quarta-feira, 29 de julho de 2015

Tumbling

Alguns dos blogs que eu sigo ficam no Tumblr: Texts From Superheroes é, como o nome indica, uma coleção de diálogos fictícios entre super heróis, sempre através de mensagens de texto, e Creepypasta tem algumas das melhores estórias de terror que eu já li.

Para poder usar o aplicativo do Tumblr no celular e seguir os blogs, criei uma conta no Tumblr. E essa conta, então, ficou parada lá por meses, já que eu só a acessava para ver o que havia de novo nos meus blogs preferidos. O problema é que me dava uma aflição ver aquela pobre conta largada lá, anunciando tristemente seus 0 posts... Só que eu já tenho este blog aqui, né? E mal dou conta de mantê-lo ativo: ter dois blogs só faria sentido se cada um tivesse um tema específico. E este blog aqui, já ficou claro a essa altura campeonato, tem um pouco de tudo: absolutamente qualquer coisa que passe pela minha cabeça vem parar aqui, e é assim mesmo que eu quero que ele seja.

Mas o tempo ia passando e cada vez que eu voltava no Tumblr a conta me olhava com ar de reprovação. Daí eu resolvi postar os meus desenhos lá. Meus desenhos não são grande coisa, ao contrário dos meus escritos, dos quais tenho até bastante orgulho. Mas, pelo menos, agora a conta não está mais vazia e eu não me sinto mal de olhar pra ela: ela já tem um blog (I Drew This) com meia dúzia de posts e já não tem aquele ar abandonado.

E, porque mesmo não tendo tanto orgulho dos meus desenhos quanto tenho dos meus escritos, não vou renegar nenhum dos meus "filhos" e gosto de ter tudo que é meu centralizado em um único ponto de acesso, coloquei o link aqui no blog. Sintam-se à vontade para não clicar no link e nem pensar mais no assunto: eu já estou feliz por ter colocado o link e por estar trazendo este blog de volta à ativa.

http://raqpsilva.tumblr.com/post/127950325123

terça-feira, 28 de julho de 2015

Músicas Para Correr (parte 2)

No ano passado, eu publiquei um post sobre as músicas que eu gosto de escutar enquanto corro. Fui atualizando aquele post conforme a minha lista de músicas ia mudando, mas hoje resolvi começar um post novo por causa de duas músicas novas que entraram na minha lista e são tão fora do padrão em relação às demais que merecem um comentário.

Aconteceu que, enquanto eu procurava músicas para incluir na minha lista, minha sobrinha de 11 anos me sugeriu algumas: foi assim que entraram para essa lista "Viva La Vida" (Coldplay) e "Pompeii" (Bastille), duas músicas que não têm exatamente uma mensagem tão positiva quanto as demais desta lista. E eu descobri, então, que são dois os tipos de música que me animam para correr: as músicas do tipo "vai dar tudo certo" e as músicas do tipo "ferrou tudo, então vamos celebrar a derrota mesmo, que é o que tem". Essas duas músicas se enquadram na segunda categoria.

Um comentário adicional é que, ao acrescentar a trilha sonora de "Os Croods" e "A Origem dos Guardiões" a uma lista que já tinha "Frozen" e "Meu Malvado Favorito", eu me torno oficialmente uma pessoa adulta que assiste muito desenho animado. Me julguem.

Assim, complementando o post de 23/07/2014, seguem mais músicas que eu escuto enquanto corro:

  • Pompeii (Bastille)
"And the walls kept tumbling down in the city that we love. Great clouds roll over the hills, bringing darkness from above."
  • Viva La Vida (Coldplay)
"I used to rule the world: seas would rise when I gave the word. Now in the morning, I sleep alone, sweep the streets I used to own."
  • Shine Your Way (Owl City & Yuna)
"Don't have to walk, now you can run. Nothing can stand in your way."
  • Shooting Star (Owl City)
"Fill the darkest night with a brilliant light, 'cause it's time for you to shine brighter than a shooting star, so shine no matter where you are tonight."
  • To the Sky (Owl City)
"There's a realm above the trees where the lost are finally found, so touch your feathers to the breeze and leave the ground."
  • Infinita Highway (Engenheiros do Hawaii)
"Cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta: só pra ver até quando o motor aguenta."

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Jurassic World

Assisti "Jurassic World" no mês passado. Em 3D. Numa cadeira DBOX (daquelas que se inclinam, sacodem e vibram acompanhando o que está acontecendo no filme. E devo dizer que adorei a experiência e recomendo que quem ainda não viu o filme veja antes de ler este post para não estragar a surpresa. Isso vale para qualquer filme, mas é particularmente importante no caso de filmes como esse, que são super divertidos de assistir apesar de não serem assim tão bons. "Jurassic World" não é um filme pra se ver na televisão, não importa quão moderno e cheio de recursos seja o seu home theater. É um filme pra se ver no cinema com todos os recursos e efeitos especiais a que se tem direito, tomando susto quando o dinossauro avança em você e a cadeira sacode com força, sentindo a cadeira jogar de um lado para o outro durante as cenas de perseguição. Entre no clima e você vai se divertir de montão; espere por um bom filme, com enredo coerente e personagens inteligentes e, bem...

Enfim, para dar início aos trabalhos vamos começar com aquele grande e chamativo SPOILER ALERT.


A estória se passa vinte anos após os acontecimentos do primeiro filme. A InGen de alguma forma conseguiu não ir à falência depois de todo o equipamento destruído, indenizações trabalhistas e processos judiciais decorrentes das dezenas de mortes ocorridas nos três primeiros filmes (e, claro, de ter soltado um tiranossauro rex nas ruas de San Diego no fim do segundo filme — com certeza tem alguma lei que proíba isso).

"Como assim, não tem? Me passa essa caneta aí agora mesmo que eu vou, pessoalmente, incluir um parágrafo sobre isso."
© Photographerlondon | Dreamstime.com - Judge Sitting With Law Book Photo

Ah, sim, e aqueles pterossauros que escaparam da ilha no terceiro filme viraram todos vegetarianos, arrumaram algum hobby inofensivo como jardinagem ou pintura em tecido e viveram felizes para sempre sem incomodar mais ninguém.

Parênteses rápido para esclarecer que pterossauro é uma palavra muito legal que eu descobri que engloba diversas espécies de dinossauros voadores, como pterodáctilos, pterodontes e vários outros, de modo que agora não preciso mais me preocupar em descobrir quais exatamente aparecem no filme. Fecha parênteses.

