cena de Phoebe e Monica no Central Perk, a câmera se aproxima da Lisa Kudrow, mas ainda dá para ver quando a Courteney Cox é substituída por uma dublê com penteado completamente diferente do dela.

Lisa Kudrow e Courteney Cox
Lisa Kudrow e dublê da Courteney Cox

Temporada 9, episódio 15: "The One With The Mugging"

Durante a cena de Joey, Rachel e Monica no apartamento de Monica e Chandler, o Joey está falando com a Rachel. Quando ele se vira para a Mônica (que a câmera não está mostrando nessa hora, mas está sentada à mesa), a Jennifer Aniston foi substituída por uma dublê que tem cabelo escuro e estava usando uma camisa completamente diferente da dela.

Matt LeBlanc e Jennifer Aniston
Matt LeBlanc e pessoa que só tem em comum com a Jennifer Aniston o branco dos olhos

I'll be there for you.
(Or, if I can't be bothered to be, my body double will. Whatever.)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Pony, Brian, Poppy e Jess

Depois daquele primeiro capítulo de "A Sociedade Cinderela" em que não aconteceu praticamente nada, fiquei me perguntando se eu estaria sendo injusta e pegando pesado demais com o livro só porque ele é ruim pra caramba não gostei dele. Assim, peguei aleatoriamente outros livros na minha estante para ver se o primeiro capítulo tinha mais substância. Eis os resultados:

Título: Vidas Sem Rumo
Autor: Susan E. Hinton
No primeiro capítulo: O protagonista e narrador Pony apresenta a si mesmo, a seus irmãos mais velhos Soda e Darry e ao resto da turma da qual ele, com 14 anos, é o membro mais novo. Além de apresentar os principais traços da aparência e da personalidade de cada um dos membros da turma, Pony define a sua estrutura familiar (pai e mãe mortos em um acidente de carro, deixando Darry, com 20 anos, responsável pelos irmãos mais novos) e a sua situação social como greasers (moradores do lado Leste, a parte pobre da cidade), em eterna luta contra os socs (moradores do lado Oeste, a parte rica). Pony sai do cinema e está quase chegando em casa quando é atacado por quatro socs, que lhe dão uma surra até que os irmãos mais velhos e os amigos chegam para salvá-lo. Depois que os agressores são postos para correr e a poeira assenta, Darry dá uma bronca em Pony por estar andando sozinho pela rua e Soda interfere em sua defesa. Enquanto os garotos fazem planos para a noite seguinte, um deles comenta que terminou com a namorada, o que leva Pony a refletir sobre as diferenças entre as garotas com as quais greasers e socs andam.
"Quando saí do escuro do cinema para a claridade da rua, só tinha duas coisas na cabeça: Paul Newman e descolar uma carona para casa. Estava querendo ser parecido com o Paul Newman — ele tem um ar durão e eu, não —, mas acho até que não sou feio. Meu cabelo é castanho claro, quase ruivo, os olhos são cinza-esverdeados. Eu queria que fossem mais cinzentos, porque detesto quase todos os caras de olhos verdes que conheço, mas não tenho outra saída senão me contentar com o que tenho. Meu cabelo é mais comprido do que o de um monte de caras, com corte reto atrás e comprido na frente e dos lados, mas sou greaser e quase ninguém no bairro dá bola pra essa história de cortar o cabelo. E, na verdade, fico muito melhor de cabelo comprido.
Foi uma longa caminhada até em casa, além do mais, sem companhia, mas em geral vou sozinho mesmo, sem nenhuma razão especial; é que gosto de assistir filmes sossegado, assim posso entrar neles e vivê-los com os atores. Quando vejo um filme com alguém acho meio chato, assim como quando uma pessoa lê o livro da gente por cima do nosso ombro. Nisso sou diferente. Quer dizer, meu irmão Soda, que vem depois do mais velho e tem 16 para 17 anos, nunca curte livro nenhum; e meu irmão mais velho, Darrel, que a gente chama de Darry, passa o tempo todo trampando, um trampo puxado, nunca se liga em histórias nem em fazer um desenho, por isso é que não sou como eles. E ninguém da nossa roda se amarra em cinema e nem em livros como eu. Teve um tempo em que eu me achava a única pessoa no mundo que curtia isso. Por isso fazia esses lances sozinho. Soda pelo menos tenta entender, coisa que Darry não faz. Mas Soda é diferente de todo mundo; ele entende praticamente tudo. Por exemplo, ele não vive me enchendo como Darry nem me trata como se eu tivesse seis anos em vez de 14. Jamais gostei tanto de uma pessoa no mundo como gosto de Soda, nem mesmo da mamãe e do papai. Ele está sempre numa boa, rindo, e Darry é duro, firme, é difícil fazê-lo rir. Mas é que Darry já passou por muitos lances em seus 20 anos de idade, cresceu muito depressa. Sodapop não vai crescer nunca. Sei lá o que é melhor. Um dia desses eu descubro."

