terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Mr. Monk e o Tradutor que Nunca Assistiu Star Wars

Eu estou me esforçando para fazer esses posts sobre traduções mal-feitas serem bem diversificados para não parecer que estou pegando no pé de um profissional em particular, mas, gente, não está fácil! A pessoa (ou pessoas, pior ainda se forem várias pessoas) que faz a tradução do seriado Monk para o Now deve ter como sonho de vida ser citado neste blog.

Vou começar esse post com um erro de digitação grosseiro na legenda do seriado "Modern Family", no Netflix, pra não ficar restrita a um seriado só. Por sinal, é do seriado Monk que vem o título deste post: todos os episódios tem o título "Mr. Monk <alguma coisa que tenha a ver com a trama>". Quanto ao tradutor que nunca assistiu Star Wars... Tenham paciência que a gente vai chegar nessa parte já, já.

"Euealmente queria ganhar, não sei por quê."

Tradudor, repita comigo: o corretor ortográfico é meu amigo, mesmo que (especialmente se) o prazo de entrega for apertado.

Feito isso, vamos a outro pecado que eu já vi várias vezes em tradução para legendagem: o cara não sabe o que a palavra quer dizer, traduz o resto do texto e deixa a palavra desconhecida no idioma original, pretendendo voltar a ela mais tarde, o prazo de entrega do trabalho se esgota e ele entrega o arquivo assim mesmo, esquecendo da palavra que ficou faltando traduzir. E olha que eu estou sendo generosa de acreditar que isso foi sem querer.

"Fella? É melhor você sair daqui. O que está fazendo?"

"Fella", amiguinho tradutor, não é o nome da pessoa com quem o personagem está falando, e sim uma corruptela de "fellow" que, por sua vez, quer dizer "camarada". Como em "meu camarada, é melhor você sair daqui". Por sinal, já que você acertou a grafia da palavra, era só ter procurado no dicionário.

Tradutor ruim adora achar que qualquer palavra que ele não conhece deve ser o nome de alguém. Não importa se aquele nome nunca apareceu na trama: coloca uma inicial maiúscula e pronto, problema resolvido! É nome próprio, não dá pra traduzir.

E às vezes, claro, ocorre o oposto: o tradutor se depara com uma palavra ou expressão que não precisa ser traduzida, mas não entende a referência e traduz assim mesmo... E aí temos cenas lamentáveis como esta. Fãs de Star Wars, eu recomendo que vocês leiam a legenda já com um copo de água com açúcar à mão.

"Graças a Deus, porque esse para-raios..."

"Para-raios", no caso, foi a tradução que o nosso amigo tradutor julgou adequada para Stormtrooper. O texto original era "Thank God, because this Stormtrooper..."

Vou dar um momento para vocês se recuperarem depois de terem lido isso.

Pensamentos felizes. Tenha pensamentos felizes.
Image courtesy of chu @ morgueFile

De que dimensão alternativa veio esse ser que não sabe o que é um Stormtrooper? Eu não posso nem perguntar de que planeta ele veio, porque até mesmo em uma galáxia muito, muito distante eles sabem o que é um Stormtrooper.

Como eu já falei no primeiro post sobre tradução ruim, eu sou uma pessoa flexível. Eu teria aceito "Graças a Deus, porque esse soldadinho...", ou "Graças a Deus, porque esse idiota...", ou ainda "Graças a Deus, porque esse Stormtrooper..." Afinal, por que não manter o termo original? Até a wiki de Star Wars em português mantém o termo original. Quem não está familiarizado com o universo de Star Wars não ia entender a piada, mas, se isso não preocupa quem escreveu o texto original, por que o tradutor deveria interferir nas decisões do autor?