E assim, como está tudo perdoado e esquecido, a InGen construiu um novo Parque dos Dinossauros na mesma ilha onde tudo deu tão espetacularmente errado da primeira vez e o lugar agora está bombando: o maior problema que eles têm é justamente superar as expectativas do público, que já se acostumou com a ideia de dinossauros circulando por aí e não se impressiona mais com isso, exigindo monstros cada vez maiores e mais ferozes. É por isso que a equipe de cientistas da InGen, dando seguimento a uma longa tradição de ideias de jerico, começou a criar novas espécies de dinossauros misturando o DNA de vários animais que nem a sua mãe fazia quando precisava acabar com as sobras de três refeições diferentes que estavam na geladeira e transformava tudo em suflê. A única diferença sendo, claro, que o suflê nunca tentou comer você.

"InGen Labs — Se não acabar em carnificina é porque você não está fazendo direito."
Image courtesy of Photokanok at FreeDigitalPhotos.net

Quando o filme começa, os irmãos Zach e Gray estão indo passar uma semana no parque aos cuidados da tia Claire, que trabalha lá e é totalmente focada na carreira, nunca tem tempo para a família e para romance blá blá blá, e claro que até o fim do filme ela vai encontrar o amor e seus instintos maternais adormecidos vão aflorar e ela vai ser capaz de lembrar do seu próprio nome e... o que, vocês não entenderam a parte sobre ela aprender a se lembrar do próprio nome? Peraí que eu explico.

Na primeira cena da Claire, que mandou a assistente Zara buscar os sobrinhos na entrada do parque ao invés de ir pessoalmente como combinado (porque ela é totalmente focada na carreira, nunca tem tempo para etc etc...), ela está em um elevador, descendo para encontrar alguns executivos de uma empresa que está interessada em patrocinar um dos "novos" dinossauros, o Indominus Rex. Preocupada em não fazer feio, ela vai repetindo para si mesma o nome de cada um: "Hal, Jim, Erica. Hal, Jim, Erica. E eu sou... Claire." Sério. A mulher fica repetindo os nomes das pessoas com quem vai se reunir, com medo de esquecer ou chamar alguém pelo nome errado, o que é super normal, quem nunca? Mas o próprio nome? Como assim? Ela está com medo de que, de tanto repetir os nomes deles, vá esquecer o próprio nome? Ainda tem essa pausa antes de "Claire", como se por um breve instante ela tivesse realmente esquecido. Obviamente a Claire, apesar do seu cargo administrativo, passa tempo demais em laboratórios e também acabou sendo afetada pelo fator "distractinglysexy".

Depois de sua reunião, a Claire finalmente encontra com os sobrinhos já no parque: ela confirma que os dois estão com seus passes VIP, entrega um papel (voucher?) "para a comida" e diz a eles que a Zara vai cuidar super bem deles até o fim do dia. E eu entendo que a Zara é assistente da Claire e servir de babá para um adolescente antipático (Zach) e uma criança super agitada (Gray) em um parque de diversões lotado não está na descrição do cargo dela, mas ela não deu um único sorriso até agora e passou a maior parte do tempo andando vários passos atrás dos dois e com os olhos grudados no celular, então não estou botando muita fé nessa conversa de que ela vai cuidar super bem dos dois, não. E eu gostaria de lembrar a Zara do que aconteceu com a última pessoa que abandonou duas crianças à própria sorte no primeiro Jurassic Park...

Mas o fato é que a Claire larga os dois na mão da Zara, vai embora já falando no telefone (eu mencionei que ela é totalmente focada na carreira e nunca tem tempo para a família?) e vai para a sala de controle do parque sem nenhum outro motivo além de apresentar ao público o Lowery e a Vivian, únicos personagens lá que terão falas durante o filme. Eu tive que recorrer ao IMDB para descobrir o nome desses dois, mas é bem mais prático do que ficar dizendo "aquele cara da sala de controle" ou "aquela garota que é interpretada pela mesma atriz que fazia a carcereira Susan Fischer em Orange Is the New Black e eu demorei pra lembrar quem ela era e isso me incomodou durante metade do filme". Eu acho que "Lowery" e "Vivian" fica bem mais curto, vocês não concordam?

Corta para a Claire indo com o Simon Masrani (atual dono da InGen, depois da morte do criminosamente irresponsável visionário John Hammond) ver o Indominus Rex (ou *a* Indominus Rex, já que é uma fêmea), o tal novo dinossauro gerado e criado em uma área isolada da ilha até estar pronto para ser apresentado ao público. A Claire explica que a apresentação da Indominus ao público teve que ser adiada porque a equipe de contenção (leia-se, pessoal responsável por garantir que os carnívoros de 5 metros de altura não consigam chegar perto dos humanos apetitosos do outro lado do muro) resolveu aumentar a altura do muro no último instante. Planejamento mal feito por parte da equipe de contenção, né? Não exatamente: o problema é que, como a Indominus é um animal híbrido e geneticamente modificado, os cientistas que a criaram não tinham como saber exatamente até que altura ela ia crescer enquanto ela... bom, basicamente, enquanto ela não parasse de crescer. Eles provavelmente tinham uma estimativa, mas ninguém se lembrou de também combinar tudo direitinho com a Indominus.

"Pô, Indominus, não foi isso que a gente combinou."
© Siegi232 | Dreamstime.com - Dinosaur Photo

Eles também tiveram alguns outros contratempos, segundo a Claire. A Indominus, além de maior do que eles esperavam, também é mais inteligente do que estava previsto e já aprendeu a antecipar de onde viriam os tratadores com a sua comida, resultando em um deles quase perdendo um braço. Claramente, eu e a Claire temos definições bastante diferentes de "contratempo".

Um outro "contratempo" foi quando a Indominus, demonstrando uma total falta de respeito pela propriedade alheia, tentou quebrar o vidro que separa a floresta em que ela vive da área de observação que os cientistas usam para estudá-la.

"Indominus, para com isso! Você hoje está impossível!"
© Siegi232 | Dreamstime.com - Dinosaur Photo

Esse, então, foi um contratempo tão trivial que ninguém ainda nem se deu ao trabalho de substituir o vidro rachado pela pancada dada pela Indominus. Provavelmente bateram no nariz dela com um jornal enrolado dizendo "Não! Não pode! Indominus feia!" e foram bater o ponto e sair pra happy hour. Afinal de contas, não é assim tão sério se ninguém nem perdeu um braço, né?

Enquanto a Claire e o Simon estão lá observando a Indominus, em outra parte da ilha ficamos conhecendo o Owen (cuja fisionomia eu ainda não consegui desvincular do Andy de Parks and Recreation, o que não ajuda a levar o personagem a sério), um ex integrante da Marinha que hoje trabalha no parque estudando e adestrando os quatro velociraptors: Blue, Charlie, Delta e Echo. O Owen acaba de fazer um treino bem sucedido com três dos velociraptors quando chega o Hoskins, chefe da segurança do parque.