Autor: Sophie Kinsella
No primeiro capítulo: A protagonista e narradora Poppy está revirando todo o salão de festas do hotel em busca do seu anel de noivado, perdido quando ela tirou o anel do dedo para mostrar para as amigas minutos antes de o alarme de incêndio tocar e o salão ser evacuado às pressas. Na confusão, uma amiga achou que o anel estivesse com a outra e quando, já do lado de fora, Poppy pediu o anel de volta, nenhuma delas estava com ele. Ela recebe uma mensagem de texto no celular, mas a recepção dentro do hotel está ruim e ela vai para a rua tentar conseguir um sinal melhor; nesse momento, seu celular é roubado, complicando ainda mais sua vida. Depois de ter pedido a todos os funcionários do hotel que avisem se o anel for encontrado, Poppy agora precisa de outro número de telefone de contato para substituir o celular perdido. Ela não quer dar o telefone de casa, para não correr o risco de que o seu noivo atenda e descubra que ela perdeu o anel que está na família dele há três gerações, e no seu trabalho ninguém vai atender o telefone fora do horário comercial. Quando ela não sabe mais o que fazer, seu olhar bate em uma lixeira no saguão do hotel e ela nota que alguém jogou um celular lá dentro.
"Foco. Preciso de foco. Não é um terremoto, nem ataque de um atirador enlouquecido, nem um acidente nuclear, é? Na escala de desastres, não é um dos maiores. Não é dos maiores. Um dia espero que eu me lembre deste momento, ria e pense: 'Ha, ha, como fui boba em me preocupar...' 
Para, Poppy. Nem tenta. Não estou rindo. Na verdade, estou passando mal. Ando às cegas pelo salão do hotel, com o coração disparado, procurando sem sucesso no tapete estampado azul, atrás de cadeiras douradas, debaixo de guardanapos de papel usados, em lugares onde ele nem poderia estar."

Autor: Robert Kirkman e Jay Bonansinga
No primeiro capítulo: O protagonista Brian está escondido dentro de um armário com a sobrinha de 7 anos enquanto, do lado de fora, seu irmão mais novo Philip e dois amigos dele estão acabando com os zumbis que um dia foram a família de seis pessoas que morava na casa em que eles entraram para se esconder. Enquanto Philip, Bobby e Nick dão cabo dos zumbis, Brian cobre os ouvidos da sobrinha com as mãos para que ela não tenha que escutar o barulho dos golpes e das cabeças sendo rachadas, e o narrador descreve os quatro personagens, a forma como o apocalipse zumbi afetou cada um e a dinâmica do grupo, do qual Philip é o líder. Quando eles finalmente terminam, Brian sai com a menina de dentro do armário e começa a ajudar os outros a fazer a limpeza do local, que eles pretendem usar como abrigo temporário. Enquanto trabalham, ele reflete sobre a situação atual e a progressão dos eventos que os levaram até ali. Enquanto os outros estão no quintal colocando para fora os corpos dos zumbis eliminados, Brian encontra uma fotografia no andar de cima e chama todos para dentro de casa para mostrar-lhes a fotografia, onde se vê que a família que morava naquela casa era composta não só dos seis membros que eles acabam de eliminar, mas de sete.
"Um pensamento passa pela cabeça de Brian Blake enquanto ele se encolhe na escuridão bolorenta, o terror sufocando o peito e a dor latejante nos joelhos: se ele tivesse um segundo par de mãos, poderia pelo menos cobrir os próprios ouvidos e talvez bloquear o som das cabeças humanas sendo partidas. Infelizmente, as únicas mãos que Brian possui estão ocupadas no momento, cobrindo os ouvidos de uma menininha ao seu lado no armário.
Ela tem 7 anos e está tremendo nos braços dele, se encolhendo a cada vez que ouve os sons intermitentes de PÉIM-GAHHH-TUM do lado de fora. Então vem o silêncio, interrompido apenas pelo som grudento de botas sobre o chão de cerâmica ensanguentado e uma enxurrada de sussurros raivosos no vestíbulo."

