quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Não

Há dias em que eu tenho vontade de colocar um status no Facebook assim:

Não.

Só isso. Não. Sem direito a explicações: não adianta perguntar "não o quê?", "o que aconteceu?", "está tudo bem?", que eu não respondo. Obviamente, eu não faço isso, porque uma das coisas que me deixam de saco cheio no Facebook e me dão vontade de postar "Não" é justamente esse povo que fica postando frases do tipo "eu odeio minha vida", "gente falsa me tira do sério", "eu e minha mania de dar segundas chances aos outros", e por aí vai. Frases que não esclarecem nada e só servem para chamar a atenção dos amigos do Facebook e angariar simpatia.

Não. Quem quer contar a história, pedir ajuda, conselho ou simplesmente desabafar é você. Eu já tenho os meus próprios problemas. Tenho tempo pra te escutar, se você quiser falar, mas não pra ficar te perguntando e insistindo até você resolver contar. Não.

Outra coisa: gente que posta ou compartilha mensagens dizendo que o problema do Brasil não são os políticos, é você. Você que joga lixo na rua, que fura fila, que quer ser sustentado pelo Bolsa Família, que... Peraí! Como assim, eu? Eu não faço nada disso, me deixa em paz! Concordo que  o problema do Brasil é quem, político ou não, faz essas e outras coisas desonestas, mas vá se entender com essas pessoas, e não postar uma mensagem que vai aparecer na minha linha do tempo com um dedo apontado pra mim dizendo que o problema do Brasil sou eu. Não.

Uma outra implicância minha é de cunho mais pessoal. Tenho duas amigas que trabalham hoje em uma empresa na qual eu já trabalhei há alguns anos atrás e da qual tenho péssimas lembranças. Essas amigas às vezes compartilham posts da empresa anunciando oportunidades de emprego, o que eu acho uma coisa super legal de se fazer, especialmente nesse momento de crise do mercado de trabalho, e longe de mim querer que elas deixem de fazer isso. Mas, no meu caso, em particular... Esses posts sempre começam com "Trabalhe na <nome da empresa>". Não. Decididamente, não.

O que mais? Gente que acha que "liberdade de expressão" significa "mil maneiras de você concordar comigo". Gente que sobe na mesa, bate panela, queima colchão quando alguém ataca o seu partido político, a sua religião, o seu time de futebol... e aí é um tal de atacar o partido político, a religião e o time de futebol dos outros que sai de baixo. Porque todo mundo tem direito à sua opinião... desde que a opinião não seja que eu estou errado. Não. Não é assim que funciona. Não.

E tem também a gente que quer sair matando. Os políticos corruptos, os criminosos, os menores de idade, os maiores de idade, os religiosos, os terroristas, os moradores da favela, os que invadiram, os viciados em drogas, os policiais, os militares, os comunistas, os petistas, os da extrema esquerda, os da extrema direita... Sem entrar no mérito de quem é bom e quem é ruim, o que eu acho impressionante e assustador é como tem gente que ainda acha que matar outro ser humano (geralmente, vários outros seres humanos) é um gesto que resolve problemas e que não tem consequências morais, sociais ou espirituais. E olha que eu sou uma pessoa que frequentemente sente vontade de resolver as coisas através da violência física. Mas mesmo eu, que não sou lá essas coisas em termos de bom senso, sei que não é por aí. Então, não. Chega, povo. Não.

Original image by thesuccess @ morgueFile)

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