sábado, 27 de maio de 2017

O Torreão

Na semana passada, terminei de ler O Torreão, da autora americana Jennifer Egan, diminuindo assim a minha pilha de 62 para 61 livros. No seu lugar, entrou como novo livro da vez A Caderneta Vermelha, do francês Antoine Laurain. Deste último por enquanto só vou dizer que, se O Torreão me lembrou Chuck Palahniuk e Kafka, A Caderneta Vermelha me lembra Marc Lévy, e isto não é um elogio.

A respeito d'O Torreão, é um livro interessante de uma autora interessante. O meu primeiro contato com o trabalho da Jennifer Egan foi o conto Caixa Preta, publicado no Twitter em postagens diárias pela Editora Intrínseca e posteriormente como livro digital. O formato do livro foi escolhido especificamente para se adaptar ao Twitter: uma série de parágrafos de não mais de 140 caracteres. Essa ideia meio excêntrica funcionou surpreendentemente bem, e a estória me prendeu do início ao fim. Em função do formato escolhido, a narrativa desse conto de espionagem flui de forma ágil e acelerada, saltando rapidamente de um ponto para o seguinte sem perder o ritmo até o fim.

Já O Torreão é uma narrativa um pouco mais tradicional, mas ainda assim com algumas reviravoltas interessantes, tal como a descoberta, lá pela metade do livro, de que existe uma estória dentro da estória e que não estamos lendo a estória de Danny e sua visita ao castelo e sim a estória de Ray contando a estória de Danny. A alternância entre os dois pontos de vista (de Danny e de Ray) não atrapalha o fluxo da estória e a nova mudança de ponto de vista já no finzinho do livro de Ray para Holly também acontece com tanta naturalidade que não causa incômodo o fato de aquela personagem até então secundária de repente estar dando um passo à frente e ocupando o centro das atenções. Quando eu percebi, Holly já tinha virado protagonista e estava tudo bem. O único alerta que eu faço é para quem não gosta de finais abertos, porque este livro tem um assim. Eu, particularmente, gosto deles quando funcionam e o d'O Torreão funcionou.

Tudo isso me deixou ansiosa para ler A Visita Cruel do Tempo, livro que já está na minha pilha e que rendeu à autora o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2011. Talvez eu passe este livro para o alto da pilha antes do outros, talvez não. Mais provavelmente não: cada vez mais estou achando que os livros da Jennifer Egan são melhor desfrutados separadamente, com um livro de outro autor no meio para limpar o paladar, como um gole d´água entre duas taças de vinhos diferentes.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Pilha Aumenta

Há muito tempo atrás, eu conheci um site chamado "A Pilha Aumenta" que ou não existe mais ou tinha outro nome e eu é que estou lembrando errado, porque não o encontrei hoje para colocar o link aqui.

De qualquer modo, isso não vem ao caso. A questão é que o nome do site (e título deste artigo) se refere à pilha (literal ou figurada) de livros que todo amante da leitura tem, seja de livros já comprados, somente desejados ou estabelecidos como meta, e que ainda não foram lidos. E ao fato de que essa pilha parece que está sempre aumentando: por mais que devoremos um livro atrás do outro, com avidez e deslumbramento, os livros continuam sendo escritos e se tornando objeto de desejo em um ritmo ainda mais acelerado. Dá um pouco de agonia pensar que uma vida não é suficiente para ler tudo, mas dá também uma imensa satisfação saber que eu nunca vou ficar sem ter o que ler.

Com o advento do livro digital, a pilha ficou mais fácil de administrar, já que não requer mais um espaço de armazenamento físico. Ficou também bem mais barato comprar livros e a combinação das duas coisas gerou um novo problema: ao contrário da pilha física de livros, que indica muito claramente ao leitor mais, digamos, entusiasmado que ele já tem livros demais para ler e deveria dar um tempo antes de comprar mais, a pilha virtual quase não chama atenção. E foi assim que eu me descobri esta semana com uma pilha de livros para ler de nada menos do que 62 livros de altura.

Esta pilha tem menos que 62 livros. Pois é.
-- Image courtesy of Tomas Adomaitis @ Stockvault --

Foi por isso que eu fiz uma resolução não de parar de comprar livros, porque isso seria loucura, mas de diminuir o ritmo, só comprando um livro depois de ler pelo menos dois livros da pilha, até que esta diminua até um tamanho mais civilizado. Digamos assim, um tamanho que, caso ela fosse uma pilha física de livros sobre a mesa de cabeceira, não representasse uma ameaça à integridade física de quem estivesse dormindo na cama ao lado dela.

Apresento hoje, então, a minha Pilha de Livros, não necessariamente na ordem em que vão ser lidos porque essas coisas dependem de vários fatores, o principal deles sendo o meu estado de espírito no momento.