O Hoskins quer de todo jeito convencer o Owen a fazer "testes de campo" com os velociraptors. Segundo ele, o fato de que o Owen conseguiu, do alto de uma plataforma prudentemente localizada fora do alcance dos velociraptors, comandar os três a ficarem parados por dois minutos e olharem pra cima em troca de petiscos é evidência suficiente de que é possível soltar um bando de velociraptors em um campo de batalha e confiar que eles vão atacar só os soldados inimigos e depois voltar obedientemente pra casa sem causar tumulto. Surpreendentemente, o Owen e o Barry (o outro tratador) não estão entusiasmados com essa ideia tão legal.

Enquanto o Hoskins está ali, falando um monte de bobagem sobre a "lealdade" dos velociraptors e a "conexão entre homem e fera", o porquinho que tinham usado como isca durante o treinamento dos velociraptors escapa da área segura em que estava e, como um idiota, corre de volta para dentro da área dos verociraptors. E só eu que percebo a ironia de esse povo que não consegue deter um mero porquinho não muito esperto querer dar conta de um bando de dinossauros?

Na confusão, um funcionário que tenta capturar o porco ainda consegue a proeza de despencar lá do alto da plataforma, atraindo a atenção dos três velociraptors.

"Quem é o idiota agora?"
Image courtesy of tiverylucky at FreeDigitalPhotos.net

Os velociraptors rapidamente encurralam o funcionário, mas, antes que ele vire almoço, o Owen corre pra dentro da jaula e consegue enrolar os velociraptors por tempo suficiente para o Barry tirar o coitado dali e ele próprio também sair correndo de lá de dentro. O Hoskins, tendo visto que mesmo o Owen não ficou nem cinco minutos lá dentro e quase não conseguiu sair de lá vivo, vai embora com um sorriso convencido, como se tivesse acabado de provar que está certo. Esse aí se chegar vivo na metade do filme está no lucro.

Enquanto isso, em outra parte do parque, o Zach e o Gray dão um perdido na Zara e vão ver o tiranossauro rex. Tendo assistido o primeiro Jurassic Park, os tratadores sabem que a melhor maneira de conseguir a atenção de um tiranossauro é com um sinalizador; assim, um é jogado na área do tiranossauro rex aos pés de uma cabra que rapidamente vira um lanchinho saudável, pra delírio do público presente. Enquanto eles estão lá, o Zach recebe uma ligação da mãe e entrega a tia Claire que largou os dois na mão da Zara quando tinha combinado com a irmã que ia passar a semana toda com os sobrinhos.

Corta para a mãe dos dois ligando para a Claire e descascando em cima dela por ter deixado os sobrinhos com a assistente quando este era pra ser um fim de semana em família e blá blá blá, e você vai ver quando tiver filhos, e já ficou claro pra todo mundo que a Claire é totalmente focada na carreira e nunca tem tempo para a família e para romance? Porque o filme já deu mais de uma dúzia de dicas sobre isso e eu só mencionei talvez metade delas, então pode ser que não tenha ficado tão claro para vocês quanto ficou pra mim. Mas ela é, tá? Totalmente focada na carreira. Sem tempo para a família e para romance.

Depois de desligar o telefone com a irmã, a Claire chega no trailer do Owen para chamá-lo para avaliar o padoque da Indominus e ver se ele identifica algum risco de segurança (quer dizer, algum risco além dos muros baixos demais e do vidro rachado na área de observação). Ficamos sabendo então que os dois já saíram uma vez, mas a coisa não foi adiante porque ele é rústico, descontraído, vive em um trailer, dirige uma moto, foi de bermuda para o encontro e ela é controladora, travada, totalmente focada na carreir... AAAAAARGH! Tá bom! Já entendi!

Enquanto a Claire e o Owen vão visitar a Indominus, o Zach e o Gray estão no Jurassic Sea World e o Zach finalmente se anima e entra no espírito do parque ao ver o mosassauro, um réptil marinho que, pelo menos na versão do parque, consegue engolir um tubarão branco adulto de uma bocada só.

Chegando ao padoque da Indominus (cujo DNA, segundo a Claire, é que nem a fórmula da Coca-Cola, parte tiranossauro rex e parte ingrediente X), o Owen explica que um animal ser criado em isolamento total como foi feito com a Indominus não é uma boa ideia, pois ela cresceu sem aprender a confiar, respeitar ou ao menos temer qualquer outro ser vivo. Em suma, eles criaram uma psicopata com mais de 5 metros de altura. Justiça seja feita, esse isolamento não é inteiramente culpa da InGen: originalmente a Indominus tinha um irmão, mas ela o comeu.


"Caraca, Indominus! Assim não dá!"
© Siegi232 | Dreamstime.com - Dinosaur Photo

Antes que o Owen e a Claire tenham tempo de começar a discutir alternativas de terapia para a Indominus, eles constatam que neste momento têm um problema maior e mais premente com o qual se preocupar: o fato de que nenhum dos sensores de calor que varrem toda a área está detectando a presença da Indominus dentro do padoque. Pelas marcas de garras frescas na parte interna do muro, eles deduzem que a Indominus escalou o muro e fugiu, e a Claire pega o carro e dispara para o centro de controle do parque. Do carro ela já vai ligando para o povo da contenção para avisar que os muros mais altos deles aparentemente não eram altos o suficiente e para o centro de controle para pedir para o Lowery localizar a Indominus pelo implante de rastreamento que ela tem nas costas.

Enquanto o Owen, o vigia e um operário entram no padoque para examinar o muro de perto, o Lowery confirma para a Claire que a Indominus ainda está, sim, dentro do padoque. É, isso pode ser um problema.

A Vivian avisa os três pelo rádio e eles saem correndo, mas a Indominus, que realmente estava lá o tempo todo só esperando abrirem o portão, consegue dar cabo do vigia e do operário e sair do padoque antes que tenham tempo de fechar o portão, enquanto o Owen escapa por um triz se escondendo debaixo de um carro e se encharcando de gasolina para despistar o faro da Indominus.

Na sala de controle, a Claire e os demais observam na tela o progresso da Indominus à medida que ela se afasta rapidamente do padoque em direção ao parque. A Claire lembra a todos que o implante vai dar um choque na Indominus se ela chegar muito perto da cerca em torno do parque, mas, por algum motivo, essa ideia já não é mais tão tranquilizadora quanto era há uma hora atrás, antes de a Indominus matar duas pessoas e escapar. A Vivian pega o telefone para dar início a um protocolo de alerta geral, mas o Simon a impede porque, segundo ele, até agora não aconteceu nada que eles já não soubessem que poderia acontecer e é exatamente para isso que a unidade de contenção existe. O pessoal do RH da InGen deve cortar um dobrado para incluir essa informação nas palestras de orientação para novos funcionários.