Então, ficamos combinados assim, tá bom? Antes de concluir que uma palavra é nome próprio e não precisa ser traduzida, consulte o dicionário. Quando a tradução não estiver fazendo sentido, considere que a palavra pode ser um nome próprio que não precisa ser traduzido e consulte a Wikipedia. E sempre use o corretor ortográfico. Todo mundo vai ser mais feliz assim.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A Volta dos que Não Foram

Que o Facebook de vez em quando altera as configurações de segurança sem avisar ninguém, tornando público aquilo que se julgava privado, todo mundo já sabe. Mas há outra coisa que volta e meia acontece, não sei se só comigo ou se com outras pessoas também, e que eu não sei se é resultado de falha do site ou de um comportamento meio bizarro dos usuários.

De tempos em tempos, eu dou uma passada de olhos na minha lista de amigos do Facebook e reviso o seu conteúdo. Às vezes passo alguém da lista de Amigos para a de Conhecidos ou vice-versa, dou um voto de confiança e volto a seguir gente que tinha parado de seguir para não me aborrecer ou excluo alguém cuja solicitação de amizade aceitei há muito tempo, só por cortesia, e hoje já não tenho contato com a pessoa há anos, mal me lembro dela e não tenho o menor interesse em lembrar.

Às vezes, também, eu encontro na minha lista alguém cuja foto foi substituída por uma imagem padrão do Facebook. Pode ser porque a pessoa removeu a sua foto de perfil ou porque nunca sequer a colocou. Nesse caso, se eu clico no nome da pessoa, sou direcionada para a página do seu perfil, sem a foto mas com todo o resto lá.


Às vezes, porém, ao clicar no nome de um desses perfis sem foto, eu sou redirecionada para a página do meu próprio perfil. Quando isso acontece, se eu fizer uma pesquisa pelo nome da pessoa, o Facebook não a encontra. Se eu olhar a lista de amigos dos nossos amigos comuns, a pessoa não aparece. Para mim, a explicação para isso sempre foi simples: a pessoa tinha excluído sua conta do Facebook. Ao identificar, em um dia de faxina, uma dessas contas excluídas na minha lista de amigos, o meu procedimento é desfazer a amizade. Afinal, se a pessoa excluiu a conta, não tem sentido ficar com aquele perfil morto-vivo na minha lista de amigos apontando para lugar nenhum.


Só que, recentemente, uma pessoa que tinha "sumido" começou a aparecer de novo no meu feed de notícias, comentando publicações de amigos comuns. Na primeira vez em que isso aconteceu, eu deduzi que a pessoa tinha excluído sua conta do Facebook, depois mudado de ideia, criado uma conta nova e, ao refazer a lista de amigos, não tinha me enviado uma nova solicitação de amizade. Parecia uma explicação bastante razoável, ainda mais considerando-se que a pessoa em questão é uma pessoa impulsiva e esquentada, que já tinha ameaçado encerrar a conta no Facebook outras vezes no passado.

E eu não tinha mais pensado no assunto até que, há algumas semanas atrás, notei a mesma coisa acontecendo com outras pessoas na minha lista de amigos. Gente com quem eu tinha desfeito a amizade porque sua conta tinha sumido de repente voltou a aparecer no Facebook. Não sou paranoica (ou egocêntrica) o suficiente para achar que pessoas se dão o trabalho de me bloquear no Facebook só para que eu ache que elas excluíram sua conta e desfaça a amizade, e ainda por cima depois me desbloqueiam porque... sei lá por quê: como eu disse, não sou assim tão paranoica ou egocêntrica. Mas confesso que agora estou intrigada: tem tanta gente assim excluindo a conta do Facebook e mudando de ideia alguns meses depois? Pela falta de uma explicação melhor, esta ainda fica sendo a explicação mais provável, mas, convenhamos, ela se torna menos provável a cada vez que a história se repete.

E é verdade que eu poderia mandar uma nova solicitação de amizade para essas pessoas, mas para fazer isso com todo mundo eu teria que ficar monitorando para saber se e quando cada um volta para o Facebook. E aí, como eu não vou fazer isso (por diversos motivos, um deles sendo o fato de que eu não tenho tempo nem paciência pra ficar tomando conta da vida alheia), eu ia acabar me reconectando com algumas pessoas e com outras não, e alguém ia acabar achando que tinha sido de propósito, e eu já tenho drama demais na minha vida no momento para querer arrumar mais a essa altura do campeonato.