  • O Torreão (Jennifer Egan)
Este é um dos livros que eu estou lendo no momento. E digo "um dos" porque outra vantagem do Kindle é que eu posso ter sempre mais de um livro comigo, para diferentes estados de espírito ao longo do dia. O Torreão é meio que o "livro principal" no momento. Tem um quê de Chuck Palahniuk, mas sem o excesso de detalhes chocantes que começou a me incomodar nos últimos livros do Chuck Palahniuk que eu li. Também tem algo nele que me lembra bastante O Castelo de Kafka, e não apenas porque a maior parte da estória é ambientada em um castelo que está sendo reformado para se tornar um hotel, mas principalmente pela sensação de incerteza e desconforto experimentada pelo protagonista, chamado ao castelo para prestar um serviço cuja natureza nunca fica claramente definida, tentando sem sucesso obter respostas diretas e sempre com a sensação de que algo está fora do lugar e que as coisas não são o que parecem.
  • O Rei de Amarelo (Richard W. Chambers)
Fico indo e voltando para este livro: atualmente, só falta um conto para eu ler. Não estou exatamente empolgada com o livro: minha motivação maior para lê-lo são as várias referências cruzadas entre ele e outros livros e jogos pelos quais eu me interesso.
  • A Imperatriz de Ferro (Juan Chang)
O terceiro livro "da vez". Esse é um livro mais pesado, porque é uma biografia: não consigo ter um livro desses como único livro da vez. No momento, dei uma parada nele porque de repente percebi que tinha me perdido na cronologia: preciso me sentar com papel e lápis (ou com o notebook aberto) e fazer algumas anotações antes de retomar a leitura.
  • A Caderneta Vermelha (Antoine Laurain)
  • Tudo o que Nunca Contei (Celeste NG)
  • Os Irmãos Karamazov (Fiódor Dostoiéviski)
  • Contos (Edgar Allan Poe)
  • Deuses Americanos (Neil Gaiman)
  • Meu Primeiro Assassinato (Leena Lehtolainen)
  • A Visita Cruel do Tempo (Jennifer Egan)
  • O Acidente (T. L. Taylor)
  • O Livro de Memórias (Lara Avery)
  • A Majestade do Xingu (Moacyr Scliar)
  • D. Pedro: a História Não Contada (Paulo Rezzuti)
  • Quarenta Dias (Maria Valéria Rezende)
  • Armadilha (Melanie Raabe)
  • Jane Eyre (Charlotte Brönte)
  • A Evolução de Calpúrnia Kate (Jacuqeline Kelly)
  • Maze Runner (James Dashner)
  • O que Há de Estranho em Mim (Gayle Forman)
  • Welcome to Night Vale (Joseph Fink e Jeffrey Cranor)
  • A Maldição de Domarö (John Ajvide Lindqvist)
  • Todo Mundo Vê Formigas: Todo Mundo Tem Algo a Dizer (A. S. King)
  • As Vinhas da Ira (John Steinbeck)
  • A Casa Misteriosa (Charles Dickens)
  • Mary Poppins (P. L. Travers)
  • Uma Garota de Muita Sorte (Jessica Knolli)
  • O País dos Cegos e Outras Histórias (H. G. Wells)
  • Um Passado Sombrio (Peter Straub)
  • Além-mundos (Scott Westerfeld)
  • Cem Dias Entre o Céu e o Mar (Amyr Klink)
  • Wicked (George Maguire)
  • Na Escuridão Amanhã
  • Catarina, a Grande: Retrato de Uma Mulher (Robert K. Massie)
  • As Irmãs Romanov: A Vida das Filhas do Último Tsar (Helen Rappaport)
  • Dom Quixote de La Mancha (Miguel de Cervantes)
  • Nicolau e Alexandra: o Retrato Clássico da Queda da Dinastia Romanov (Robert K. Massie)
  • Onde os Velhos Não Têm Vez (Cormac McCarthy)
  • O Último Homem (Mary Shelley)
  • Fausto (Goethe)
  • Submissão (Michel Houellebecq)
  • Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently (Douglas Adams)
  • Eu Sou Malala (Malala Yousafzai)
  • Doze Anos de Escravidão (Solomon Northup)
  • Madame Bovary (Gustave Flaubert)
  • A Divina Comédia (Dante Aliguieri)
  • Guerra e Paz (Lev Tolstoi)
  • Ouro (Chris Cleave)
  • As Aventuras de Pinóquio (Carlo Collodi)
  • Os Miseráveis (Victor Hugo)
  • A Casa das Sete Mulheres (Letícia Wierzchowski)
  • A Noiva do Enforcado (Charles Dickens)
  • A Loja de Tudo (Brad Stone)
  • Hemlock Grove (Brian  Mcgreevy)
  • O Conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas)
  • O Arquipélago - vol. 1 (Érico Veríssimo)
  • O Arquipélago - vol. 2 (Érico Veríssimo)
  • O Arquipélago - vol. 3 (Érico Veríssimo)
  • O Jardim do Diabo (Luis Fernando Veríssimo)
  • Clara dos Anjos (Lima Barreto)
  • Indesejadas (Kristina Phisson)
  • Filme Noturno (Marisha Pessl)

Conforme eu for avançando nesta pilha, vou registrando o meu progresso.