"E se um dinossauro me comer?" "Não se preocupe, isso não prejudicará o funcionamento do parque."
© Bialasiewicz | Dreamstime.com - Question During The Lecture Photo

Nesse meio tempo, o Owen chega na sala de controle cuspindo marimbondo e gritando com a Claire que a Indominus é muito mais inteligente do que todo mundo pensava e fez as marcas de garra no muro de propósito para fazer com que todos pensassem que ela tinha fugido e abrissem o portão. No meio da discussão dos dois, a Vivian avisa que a equipe de contenção está a 400 metros do implante de rastreamento e, portanto, da Indominus. Quando o Owen vê (nas imagens captadas por câmeras posicionadas só Deus sabe onde e como) que eles estão carregando somente armas não letais, ele fica horrorizado, mas o Simon diz que eles já investiram 26 milhões e nem a pau que vão matar a Indominus e desperdiçar todo esse investimento. Prioridades.

O Owen anuncia que todos aqueles homens vão morrer e exige que a missão seja cancelada, mas o Simon nem se dá o trabalho de responder, então vamos em frente. Chegando ao local que o sistema indica ser onde o implante de rastreamento está, a equipe de contenção encontra o implante ainda preso ao naco de carne que a Indominus arrancou do próprio corpo para se livrar dele. Já começou a desvalorizar o investimento de 26 milhões do Simon.

"Indominus, pela última vez: chega!"
© Siegi232 | Dreamstime.com - Dinosaur Photo

E aí a equipe de contenção descobre que a Indominus, além de ser mais alta e mais inteligente do que o previsto, tem também a capacidade de se camuflar e estava ali parada quietinha o tempo todo, só esperando o Owen, o Simon e a Claire terminarem de bater boca para cair em cima da equipe de contenção e acabar com eles, rindo das armas não letais deles.

O Owen é o primeiro a recuperar a voz na sala de controle depois que a carnificina acaba e exige que eles evacuem a ilha imediatamente, ao que a Claire pondera que, se eles fizerem isso, nunca mais conseguirão reabrir. É bom ver que as suas prioridades estão alinhadas com as do seu chefe, Claire, mas quais você calcula que sejam as chances de vocês conseguirem manter esse parque aberto se a Indominus, agora sem aquele implante inconveniente dando choque, atravessar a cerca e for confraternizar com o público do parque?

Como nem a Claire, nem o Simon são convencidos pela explicação do Owen de que a Indominus nunca viu outro animal ao vivo e a cores e não sabe nem o que ela própria é, e vai continuar matando tudo o que encontrar pela frente até descobrir qual é o seu lugar na cadeia alimentar (lugar esse que eu suspeito que seja bastante perto do topo), ele vai embora, provavelmente resolvendo que tem mais chances se tentar argumentar diretamente com a Indominus.

Depois que ele sai, a Claire dá uma olhada no painel que mostra que há mais de 21 mil pessoas no parque naquele momento e, muito a contragosto, resolve dar um Alerta Nível 1 e fechar a parte do parque que fica a norte do resort. Como não podia deixar de ser, é justamente na área a ser fechada que o Zach e o Gray estão, e o carrinho onde eles estão sai do terminal de embarque segundos antes de o atendente receber instruções para fechar o safári.

Enquanto o atendente tenta se entender com a multidão enfurecida que foi barrada, o Simon está no laboratório conversando com o Dr. Wu (também conhecido como Dr. Huang de Law and Order: SVU), tentando entender que diabos de besta fera dos infernos é essa que eles criaram.

O Dr. Wu, no entanto, afirma que não tem liberdade para compartilhar essa informação com o homem que pagou pelo desenvolvimento do bicho, e pondera que animais modificados costumam ser imprevisíveis. É, isso eles meio que já tinham percebido, Dr. Wu, valeu pela dica. Pela pouca informação que o bom doutor fornece, ficamos sabendo que, além de genes de tiranossauro rex, foram usados na "fabricação" da Indominus genes de lula e de sapo. Essa mistureba genética, segundo o Dr. Wu, foi necessária porque o Simon ficava pedindo animais maiores, mais assustadores e mais legais. É, pode ser, mas os genes de lula foram incluídos para permitir acelerar o crescimento e os de sapo, para adaptação ao clima tropical: eu não creio que nenhuma dessas características. embora úteis, torne um animal maior, mais assustador ou mais legal. Eu diria que o que o Dr. Wu tem é síndrome de "já estava quebrado quando eu deixei cair no chão".

Quando o Simon diz que depois disso o conselho vai fechar o laboratório e destruir tudo o que o Dr. Wu construiu, este protesta que "tudo isso existe graças a mim". Considerando que "tudo isso", no caso, inclui uma fera assassina super inteligente de 5 metros de altura que mata tudo que se move e tem capacidade de se camuflar e de despistar os sensores de calor, e que neste momento está correndo livre, leve e solta por uma ilha com mais de 21 mil turistas desavisados, no lugar do Dr. Wu eu não encheria tanto a boca pra dizer que tudo isso existe graças a mim. Mas pode ser só porque eu sou uma pessoa assim, super modesta.

Enquanto o Simon e o Dr. Wu ficam lá discutindo questões super relevantes para a crise atual como quem autorizou o quê e o que exatamente define um monstro, o Zach e o Gray ainda estão fazendo seu safari de "girosfera" (uma mistura de carrinho e batisfera) quando uma mensagem no sistema de som da girosfera anuncia que devido a problemas técnicos, todas as atrações estão fechadas e solicitando que todos desembarquem dos brinquedos e retornem ao resort. É... minha senhora? Eles estão no meio de pelo menos duas manadas de espécies diferentes de dinossauro. Desembarcar neste momento não me parece uma boa ideia. E mesmo que por "desembarquem" você queira dizer "retornem ao terminal primeiro e desembarquem lá", como exatamente se espera que eles encontrem o terminal de embarque e desembarque? Aliás, mesmo se não tivesse ocorrido esse "problema técnico" como é que eles iriam encontrar o terminal quando terminasse o tempo do passeio? Ao contrário dos carrinhos do primeiro Parque dos Dinossauros, as girosferas não andam sobre trilhos. Deve ter gente perdida nesse parque desde o dia da inauguração que até hoje não conseguiu achar o caminho de volta.

"John, eu tenho certeza absoluta que já é a terceira vez que nós passamos por aquela árvore."
© Snehitdesign | Dreamstime.com - Prairie Landscape Photo

Para surpresa de ninguém além da pessoa que projetou esse sistema de segurança, o adolescente marrentinho Zach não pensa duas vezes antes de ignorar o alerta e continuar o seu safári "só por mais alguns minutos", porque, aparentemente, problemas técnicos não afetam portadores de passes VIP.