Assim, resolvi me valer daquela convenção segundo a qual quem chegou depois em algum lugar é que vai cumprimentar quem já estava lá. Como eu entrei no Facebook em 2010 e nunca saí, considero que quem saiu e voltou depois disso chegou depois de mim. De qualquer modo, não deixei de falar com ninguém por causa disso, então tudo acabou bem. Eu acho. Mas eu realmente gostaria de saber o que está acontecendo; portanto, se alguém souber, cartas para a redação.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Bingo Corporativo

Ainda estou trabalhando nas regras, mas, basicamente, as regras de Bingo Corporativo são as seguintes:

  1. Chame outros amiguinhos para jogar.
  2. Cada vez que uma das situações abaixo ocorrer na sua empresa, marque os pontos indicados.
  3. Quem chegar a 10 pontos primeiro é o vencedor.
  4. Se todos trabalharem na mesma empresa, cada um marca pontos no seu setor.
  5. Se todos trabalharem no mesmo setor, vira jogo colaborativo: ao chegar em 10 pontos, todos ganham e vão comemorar na happy hour.

Como marcar pontos?

  • Marque 1 ponto sempre que alguém apontar um problema no processo e outra pessoa responder, “Mas aqui é assim que a gente faz.”
  • Marque 1 ponto sempre que, ao discutir um ponto controverso, alguém disser: “Isso já foi decidido naquela reunião há x anos atrás. A gente devia começar a registrar essas coisa em ata...”
  • Marque 1 ponto sempre que alguém disser “Isso aqui estava um caos quando eu peguei: eu é que dei jeito. Agora estou te entregando tudo redondinho.” #sqn
  • Marque 1 ponto sempre que você mandar um e-mail perguntando três coisas e a pessoa responder duas das suas perguntas, ignorando a terceira.
  • Marque 1 ponto sempre que você mandar um e-mail perguntando, “Isso ou aquilo?” e a pessoa responder "Sim".
  • Marque 1 ponto sempre que alguém se referir a um manual como Manuel. Marque 1 ponto adicional se a pessoa rir da própria piada.
  • No hora do bolão da Mega-Sena, marque 1 ponto se alguém tiver um “método”, uma planilha ou um aplicativo que aumenta as chances de ganhar.
  • Marque 1 ponto sempre que alguém passar na sua mesa pra falar com você carregando um copo de café e, quando for embora, deixar o copo sujo em cima da sua mesa.
  • Pra quem trabalha em baia que faz divisa com o corredor. Marque 1 ponto sempre que alguém parar ao lado da sua baia para conversar com outra pessoa e se apoiar na divisória, ficando com o cotovelo dentro da sua baia. Marque 1 ponto adicional se a pessoa derrubar alguma coisa que estava presa na divisória (mapas, diagramas, post its etc).
  • Marque 1 ponto sempre que alguém reclamar que está ficando doente por causa do ar condicionado. Marque 1 ponto adicional se a pessoa vier trabalhar de botas, luvas e cachecol.
  • Marque 1 ponto sempre que alguém disser que “Quem está com frio pode colocar um casaco; eu é que não posso tirar a roupa.”
  • Marque 2 pontos adicionais se alguém ajustar a temperatura do ar condicionado e depois esconder o controle remoto.
  • Marque 1 ponto sempre que alguém fizer um DR pelo telefone, alto o bastante para que todos à sua volta escutem. Marque 1 ponto adicional se o DR for com o(a) ex.


Isso não vai ajudar a resolver nenhum dos problemas da empresa, mas, já que você está cercado por idiotas, não custa pelo menos se divertir um pouco com a situação.

Em breve:

  • Bingo Metroviário (porque os idiotas também precisam se locomover)