Autor: Kay Cassidy
No primeiro capítulo: A protagonista e narradora Jess termina e entrega sua prova de álgebra e vai para o seu armário recolher suas coisas antes das férias de verão. Ela é humilhada por Lexy, que tem raiva dela porque considera que Jess roubou sua vaga na equipe de líderes de torcida, e em seguida morre de vergonha quando mete os pés pelas mãos bem na frente de Ryan, de quem ela gosta mas que mal sabe que ela existe. Depois de pegar suas coisas no armário, Jess sai do prédio da escola e morre de vergonha quando mete os pés pelas mãos bem na frente de Ryan, e em seguida é humilhada por Lexy. Sua colega Heather tenta oferecer sua solidariedade, mas Jess a dispensa. Quando Heather também é perseguida por Lexy e Jess tenta ajudar, é a vez de Heather dispensar a sua solidariedade. Em uma reviravolta inesperada, Jess é humilhada por Lexy e em seguida morre de vergonha quando percebe que meteu os pés pelas mãos bem na frente de Ryan. E Jess recebe um convite misterioso e um broche.
"Todos em volta estavam ou escrevendo furiosamente para terminar a prova final de álgebra, sussurrando até que o Sr. Norman lhes lançasse um olhar irritado ou trocando mensagens de texto em celulares discretamente enfiados nos bolsos das calças e nas bolsas Prada. E quanto a mim? Meu maior esforço era para parecer invisível. Rezando para acabar aquele ano detestável sem atrair mais atenção negativa na Mt. Sterling High por ser a 'garota nova'. 
Finalmente, o último sinal tocou, e o restante da turma correu para a porta buscando ansiosamente um verão de liberdade. Em apenas dois segundos, só sobramos eu e o Sr. Norman recolhendo nossas coisas."

Play, por gentileza.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Uma Dessas Coisas Não É Como as Outras #2

Porque eu gostei muito de jogar "Uma Dessas Coisas Não É Como as Outras", peguei mais quatro palavras no site e comecei uma nova rodada.

As palavras desta vez são:
  • factory (fábrica)
  • train (trem)
  • fountain (chafariz)
  • gate (portão)

Padrão: Todas são palavras do gênero masculino.
Uma dessas coisas não é como as outras: fábrica

Padrão: Todas são coisas construídas para ficar a vida inteira no mesmo lugar.
Uma dessas coisas não é como as outras: trem

Padrão: É possível colocar coisas dentro de todas elas.
Uma dessas coisas não é como as outras: portão

Padrão: Todas podem ser trancadas.
Uma dessas coisas não é como as outras: chafariz

domingo, 8 de novembro de 2015

Jess Contra o Armário do Mal

Continuando o post do mês passado sobre o livro "A Sociedade Cinderela", tínhamos deixado a Protagonista Jess procurando por um buraco no chão onde ela pudesse se jogar e desaparecer depois de pagar mico na frente do seu Interesse Romântico Inatingível Ryan.

Depois que Ryan vai embora, Jess finalmente consegue chegar ao seu armário, para onde ela estava indo originalmente. E a porta do armário emperra. Mas emperra mesmo. Emperra tão bem emperrada que Jess demora cinco parágrafos para conseguir abri-la. E aí, lá pelo terceiro parágrafo da Jess tentando, sem sucesso, abrir o armário, já se criou aquela expectativa, né? Será que alguém colocou um bicho morto lá dentro e ela vai levar o maior susto quando finalmente conseguir abrir? Será que ela está tentando abrir o armário errado e vai pagar o segundo mico do dia quando o verdadeiro dono desse armário chegar perguntando o que diabos ela pensa que está fazendo? Será que ela vai desistir e ir pra casa sem pegar as coisas que estão no armário e vai passar um aperto mais tarde pela falta de alguma dessas coisas? Será que alguma alma caridosa vai se aproximar para ajudá-la a abrir o armário? Não, não, não e não. Depois de cinco parágrafos puxando, sacudindo, bufando e chutando o armário, Jess finalmente consegue abri-lo, pega tudo o que está dentro dele e joga dentro da bolsa e vai pra casa. Fim da cena do armário.