Enquanto isso, na sala de controle, a Claire achou que fechar a parte norte da ilha já foi providência suficiente, confiante que a Indominus vai ficar entediada antes de chegar ao resort e voltar pra casa. Ela está lá tranquila observando o resort pelas câmeras de segurança quando, ao ver uma mãe abraçando a filha pequena, se lembra que, caramba!, tem dois sobrinhos menores de idade que estão no parque sob sua responsabilidade! Ela liga para o celular da Zara e finalmente fica sabendo que a assistente perdeu os dois há um tempão. A Claire liga então para o celular do Zach e só tem tempo de saber que os dois estão em uma girosfera antes que a ligação caia; apesar de o sistema indicar a localização exata da única girosfera que ainda não retornou, esse parque tão moderno e cheio de recursos computadorizados não tem nenhuma forma de controlar a girosfera remotamente e trazer os dois de volta na marra e assim, como toda a equipe de segurança está ocupada (ou morta) no momento, cabe à tia Claire recrutar a ajuda do Owen e ir resgatar os dois.

Depois de muito rodar, o Zach e o Gray se vêem no meio de um grupo de anquilossauros bem na hora em que a Indominus chega pra fazer picadinho deles. A girosfera é chutada de um lado para o outro até que termina de cabeça para baixo no meio do campo de batalha, onde os dois observam impotentes a Indominus acabar com os anquilossauros e depois partir pra cima deles.

Pra sorte deles, toda essa matança deve ter cansado a Indominus porque, depois de dar conta dos anquilossauros e da unidade de contenção com tanta facilidade, ela deixa os dois irmãos escaparem da girosfera destruída e vencê-la em uma corrida até a cachoeira mais próxima, onde eles fazem a tradicional cena de "pulando no precipício e caindo na água dezenas de metros abaixo sem se machucar".

Corta para o Owen e a Claire cruzando o parque de jipe até que ele para o carro no meio de uma campina para examinar um dinossauro ferido, dizendo para a Claire esperar no carro (o que, obviamente, ela não faz, porque ninguém nunca obedece essa instrução nos filmes). Como ninguém está com pressa nem nada e não é como se a Indominus pudesse aparecer a qualquer momento, o Owen se ajoelha ao lado da cabeça do dinossauro agonizante e o acaricia suavemente, sussurrando palavras de conforto que devem estar fazendo o dinossauro se sentir bem melhor, mesmo.

"Olha só, se você puder parar de respirar em cima do meu olho e me deixar morrer em paz, eu agradeço."
© Cdownie | Dreamstime.com - The Eye Photo

A Claire também se aproxima e o dinossauro morre feliz ao ver que sua morte não foi em vão, enquanto a Claire e o Owen compartilham um Momento Especial e trocam olhares comovidos por cima da sua cabeça durante os seus estertores finais. É uma cena muito tocante e cheia de simbolismo: vendo aquele pobre dinossauro herbívoro bonzinho morto pelo dinossauro carnívoro mau, o coração da Claire finalmente se abre e ela entende que, hum... Comer carne é assassinato? A vida encontra um  meio? Família é tudo? Sei lá. A Claire entendeu alguma coisa; eu não entendi, mas deve ser porque nunca vi um dinossauro morrer.

Os dois ficam lá amolando fazendo companhia para o dinossauro até ele morrer, e só depois o Owen nota que tem mais meia dúzia deles mortos por ali, e observa que a Indominus não comeu nenhum deles e está matando só por matar. Ou seja, essa cena toda serviu para, além de a Claire e o Owen terem seu Momento Especial, confirmar o que o Owen já tinha dito na sala de controle sobre a Indominus estar matando qualquer coisa que se mova.

Finalmente, a Claire se lembra que ainda tem dois sobrinhos perdidos no parque e ela e o Owen saem novamente em busca do dois. Eles encontram a girosfera destruída e seguem as pegadas dos dois até a cachoeira, onde o Owen conclui que eles pularam (ao invés de chegar à conclusão mais lógica de que eles foram devorados pela Indominus, cujas pegadas levam ao mesmo local) e diz à Claire para voltar enquanto ele procura os dois. A Claire insiste que vai junto e ele argumenta que ela não vai aguentar dois minutos com aqueles sapatos. E eu até concordaria com ele se não fosse pelo fato de que ela está andando pra cima e pra baixo com esse salto agulha desde o início do filme e ainda não enterrou o salto na lama nenhuma vez, então já é meio tarde demais para queremos ser realistas nesse quesito, né?

E ainda bem que eu já abstraí essa questão do sapato porque a Claire, provando que suas dificuldades de vocabulário vão além de esquecer o próprio nome e não saber o significado da palavra "contratempo" e da expressão "espere aqui", ao ouvir a crítica do Owen aos seus sapatos, tira o cinto, amarra a blusa na altura da barriga, dobra as mangas e... tcharam! Pronta pra aventura! O Owen, diante dessa transformação radical, muda de ideia e resolve que ela pode ir junto, sim, mas adverte que quem está no comando é ele e que ela precisa fazer exatamente o que ele disser. Ao que a Claire responde passando direto por ele e indo na frente, provavelmente confiando em seus recém-despertos instintos de tia amorosa para farejar o Zach e o Gray.

Por falar nesses dois, eles vagaram pela floresta (com suas roupas e cabelo magicamente secos depois do mergulho) até encontrar dois enormes portões visivelmente abandonados e cobertos de mato, mas que os dois conseguem abrir sem muito esforço, revelando um depósito abandonado desde a época do primeiro filme. Os dois exploram o depósito à luz de uma tocha feita com uma haste, uns trapos que eles acharam no chão e fósforos que estavam no bolso do Gray e também resistiram extraordinariamente bem ao mergulho no rio. E não me perguntem de onde vieram esses fósforos: eles devem ter sido explicados no início do filme, mas eu não tenho a menor lembrança disso e não vou pesquisar na Internet. Enfim, aparentemente, durante a construção do novo parque ninguém se preocupou em conferir as plantas do parque original e acabaram deixando esse depósito abandonado com um monte de equipamento para os dois irmãos encontrarem nessa hora de aperto, inclusive um jipe com o tanque cheio que os dois conseguem consertar (porque uma vez consertaram um carro velho do avô e carro é tudo igual e só dá um único tipo possível de defeito).

"Tem que trocar o óleo."
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Eles saem com o jipe não muito antes de a Claire e o Owen chegarem (a pé, depois de terem largado o seu próprio jipe pra trás lá onde encontraram a girosfera por motivos que os roteiristas não acharam relevante explicar). Após encontrarem do lado de fora do depósito alguma coisa no chão que a Claire identifica como pertencendo aos sobrinhos, eles deduzem que os garotos estiveram no depósito, conseguiram fazer um dos jipes funcionar e saíram de lá nele. Deduzem isso sem nenhuma explicação aparente e apesar de o próprio Owen perguntar (em nome de todo mundo na plateia) como eles conseguiram ligar um desses carros que, repito, não são ligados há vinte anos.

