segunda-feira, 25 de julho de 2016

Pipoca Para os Pombos

Mais uma história da série "Meus Sobrinhos São Uma Peça".

Meu sobrinho sempre adorou pipoca, desde pequenininho. Mas, sendo pequenininho, ao ir pela rua comendo pipoca muitas vezes deixava cair um pouco no chão. Para evitar que ele catasse a pipoca do chão e comesse, minha irmã sempre dizia: "Deixa, essa fica pro pombo comer".

Um belo dia, quando ele tinha uns três ou quatro anos de idade (não mais do que isso porque o irmão mais novo ainda não vinha para o parque com a gente), estávamos eu e minha mãe com ele no Parque Museu da República. Lá pelas tantas ele pediu pipoca e nós compramos, só que nesse dia ele tropeçou e deixou cair não algumas pipocas, mas o saco mesmo no chão.

A criança olhou daquele monte de pipoca no chão (o saco ainda estava pela metade quando o acidente aconteceu) para uns pombos que estavam ali por perto fazendo seja lá o que for que os pombos fazem em suas horas vagas e, sem titubear, chamou:

— Pombo! Almoço!

Os pombos, para surpresa de ninguém exceto o menino, nem olharam para o lado dele e continuaram cuidando da própria vida. Vendo aquilo, meu sobrinho pensou um pouco e concluiu:

— Eles não estão entendo porque eu não estou falando a língua deles.

E, mudando com fluência de português para pombês, chamou de novo:

— Ruurrrr, rurr, ruuurr!

O melhor de tudo foi que justamente nessa hora os pombos resolveram se interessar pela pipoca e voaram pra lá, deixando a criança empolgadíssima com a convicção de que sabia se comunicar com os animais.

"O sotaque é forte, mas a gramática é impecável."
Image cortesy of FidlerJanMorguefile

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