Tcharam!
© Andreypopov | Dreamstime.com - Open Lockers In The Room Photo

Ao sair da escola, Jess percebe que seu ônibus está prestes a sair e decide ir andando para casa ao invés de se arriscar a mais uma pagação de mico correndo pela rua para tentar alcançar o ônibus. E decide também voltar para dentro do colégio para comprar um refrigerante antes de ir pra casa; só que, ao dar meia-volta para entrar no colégio de novo, ela dá um encontrão em Ryan, que ainda estava zanzando por lá por algum motivo. E é basicamente a primeira cena dela com Ryan de novo, só que com um mico diferente desta vez. O perfume dele, sua voz sexy, borboletas no estômago, ah-meu-Deus-que-vergonha-ele-deve-me-achar-uma-idiota... Tá bom, Jess, a gente já entendeu. Próxima cena, por favor.

Depois que Ryan vai embora com "sua loura oxigenada sexy da semana" (também conhecida como Pessoa Totalmente Errada Para o Interesse Romântico Inatingível da Protagonista Mas Ele Ainda Não Percebeu), chegam Lexy e sua gangue de Garotas Populares Malvadas para também fazerem uma variação da sua primeira cena: após empurrar Jess, fazendo com que sua bolsa caia no chão, elas passam pisando e chutando seus pertences espalhados pela calçada.

Finalmente, depois que Lexy e sua gangue também vão embora, temos a primeira cena original de hoje (não, a cena do armário não conta!). Enquanto Jess está recolhendo suas coisas, outra aluna se aproxima e começa a ajudá-la. Heather, que, segundo Jess, é a única colega que a trata com cortesia, recolhe alguns objetos do chão, dá um sorriso tímido e puxa assunto; Jess, grata por aquele gesto simpático, retribui o sorriso e... Não. O que acontece é que Jess não quer ser vista na companhia de alguém que é, como ela, uma "leprosa social". Ela não explica o que há de tão terrivelmente errado com Heather, mas, em suas próprias palavras, "uma vez que você resolve ser simpático, se junta a eles e se torna um deles". Assim, ela rapidamente recebe os objetos que Heather catou no chão para ela e agradece sem dar muito assunto nem fazer contato visual. Uau, como é possível que uma pessoa tão simpática como a Jess não tenha nenhum amigo?

Heather, constrangida, se despede educadamente, desejando um ótimo verão para Jess, mas não vai muito longe antes que Lexy e sua gangue a cerquem. Gente, esse povo não vai embora pra casa, não? Daqui a pouco é o Ryan que volta também pra Jess poder passar mais vergonha.

Lexy está ameaçando Heather com alguma coisa não especificada (que, segundo ela, vai dar o que falar por muito tempo) caso esta não concorde com alguma outra coisa também não especificada e dizendo que Heather tem até segunda para decidir. E é nessa hora que Jess, que, como eu, não faz a menor ideia do que elas estão falando, resolve dar uma de amiga solidária e se meter na conversa dizendo que ela e Heather "[estão] nisso juntas". Porque, afinal de contas, se uma pessoa te ajuda a recolher suas coisas que caíram no chão isso é uma clara indicação de que ela não vai se importar de te contar o motivo de estar sendo chantageada e deixar você participar da negociação com o chantagista.

"Obrigada por me ajudar a instalar o anti-vírus! Agora, me dê a sua senha para eu te agradecer respondendo alguns dos seus e-mails por você."
© Wavebreakmediamicro | Dreamstime.com - A Beautiful Business Team Using A Computer Photo

Diga-se a favor da Jess que ela pelo menos tem senso crítico suficiente para reconhecer que estava "impondo [sua] maneira de resolver as coisas como se [Heather] não tivesse escolha". E, quando Heather dispensa a sua ajuda e aproveita para cair fora dali assim que Lexy lhe dá uma chance, Jess até considera que talvez não deva culpá-la por isso. Talvez. Que generoso da sua parte, Jess.