Nesse momento, a Indominus chega e os dois têm que fugir. Correndo. E deixam a Indominus comendo poeira. Claramente, a Indominus, apesar de todos os seus talentos e habilidades impressionantes, não é imune ao "bloqueio de ataque ao protagonista", que faz com que pessoas, feras ou monstros que até então se revelaram verdadeiras máquinas de matar de repente fiquem lerdos, desajeitados e burros na hora de perseguir / atacar os protagonistas.

Para humilhar a Indominus ainda mais, a Claire ainda consegue pegar o telefone enquanto corre (com aquele sapato branco de salto agulha que continua imaculado) e ligar para o centro de controle para dar a localização da Indominus sem diminuir o ritmo nem perder o fôlego, enquanto eu tenho dificuldade até para apertar os botões do cronômetro enquanto corro.

Nesse meio tempo, o Simon, não tendo tido mais nenhuma ideia brilhante desde que a sua conversa com o Dr. Wu não resolveu absolutamente nada, resolve colocar mãos à obra e sair em um helicóptero com dois soldados fortemente armados com as armas mais letais que tinham à mão. Eles localizam a Indominus momentos antes de ela atravessar uma parede de vidro e entrar aviário adentro. Aviário, no caso, sendo o nome que eles dão a uma redoma gigante dentro da qual ficam os pterossauros.

O aviário, por sinal, fica algumas centenas de metros à frente de onde o Owen e a Claire estão. Ou seja, a Indominus, apesar de estar literalmente a um passo deles quando começou a perseguição, se perdeu completamente e passou batido pelos dois. Poxa, Indominus, eu botava tanta fé em você no início do filme.

Enquanto a Indominus está dentro do aviário tocando um rebu daqueles, um dos pterossauros escapa pelo buraco deixado por ela ao entrar e se choca com o helicóptero. O Simon perde o controle e o helicóptero cai em cima do aviário, abrindo um rombo ainda maior no topo, e aí é uma debandada geral, com pterossauro voando pra todo lado.

E aí, como desgraça pouca é bobagem, os pterossauros, podendo voar em absolutamente qualquer direção celebrando sua recém-adquirida liberdade, se dirigem em massa para o resort pra acabar de estragar o dia daquele povo todo que está lá amontoado, cheio de calor e de frustração desde que todas as atrações foram canceladas sem explicação. Aquele dia em que o seu voo atrasou e você ficou duas horas esperando no saguão do aeroporto de repente já não parece mais tão ruim, né?

O Zach e o Gray também estão chegando no resort bem nesse momento e no meio daqueles milhares de pessoas correndo e gritando e dos pterossauros dando rasante no povo e ocasionalmente carregando um, conseguem dar de cara justamente com a Zara, para grande alegria do público que estava ansioso para saber o que tinha acontecido com essa personagem tão interessante, carismática e... Ah, vocês já tinham até esquecido que a Zara existia? Menos mal: pelo menos assim ninguém vai ficar de coração partido ao ver, segundos depois, ela ser levada pelos ares nas garras de um pterossauro. Que leva uma trombada de outro pterossauro, deixa a Zara cair, mas consegue agarrá-la de novo em pleno ar. E aí deixa ela cair de novo dentro do tanque do mosassauro. E mergulha e pega a Zara de novo. E aí vem o mosassauro e engole o pterossauro com Zara e tudo. E aí... não, dessa  vez acabou mesmo. Lamento, Zara.

Nesse meio tempo, a Claire e o Owen também chegaram no resort. Vendo aquele pandemônio (imagine o aniversário do Supermercado Guanabara, mas sem as promoções e com pterossauros), a Claire toma a única decisão sensata: sobe em cima de um lugar mais alto pra se destacar da multidão e facilitar a vida dos pterossauros e começa a gritar o nome dos sobrinhos. E claro que essa estratégia funciona e os dois conseguem ouvi-la antes que qualquer pterossauro a note, mais uma vez comprovando a minha teoria sobre "bloqueio de ataque ao protagonista".

Enquanto o Zach e o Gray correm em direção à Claire, um pterossauro acerta o Owen por trás e o derruba no chão. E aí, enquanto o Owen está no chão, se engalfinhando com o pterossauro, a Claire pega a arma dele e dá dois tiros certeiros no pterossauro, que cai mortinho da silva. O Owen rapidamente se levanta, pega a arma de volta e guia a Claire e os sobrinhos para algum lugar seguro ou, pelo menos, algum lugar com teto, e... Claro que não, gente! Vocês não percebem que está rolando outro Momento Especial entre os dois? A Claire, que já tinha tido uma Revelação ao ver aquele dinossauro morto lá atrás e se tornado uma pessoa mais Sensível e Iluminada, agora mostrou, nesse momento de crise, que também não é mais aquela Claire travada, neurótica e cheia de frescuras de antes: ela agora é uma Mulher Guerreira, Corajosa e Batalhadora. E o Owen, impressionado e cativado pela Nova Claire, a toma em seus braços fortes e dá-lhe um beijo com direito a música romântica de fundo porque o que é uma cena de carnificina de proporções épicas, uma arma de grosso calibre disparada a alguns centímetros da cabeça dele e a total falta de afinidade entre os dois comparados com o fato de que o público adora cenas de beijo entre protagonistas jovens e atraentes? Ênfase em "jovens e atraentes", claro.

Autor do livro: "Mas eles são almas gêmeas, casados há 30 anos e se despedindo porque ele está indo para a guerra!" Roteirista da adaptação para o cinema: "Não. O filme estava ficando muito longo, por isso eu cortei esta cena."
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Enquanto isso, na sala de controle, o Hoskins aproveita a morte do Simon para dar um golpe de estado e assumir o comando da situação. Ele anuncia que todos ali estão dispensados, enquanto a sua equipe (a divisão de segurança da InGen) se instala. Quando o Owen escuta a Claire no telefone com o Lowery falando que o Hoskins pretende usar os raptores para caçar a Indominus, ele... Peraí, para tudo.

A ideia do Hoskins de treinar velociraptors para usá-los na guerra já era por si só idiota o suficiente para eu me perguntar como esse homem chegou a chefe da divisão de segurança da InGen. Meu amigo, as pessoas domam leões, tigres, ursos e outros grandes carnívoros há séculos, e ainda assim não tentam usar esses bichos como soldados: não passa pela sua cabeça que deve haver um bom motivo pra isso?

"Vejamos: eu posso ir até lá e comer aquele soldado que você chama de inimigo ou eu posso ficar aqui e comer você agora mesmo."
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Agora, no entanto, a estupidez do Hoskins atingiu um novo patamar: ele quer pular todas aquelas formalidades burocráticas de "testes de campo" e simplesmente soltar os velociraptors em cima da Indominus sem teste nem nada e torcer pra dar tudo certo. Aponta pra fé e rema!

