domingo, 4 de novembro de 2012

Social Spam

Quando eu fiz a pós em Data Warehousing, Data Mining e Gestão de Conhecimento, o tema do meu projeto final foi "Utilização de Sistemas de Redes Sociais Como Mecanismo Para Promover a Inteligência Organizacional". Foi um projeto feito em grupo e a parte que me coube da fundamentação teórica foi justamente a definição de rede social e, mais especificamente, de rede social corporativa. Com isso, eu li bastante sobre o assunto e aprendi alguns conceitos que até então não conhecia, como "social search", "social bookmarking" e "social graph".

Um termo eu que não vi na época foi Social Spam. Hoje, uma pesquisa por esse termo no Google trouxe mais de 57.000 resultados, mas, pelo menos nos lugares em que eu li, utilizado de forma incorreta: "social alguma coisa" não é simplesmente essa alguma coisa feita dentro de uma rede social. Social search, por exemplo, não é usar aquela caixa de pesquisa que fica no alto da tela do Facebook. Bom, hoje, pelo menos, é lá que ela fica: daqui a uma semana as vozes dentro da cabeça da equipe responsável no Facebook podem dizer para eles mudarem o layout de novo, e aí, quem sabe onde tudo vai parar? Mas eu divago. Social search é você usar a caixa de pesquisa e os resultados da pesquisa virem ordenados não só por relevância, últimas atualizações, quantidade de links, as coisas de sempre, mas também pela quantidade de amigos seus (principalmente aqueles com quem você mais interage) que visitam, comentam e curtem cada página.

Seguindo a mesma linha, social spam não é quando o seu amigo atualiza o status dele cinco vezes por dia pra dizer "curtam a minha página" nem quando a loja cuja página você curtiu posta todas as promoções, lançamentos e a abertura da nova filial em Inconstitucionalissimamente do Norte. Isso é spam comum. Social spam é quando a loja percebe que o Facebook tem uma opção "Ocultar todas as histórias de <<página que você curtiu mas cujas atualizações de status não quer ver>>", e começa a criar promoções do tipo "compartilhe este post e concorra a um iPod", "curta nossa página e concorra a uma camiseta", "comente este post dizendo porque você deve ganhar um ingresso para o show". E todos. Os seus amigos. Compartilham. Curtem. E comentam. Não posso falar pelos outros, mas eu, pessoalmente, não quero ocultar os posts dos meus amigos: eu gosto de ver o que eles compartilham, curtem e comentam. Foi por isso que eu os adicionei no Facebook. Eu só queria não participar de todas as promoções das quais cada um dos meus amigos participa...

Vejo três maneiras de resolver esse problema. Uma seria os meus amigos pararem de participar das promoções (não vai acontecer, eu sei). Outra seria as empresas pararem de tentar usar os meus amigos como mulas do tráfico para contrabandear spam pro meu feed de notícias (não vai acontecer elevado à décima potência). A terceira seria o Facebook acrescentar mais um nível às opções de bloqueio que oferece aos usuários, do tipo "Exibir compartilhamentos de fulano (a não ser que sejam da página tal)" ou, aproveitando que já estou no embalo, "Ocultar todas as histórias de FourSquare mesmo que venham através do Twitter" (eu não sou sua mãe: não quero saber onde você está a não ser que a gente tenha marcado alguma coisa e você esteja atrasado).

A terceira solução seria a mais razoável, já que daria a cada um mais controle sobre o que aparece no seu próprio feed. Meio óbvio, né? Infelizmente, o que o Professor Siva Vaidhyanathan disse sobre o Google no seu livro "The Googlization of Everything: (And Why We Should Worry)" (*) vale, na minha opinião, para o Facebook também. Nós não somos os clientes nem do Google nem do Facebook: nós somos o produto que eles vendem para os anunciantes, esses sim os seus clientes. Assim, não espero nenhuma melhoria significativa nos mecanismos de bloqueio num futuro próximo. Alterações no layout, por outro lado...

* Em tempo: eu não li o livro, por isso não posso dizer se é bom, mas essa frase em particular eu considero brilhante.

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