Quando finalmente Lexy vai embora depois de mais alguns insultos, Jess vê... aha, não falei que o Ryan ainda voltava? Ele e a sua Pessoa Totalmente Errada passam por Jess e ela percebe, pela cara dele, que ele assistiu à sua mais recente humilhação. Meu Deus do céu, povo, vai embora de uma vez, senão essa cena não acaba! Se a Lexy voltar pra atormentar mais alguém, eu vou gritar.

Finalmente todos vão embora, Jess abre a bolsa para pegar o dinheiro para aquele refrigerante que ela queria tomar há umas três humilhações atrás e encontra um envelope que ela tinha jogado lá dentro sem perceber junto com o resto do conteúdo do seu armário. Vou pular as décadas que ela gasta decidindo se vai ou não abrir o envelope e pular direto para a parte em que ela encontra lá dentro um broche prateado em forma de sapato de salto alto e um convite para comparecer a um tal de Moinho às 19h daquele mesmo dia, usando o broche.

E assim o capitulo termina, depois de ter gastado 6% do livro repetindo ad nauseam que:
  • Jess é a garota nova e sem amigos
  • Heather é gentil, mas não conta porque também é uma pária.
  • Lexy é a Garota Popular Malvada.
  • Ryan é o Interesse Romântico Inatingível de Jess, e está com uma Pessoa Totalmente Errada.
  • Jess recebeu um convite misterioso.

Pelo menos o capítulo terminou sem a Lexy voltar e eu não precisei gritar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Mímico e a Cerveja

Hoje experimentei outro jogo proposto pelo site Creativity Games. O nome do jogo é Relationship (Relacionamento) e as regras são simples: dadas duas palavras aleatórias, deve-se criar o maior número possível de relacionamentos entre as duas.

Recebi como desafio as palavras beer (cerveja) e mime (mímico), e até agora consegui elaborar os seguintes relacionamentos:
  • Um mímico pode beber cerveja.
  • Tanto o trabalho de mímico quanto o consumo excessivo de cerveja afetam a fala: o mímico não pode falar e o bêbado fala com voz engrolada.
  • Mímico é uma palavra de três sílabas e cerveja também.
  • É possível contratar um mímico para se apresentar em festas. Em festas é comum servir-se cerveja.

Ufa! Foi o que deu pra fazer, mas, convenhamos, não foi uma dupla muito fácil, essa, né?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

The Life of a Mary Sue

Escrevi no sábado um post sobre "A Sociedade Cinderela", um livro cuja sinopse poderia tê-lo levado a ser bom ou ruim e ousadamente optou por uma terceira e inovadora alternativa: ser tão ruim que me levou a vir para o blog falar mal dele.

Em retrospecto, se eu tivesse pesquisado um pouco sobre a autora antes de comprar o livro, saberia que ela afirma escrever estórias que gostaria que fossem baseadas na sua própria vida. Levando-se em conta que as estórias em questão se passam no segundo grau, uma afirmação dessas imediatamente dispara um alerta Mary Sue no meu cérebro. Para quem não está com o inglês em dia ou ficou com preguiça de ler o artigo (uma pena, porque TV Tropes é um site ótimo), Mary Sue é um nome genérico usado para designar um personagem (normalmente uma adolescente ou jovem na casa dos 20 anos) que é basicamente um avatar da autora, a qual está menos preocupada em entreter os leitores e mais em colocar no papel suas próprias fantasias. Fantasias essas que geralmente incluem "todos os garotos se apaixonam por mim". Escrever estórias sobre Mary Sues é comum e até apropriado quando se é adolescente. Geralmente, sob forma de fanfiction, essas estórias são basicamente uma verbalização do sonhar acordado que é parte inerente do processo mental do adolescente. Quem nunca sonhou em ser um personagem do seu seriado, livro ou filme preferido? E, como claro que ninguém sonha em ser figurante no seu próprio filme, esses sonhos geralmente incluem ser o novo e recém-descoberto talento da equipe, a garota nova por quem o galã se apaixona, aquela pessoa incrível, fantástica e extraordinária que é tudo o que você sonha ser, mas não pode porque "eu sou muito alto(a), muito baixo(a), muito gordo(a), muito magro(a), meu cabelo é horrível, minha mãe não me deixa fazer nada e ninguém nunca vai gostar de mim". Existe uma versão masculina da Mary Sue conhecida como Gary Stu (ou Marty Stu) que é menos conhecida porque os meninos geralmente escrevem menos fanfiction que as meninas (se eles fantasiam menos ou não, só fazendo uma enquete pra saber).

