sábado, 15 de dezembro de 2012

Colorama

Eu adoro o trabalho dos músicos de rua. Dou dinheiro com prazer, porque acho o máximo eu estar na rua cuidando da minha vida, indo almoçar ou voltando do trabalho, e me deparar com alguém tocando um instrumento, cantando, colorindo o cinza do Centro da cidade com música.

Dou dinheiro sem ver isso como esmola, mas como o pagamento pelo serviço prestado de tornar meu dia mais bonito e como incentivo para não desistir, se não da música como carreira, pelo menos da música como arte e como exercício para a mente e para o espírito.

Daí outro dia pensei que, já que vou dar dinheiro, posso bem desembolsar um pouco mais e comprar o CD que muitos desses artistas de rua vendem. Levo algo comigo além da satisfação de ter contribuído e ainda vejo o rosto do artista se iluminar com o reconhecimento do seu trabalho.

E é assim que estou escutando, enquanto escrevo este post, o álbum Colorama, da dupla espanhola de mesmo nome. As primeiras duas músicas que escutei não me agradaram: deixei o CD de lado, mas acabei voltando a ele mais tarde, meio por teimosia. Não sei se meu ouvido acostumou, se meu estado de espírito hoje está mais receptivo ou se só dei azar com as duas primeiras músicas, mas, embora realmente não faça muito o meu estilo, hoje estou apreciando mais as músicas.

Minha impressão é que a gaita asturiana é muito estridente para o meu ouvido e o djembe africano não é encorpado o suficiente para absorver e suavizar as arestas da melodia da gaita. (Obs. Desnecessário dizer que estou inventando esses "termos técnicos" numa tentativa de descrever a minha experiência auditiva, né?). As faixas das quais mais gostei são justamente aquelas em que a melodia chega a notas um pouco mais graves (não muito mais graves, porque não dá mesmo) e o djembe está mais presente. Ainda acho que o trabalho deles se beneficiaria de mais um ou dois instrumentos para fazer um contraponto à dureza da gaita asturiana.

De qualquer modo, as músicas me parecem bem executadas: se estão fugindo da melodia original, não tenho como saber, mas em nenhum momento escutei aquela desafinação dissonante que fere o ouvido.

Na última faixa (Roxu), a gaita foi substituída por um instrumento não identificado mas definitivamente da família das flautas que foi uma surpresa muito bem-vinda. Só lamento não ter tido a oportunidade de escutar esse instrumento junto com a gaita: poderia, talvez, ser aquele instrumento cuja falta eu senti nas outras faixas para equilibrar a estridência da gaita asturiana.


Faixas preferidas:
4 - La Gaita num la viendo
5 - Entermedios y Marcha (particularmente a segunda parte)
11 - Roxu

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