Quando o Owen chega ao local onde o Hoskins e sua equipe estão se preparando para colocar seu plano genial em ação, o Hoskins avisa que vai fazer isso com ou sem a ajuda do Owen porque, afinal, quem precisa do único homem a quem os velociraptors ainda dão alguma atenção?

Assim, como pelo jeito o Hoskins tem autoridade para fazer isso quer eles concordem ou não, o Owen e o Barry se unem à equipe que vai caçar a Indominus junto com os velociraptors, enquanto a Claire acomoda o Zach e o Gray na traseira de um furgão que ela pretende levar para... o resort onde os pterossauros estão fazendo a festa? Sei não, ficar quietos bem aqui onde eles estão e esperar o resgate chegar me parece uma ideia melhor. Por sinal, mais cedo o Hoskins mencionou barcos que estão vindo para evacuar a ilha, mas, considerando a animação com que os pterossauros estão caindo em cima do povo, eu recomendaria submarinos. Só uma ideia.

O Owen dá para os velociraptors cheirarem o naco de carne que a Indominus arrancou de si mesma pra se livrar do implante de rastreamento, o que me leva a perguntar: se o implante foi encontrado pela equipe de contenção que a Indominus emboscou e dizimou lá no começo do filme, como ele chegou às mãos da equipe do Hoskins? E, como ninguém me responde, vamos deixar pra lá e seguir com o filme,

"Não se preocupem, os espectadores vão estar tão empolgados com os velociraptors que nem vão reparar nisso." "Mas e se alguém..." "VELOCIRAPTORS!"
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Partem, então, pela floresta em busca da Indominus os quatro velociraptors, o Owen e o Barry em motos e o resto da equipe de segurança em um jipe, enquanto o Hoskins assiste a tudo confortavelmente da sala de controle. Quando finalmente encontram a Indominus, os quatro velociraptors param e o Owen e os outros descem de seus veículos e se aproximam de armas em punho. Todos estão esperando o sinal do Owen para começar a atirar quando rola mais um Momento Especial no filme, mas, desta vez, não é entre a Claire e o Owen. Aparentemente, o ingrediente X do DNA da Indominus que o Dr. Wu não queria revelar era DNA de velociraptor. Oops.

Apesar de nunca ter visto outro velociraptor na vida, a Indominus consegue se comunicar com os parentes e se enturma mais rápido do que você quando encontra no aniversário de 80 anos da sua avó aqueles primos de outro estado que não via desde criança. A reunião de família dura pouco, só o tempo de os velociraptors receberem a Indominus de braços abertos e a elegerem como sua nova líder. E assim, a equipe do Hoskins tem basicamente o mesmo destino da equipe de contenção, contra só uma baixa do lado dos velociraptors.

Depois de terminar com a equipe do Hoskins (sem ferir o Owen porque vide bloqueio de ataque ao protagonista que eu mencionei lá em cima), os velociraptors voltam ao local de partida, onde dois deles perseguem o furgão da Claire até que o Zach e o Gray conseguem acertá-los com armas de choque, deixando-os para trás. O Owen, de moto, emparelha com o furgão e eles seguem juntos para o resort.

Nesse meio tempo, tanto o resort quanto o laboratório estão sendo evacuados. O Dr. Wu está ao telefone com o Hoskins, insistindo que os embriões que eles têm no laboratório não precisam ser tirados de lá, porque eles podem ficar armazenados no laboratório por até oito semanas sem problemas com os geradores de energia ligados e aparentemente oito semanas é tempo suficiente para a InGen se livrar da Indominus, dos três velociraptors que se passaram para o lado dela e da praga de pterossauros que infesta a ilha no momento, se livrar dos corpos desse povo todo que já morreu e retomar o trabalho no laboratório como se nada tivesse acontecido.

O Hoskins conta pra ele que a operação velociraptor não foi exatamente um sucesso e explica que eles precisam tirar tudo de lá já, antes que o parque e o laboratório sejam fechados e eles tenham um bando de advogados dando palpite em coisas que eles não entendem.

"Longe de nós querer interferir nesse gerenciamento de crises tão bom que vocês estão fazendo."
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Enquanto isso, na sala de controle, a Vivian pergunta ao Lowery se ele também está indo (já não era para eles terem saído dali há um tempão, desde que a equipe do Hoskins tomou conta da sala e ele anunciou que estavam todos dispensados?). Entra aquela música tocante para mais um Momento Especial quando o Lowery diz que "alguém tem que ficar". É... ficar pra que, exatamente, Lowery? Pra apagar a luz? De qualquer modo, ele vai ficar e, sem saber se vai sair dali vivo, se enche de coragem, vai até a Vivian e a toma nos braços e... Opa, peraí, a Vivian recua e diz a ele que tem namorado. Nossa, essa doeu até em mim. Fica aquele climão na sala e a Vivian sai depois de um abraço constrangido, deixando o Lowery sozinho e quase torcendo para um velociraptor aparecer e desviar a atenção desse momento embaraçoso.

Enquanto o velociraptor não vem, corta para a Claire, o Owen, o Zach e o Gray chegando ao laboratório que, aparentemente, fica dentro do resort. Mesmo depois de encontrar o resort totalmente deserto, a Claire ainda fica surpresa de ver que estão evacuando o laboratório. Esse povo do laboratório, hem? Tudo é pretexto pra encerrar o expediente mais cedo.

"Vou descontar do banco de horas de todo mundo."
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Como não é uma situação de emergência nem nada, ao invés de seguir para a saída de emergência mais próxima ou pelo menos usar esse celular da Claire que não fica sem sinal nem no meio da floresta para ligar de novo pro Lowery e perguntar cadê todo mundo, eles ficam ali de bobeira, admirando os espécimes no laboratório até que o Hoskins chega para o tradicional discurso do vilão, anunciando que, depois de tomar a medida muito sensata de tirar todos os funcionários de lá (menos o Lowery, que resolveu ficar e tudo bem) ele agora está tomando outra medida que é exatamente o oposto de sensato ao retirar dali todo o equipamento e material genético que vem sendo utilizado na criação de "dinossauros de batalha" para continuar o trabalho em outro local.

"Jurassic World 2! Uhu!"
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No meio do discurso do Hoskins, um dos velociraptors aparece para nos poupar de escutar mais bobagem e, ignorando os seus apelos de "calma, garotão, nós estamos do mesmo lado", rapidamente mostra ao Hoskins que quem está do lado dele é aquela cabra que virou almoço do tiranossauro rex lá no início do filme.