Enfim, a Mary Sue como parte de uma fantasia é super normal, colocada no papel como um exercício de imaginação e treino para escritos com mais conteúdo no futuro é saudável também, compartilhada com as amigas é divertido e também não faz mal a ninguém. Quando essas fantasias são colocadas na Internet para um bando de desconhecidos ler, desconhecidos esses que não te conhecem e não estão nem aí para os seus sonhos e paixonites adolescentes, a coisa já fica mais complicada. As pessoas leem a sua estória esperando ser entretidas e Mary Sues não entretêm ninguém além da autora e de outras pessoas que têm aquela mesma fantasia e, portanto, conseguem se colocar no lugar da Mary Sue e ler a estória como se fosse a sua própria.

Até os defeitos da Mary Sue são milimetricamente calculados para contarem a seu favor. Se ela é marrenta, é porque teve uma história de vida difícil, mas isso não a quebrou, só a deixou mais forte. Se ela é desajeitada (atualmente está na moda escrever sobre mulheres desajeitadas: vide Bella Steele / Anastasia Swan), o galã acha isso adorável e está sempre resgatando-a. Se é insegura, é porque pessoas malvadas estão sempre sabotando-a e colocando-a pra baixo, mas ela logo descobrirá o seu valor (geralmente com a ajuda de uma fada-madrinha amiga e/ou do príncipe encantado homem que enxerga além das suas inseguranças e percebe a mulher incrível que ela é). E aí todo mundo que duvidou dela um dia vai ver só! Ha!

E, se publicar sua estorinha de Mary Sue na Internet pro mundo inteiro ver já é ruim, publicar seu livro de Mary Sue é pior, muito pior. Porque as pessoas vão gastar o suado dinheirinho delas para comprar o seu livro antes de descobrir do que se trata. Porque a editora quer mais é que muita gente compre o livro, por isso vai fazer uma campanha de marketing para divulgá-lo. E aí mais gente inocente vai ler. Porque, se muitas aspirantes a Mary Sue lerem o seu livro, e fizerem bastante estardalhaço, ele pode até virar um filme e aí nunca mais a gente vai parar de ouvir falar de uma bobagem que era para ter ficado só entre você e as suas melhores amigas. E, finalmente, porque toda adolescente é cabeça de vento assim mesmo e isso não é vergonha nenhuma, mas a adolescência termina aos 19 anos e você já está meio grandinha pra isso, né, amiga? Vai sonhar com uma vida de verdade, com pessoas de verdade e deixa as fantasias adolescentes para a próxima geração.

Bom, este post era para ser sobre o livro, mas acabou sendo sobre a anatomia da Mary Sue. Então, vou encerrá-lo com a melodia imortal de "The Life of a Mary Sue", cantada pela muito talentosa Skittle Sama.

domingo, 25 de outubro de 2015

Uma Dessas Coisas Não É Como as Outras

Já falei neste blog de um site chamado Creativity Games, ao qual eu recorro às vezes para usar o gerador de palavras aleatório deles para criar desafios para mim mesma. Hoje eu resolvi fazer um outro exercício proposto por eles, chamado Odd One Out (numa tradução bem livre, seria "Uma Dessas Coisas Não É Como as Outras"). O desafio é, dadas quatro palavras aleatórias, encontrar aquela que está fora do padrão (qualquer padrão que você invente, desde que somente uma esteja fora do padrão). E depois repetir o exercício o maior número de vezes possível.

Meu primeiro desafio é com as seguintes palavras:
  • cupboard (guarda-louça)
  • tower (torre)
  • monster (monstro)
  • benefit (benefício)

Obs. Como uma palavra em inglês pode ter vários significados em português, escolhi um significado e me ative a ele.