Enquanto o velociraptor está ocupado garantindo que o Hoskins não participe de "Jurassic World 2", o Owen, a Claire, o Zach e o Gray fogem, mas são encurralados na saída do prédio pelos outros dois velociraptors. É basicamente a mesma cena do final do primeiro filme, exceto pelo fato de naquele filme foram só dois velociraptors mesmo e nesse o terceiro velociraptor chega para se unir aos outros dois e cercar o casal de protagonistas e os dois garotos que eles estão resgatando.

Só que desta vez o tiranossauro não chega no último instante para salvar a pátria. Ao invés disso, o Owen olha fundo nos olhos do velociraptor, fala com ele com calma, solta a correia que estava presa na cabeça dele para manter uma câmera no lugar (que eles estavam usando durante a operação velociraptor para enxergar aquilo que o bicho estivesse vendo) e... pronto. O Owen já é o macho alfa novamente. Simples assim. Poder do amor ou alguma coisa do gênero.

Isso tudo acontece na hora exata, porque bem nesse momento a Indominus chega e, sem saber que acabou de sofrer impeachment do seu posto de líder do bando, se aproxima do grupo confiante. Após uma rápida troca de olhares com o Owen ("amigos para sempre!"), o velociraptor vira-casaca parte pra cima da Indominus que, sem paciência com essas politicagens, joga o traíra longe e se vira para o resto do grupo dizendo (provavelmente) em velociraptorês: "Vocês idiotas, por acaso, estão percebendo que eu tenho o dobro do tamanho de vocês todos juntos?"

Mesmo assim, quando o Owen dá o sinal de ataque, os dois velociraptors avançam na Indominus. A Claire, o Zach e o Gray procuram abrigo enquanto o Owen saca sua arma e se une ao seu "bando" no ataque à Indominus. O Gray começa a fazer contas com uns números tirados só Deus sabe de onde e conclui que eles precisam de "mais dentes" e... Como assim? Abstraindo o fato de que provavelmente nem os tratadores da Indominus devem saber exatamente quantos dentes ela tem (se bem que aqueles que ela comeu possivelmente têm uma boa noção), o que diabos a quantidade de dentes tem a ver com qualquer coisa? Quer dizer que se eles soltassem uma dúzia de gatos, totalizando 360 dentes, em cima da Indominus, o problema estaria resolvido?

"Tô ocupado. Vai você se entender com o seu monstro psicopata de 5 metros de altura."
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A Claire aprimora a ideia de "mais dentes" incluindo o conceito de "dentes maiores", passa a mão em um sinalizador (deixado ali pelo contra-regra, porque quem mais?) e parte em busca dos maiores dentes disponíveis no parque depois dos da Indominus. Pelo telefone, ela dá ordem ao Lowery, na sala de controle, para abrir o padoque do tiranossauro rex e, quando ele pergunta, com bastante propriedade na minha opinião, se ela enlouqueceu, a Claire parte pra ignorância, dizendo pra ele virar homem e fazer alguma coisa de útil pra variar. Gente, qual é o problema dos roteiristas com o Lowery?

O Lowery então abre o padoque, provavelmente torcendo para o tiranossauro sair de lá e fazer picadinho da Claire, e eu gostaria de notar que, enquanto eu não consigo nem apagar um post neste blog sem receber uma mensagem perguntando se eu tenho certeza do que estou fazendo, para abrir o padoque do tiranossauro rex numa área que normalmente estaria fervilhando de criancinhas inocentes basta apertar um botão.enorme bem no meio da tela.

A Claire acende o sinalizador, sai correndo com o tiranossauro rex atrás dela e... O que? Claro que ela, de salto agulha, corre mais do que o tiranossauro rex, você não estava prestando atenção em nada do que eu falei até agora? Francamente.

Chegando no local da briga entre a Indominus, os velociraptors e o Owen, a Claire joga o sinalizador em cima da Indominus e o tiranossauro, coitado, está tão condicionado que sinalizador = comida que nem se toca que a Claire se parece muito mais com a cabrinha que normalmente dão pra ele do que a Indominus. Esquece a Claire e parte pra cima da Indominus e AÊÊÊÊÊ, agora a referência à cena do primeiro filme está completa!

Os dinossauros se engalfinham, rolando pelo parque e destruindo tudo pelo caminho, até que de repente, AAAAAAH!!!!, eu tinha esquecido completamento do mosassauro! Ele pula pra fora d'água, aproveitando que a Indominus está bem ao lado do tanque dele, agarra a Indominus e a arrasta pra dentro d'água.

Tendo resolvido o problema da Indominus, o próximo passo é se livrar do tiranossauro que agora está solto na parque, e... Ah, não peraí. O único velociraptor que sobrou e o tiranossauro trocam um olhar de respeito e compreensão, grunhem algo que eu suponho que signifique "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" no idioma comum de todos os dinossauros e o tiranossauro vai embora sem incomodar mais ninguém. Será o começo de uma bela amizade?

O velociraptor então olha pro Owen e para a Claire e os garotos atrás dele e faz aquela cara de cachorro pidão como quem diz "Eu fui um velociraptor bonzinho: posso comer pelo menos um deles agora? Quem sabe só esse menorzinho?", mas o Owen sacode a cabeça num gesto discreto de "não" e o velociraptor também parte em direção ao sol poente (na verdade, já anoiteceu, mas eu gostei da imagem).

E assim, como o único dinossauro mau já foi eliminado, o Owen, a Claire, o Zach e o Gray ficam parados lá no meio do parque em silenciosa contemplação sobre os mistérios da existência e o Lowery finalmente apaga a luz e sai da sala de controle (sem desligar nenhum equipamento, mas tudo bem).

Corta para o Owen, a Claire, o Zach e o Gray aguardando o resgate junto com os outros sobreviventes. Caraca, mas já é manhã no dia seguinte: já não era pra estar todo mundo fora da ilha a essa altura do campeonato?

Bom, que seja: o filme já está no fim, vamos acabar logo com isso. Os pais do Zach e do Gray chegam na ilha, ao invés de esperar por eles no continente, o que significa que alguma dessas pessoas exaustas e traumatizadas vai ter que ceder o lugar para eles no barco de volta. Nada como ter contatos na administração do parque.

A reunião emocionada dos pais com os garotos faz a Claire se lembrar que ela agora é uma pessoa mudada e também quer ter uma família e filhos e ser feliz para sempre. Ela enxerga o Owen mais adiante e seu útero palpita, gritando "Bebês! Posso fazer bebês com aquele cara!". Ele se vira na direção dela, seus olhares se encontram e os dois se aproximam um do outro. Ela pergunta o que eles farão agora e ele diz, com um sorriso, que é melhor eles permanecerem juntos para sobreviver. Espirituoso? Sei lá, já ouvi melhores.

A cena final do filme é o tiranossauro chegando no alto do heliporto, olhando a ilha toda à sua volta e dando seu melhor rugido de "eu é que mando nessa bagunça agora". Ou, pelo menos, até o próximo filme.