Padrão: Todas são substantivos concretos.
Uma dessas coisas não é como as outras: benefício

Padrão: Todas são substantivos simples.
Uma dessas coisas não é como as outras: guarda-louça

Padrão: Todas existem no mundo real.
Uma dessas coisas não é como as outras: monstro

Padrão: Nenhuma delas tem a letra I.
Uma dessas coisas não é como as outras: benefício
(eu poderia fazer isso com várias outras letras, claro, mas, depois da primeira, perde a graça)

Padrão: Nenhuma delas é um ser vivo.
Uma dessas coisas não é como as outras: monstro

Editado em 27/10/2015 para incluir:

Padrão: Todas são palavras do gênero masculino. 
Uma dessas coisas não é como as outras: torre

Editado em 28/10/2015 para incluir:

Padrão: Todas têm um adjetivo que deriva delas. 
Uma dessas coisas não é como as outras: guarda-louça
(benéfico, monstruoso e, sim, torreante é uma palavra que existe de verdade)

Editado em 09/11/2015 para incluir:

Padrão: Todas são palavras com um número ímpar de caracteres.
Uma dessas coisas não é como as outras: guarda-louça

Ainda volto neste post nem que seja só para encontrar uma regra para excluir a palavra "torre", mas, por enquanto, é só. 

sábado, 24 de outubro de 2015

A Sociedade Cinderela

Há algum tempo, garimpando a seção de promoções de e-books da Amazon, me deparei com "A Sociedade Cinderela", de Kay Cassidy.

"Aos 16 dezesseis anos, Jess Parker se acostumou a ser invisível. Depois de mudar de escola várias vezes por conta do trabalho do pai, ela se conformou com o status de eterna garota nova. Mas agora Jess tem a chance de uma vida: um convite para participar da Sociedade Cinderela, um clube secreto das garotas mais populares da escola, onde makeovers fazem parte do pacote. Mas há mais a (sic) ser uma Cindy que apenas reinventar o visual. E Jess está prestes a descobrir."

Sempre fico com um pé atrás ao me deparar com livros cujos protagonistas são adolescentes, mas já li livros bastante bons como Os MentirososPor Isso a Gente Acabou e A Lista Negra, que mostram que é possível escrever de forma inteligente do ponto de vista de um adolescente. Assim, como eu estava procurando alguma coisa leve para ler e esse estava bem baratinho (R$ 4,50), resolvi arriscar.

"SE DEU MAL!"
© Oneblink | Dreamstime.com - Friends Laughing
Pois é.

"A Sociedade Cinderela" é... Não. Talvez seja mais fácil explicar o que o livro não é. Lendo a sinopse, eu imaginei que o tal "a mais" que há em ser uma Cindy seria alguma coisa mais sinistra, como um culto ou algum tipo de atividade criminosa. Achei que podia ser um suspense psicológico, com a garota nova primeiro dividida entre a vontade de se enturmar e a sensação de que o tal clube não era tão bom quanto ela pensava, e depois ficando cada vez mais enrolada à medida que ia se envolvendo mais, com medo das represálias caso saísse do clube. Bom, não é. As Cindies são do bem e a Sociedade Cinderela visa formar líderes para tornar o mundo um lugar melhor. Já ficou bem menos interessante, mas eu já tinha comprado o livro mesmo, então resolvi continuar lendo. O problema é que eu já li um terço do livro e até agora, tudo que as tais Cindies fizeram para formar líderes e tornar o mundo um lugar melhor foi fazer compras, ir ao salão de beleza e dar festas.

"Que cor vai ser, amiga? Vermelho-Acaba-Com-a-Fome-no-Mundo ou Rosa-Paz-no-Oriente-Médio?"
Vadimgozhda | Dreamstime.com - Manicure

Eu podia parar de ler o livro, é verdade. Mas, puxa vida, eu paguei por ele! Ele me deve alguma diversão. E, já que essa diversão claramente não virá da leitura do livro, eu mesma terei que providenciá-la, aqui mesmo neste blog. Só não garanto que eu vá ter paciência de ir até o fim do livro como os heroicos donos do blog "Bad Books, Good Times", nos quais me inspirei e aos quais serei sempre grata por terem lido e comentado "Cinquenta Tons de Cinza" por mim para eu poder falar mal do livro sem ter precisado ler nenhuma página dele. Não garanto, mas vou tentar.

Assim, depois dessa introdução épica, vamos ao primeiro capítulo. Se, ao fim da leitura, alguém estiver pensando, "ah, não é tão ruim assim, só mais um exemplar bobinho de literatura YA", saiba que eu também passei por essa fase: aproveite, porque ela não dura muito.

O livro começa com a Protagonista Jess terminando uma prova de álgebra. O que, me ocorre agora, é meio esquisito, já que é o último dia de aula. Que escola aplica uma prova no último tempo do último dia de aula do ano letivo? Na faculdade, sim, isso é normal, mas eu não me lembro disso no segundo grau. Por sinal, ainda se chama segundo grau? Científico? Ensino médio? Sei lá, foi há muito tempo e o Ministério da Educação fica mudando esses nomes com o intuito específico, eu sei, de me confundir e fazer com que os meus sobrinhos riam quando eu falo o nome errado.

Mas eu divago. Enfim, o sinal toca, Jess termina a prova e é a última a sair da sala, sozinha porque ela foi transferida no meio do semestre e não tem amigos nessa escola. E, apesar da sua afirmação dramática de que tudo o que quer é "acabar aquele ano detestável sem atrair mais atenção negativa dos meus colegas na Mt. Sterling High por ser a 'garota nova'", nesse ponto o livro ainda conta com a minha boa vontade, já que eu também já tive 16 anos um dia e me lembro bem do drama.

O professor elogia Jess pelo seu desempenho no semestre e ela agradece e sai para o corredor, onde reina aquele típico rebuliço de último dia de aula. Antes que ela possa chegar ao seu armário, é interceptada por Lexy, a Garota Popular Malvada que odeia Jess porque ela conquistou uma vaga na equipe de líderes de torcida quando a própria Lexy não conseguiu. Lexy e sua turma param para provocar Jess e Lexy aproveita para revelar que, oooooh! foi ela que espalhou na escola o boato de que Jess queria mesmo é ser líder de torcida na escola rival porque acha a equipe da Mt. Sterling High uma droga.

"Oooooooooh!"
© Creatista | Dreamstime.com - Screaming Man In Drag Photo

A ponteiro da boa vontade já estava se aproximando perigosamente da área vermelha do mostrador a essa altura do campeonato, mas por enquanto eu ainda estava achando o livro só bobinho e inofensivo. Neste momento entra em cena Ryan, o Interesse Romântico Inatingível da Protagonista: alto, musculoso, com cabelo perfeito (não entendo a tara que esse povo que escreve fanfiction romance YA tem com cabelo de homem) e o maxilar bem-definido de Jack Gyllenhaal (quem?), tem bom coração e... é irmão da Garota Popular Malvada!

"Oooooooooh, de novo!"
© Creatista | Dreamstime.com - Screaming Man In Drag Photo

Jess observa Ryan passando por ela no corredor e lamenta não ser alta e loura ao invés de ter "1,60 m com carinha de menina, sardas e um esfregão castanho e sem brilho como cabelo". E, novamente, eu deixei passar porque também já tive 16 anos e também já passei pela fase do meu-cabelo-é-horrível-nunca-mais-vou-sair-de-casa, mas... o livro não está colaborando com todos esses personagenzinhos clichê.

Então, vejamos... Nos primeiros 2% do livro (o Kindle não tem páginas, mas marca o progresso da leitura), já tivemos a cena em que o professor elogia a Protagonista estudiosa que preferia ser popular, a cena em que a Garota Popular Malvada atormenta a Protagonista, a cena em que o Interesse Romântico Inatingível da Protagonista passa por ela sem notar seu olhar apaixonado, o que está faltando? Claro, a cena em que a Protagonista paga mico bem na frente do seu Interesse Romântico Inatingível. Chegando na porta, Ryan se vira e grita de longe "bom verão pra você", Jess pensa que ele está falando com ela e responde, e claro que ele estava falando com alguém que estava atrás dela. Quem nunca?

O capítulo ainda não acabou, mas este post já está bem comprido, então vou parar por aqui. Provavelmente ainda haverá outros posts porque, como eu previa, escrever sobre o livro está sendo mais interessante do que lê-lo.

Eu sou mesmo uma pessoa muito interessante.