Estou com vários posts pela metade e sem ânimo para terminar nenhum deles. Para não deixar o blog largado por muito tempo, e porque estou num estado de espírito particularmente ranzinza esses dias, segue uma lista de coisas que me irritam em maior ou menor grau.
Gente que diz "M"
Respeito quem fala palavrão (com moderação) e respeito mais ainda quem não fala. Mas acho uma coisa muito besta dizer coisas como "fazer M" e "isso está uma M". Das duas uma: ou bem a pessoa com quem você está falando não sabe qual é a palavra que você está substituindo por "M", e daí ela vai dizer "como assim, M?" e você vai ter que dizer a palavra pra ela entender, ou bem ela sabe e dá na mesma você dizer "M" ou a palavra com todas as letras, porque é isso que ela vai escutar. É como achar que é menos grosseiro mostrar o dedo médio pra alguém do que xingar a pessoa. Se você quer usar um termo mais educado e a única alternativa que lhe ocorre é "M", compre um dicionário com urgência. Para pesquisar outras maneiras de substituir a palavra que você não quer dizer, mas também para procurar o significado de "educado".
Casais que fazem DR em público
DR é uma coisa nem sempre agradável mas às vezes necessária. DR alheia é só desagradável. Incomoda quem está por perto, estressa o ambiente e expõe a intimidade do casal para pessoas que não estão nem um pouco interessadas. Um DR público não vai angariar a simpatia de ninguém, não importa com quanta eloquência (ou quão alto) você exponha os seus argumentos. Do ponto de vista do resto do restaurante, bar, ponto de ônibus ou seja lá onde for que você resolveu que o seu DR não podia esperar vocês estarem em algum lugar privado, só existem três vereditos possíveis:
(a) ele é um cavalo e se ela ainda não terminou deve estar muito desesperada pra casar
(b) ela é uma virago e se ele ainda não terminou é porque é covarde demais pra tomar uma atitude
(c) ambos
Geralmente, ambos.
Gente que conta calorias em voz alta
É sexta-feira, e o pessoal do trabalho está todo reunido no Outback para comemorar o aniversário de alguém. Até o chefe veio, portanto é certeza de almoço prolongado sem culpa. Pra dar início aos trabalhos, o garçom coloca sobre a mesa aquele prato maravilhoso de batata frita, bacon e queijo derretido: os rostos se iluminam, os garfos são erguidos de forma quase reverente... e alguém (geralmente a pessoa mais magra da mesa) solta a pérola: "Nossa, é uma verdadeira bomba de calorias! Vou ter que passar uma hora na academia só pra queimar isso tudo!"
Em um mundo ideal, o garçom imediatamente tiraria o garfo da mão dessa criatura, levaria a sua bebida e voltaria com um copo de água da bica e um prato com três folhas de alface e uma fatia de ricota: "Pronto, problema resolvido: pode comer sem culpa."
Eu acho que dieta é uma coisa muito pessoal. Cada um sabe onde lhe aperta o calo, quando é hora de seguir a dieta à risca e quando é hora de se permitir uma extravagância. E entendo também que tem gente que não faz dieta e pronto, e cai de boca na comida como se não houvesse amanhã. E acho que isso não é da conta de ninguém e que cada um sabe o que é melhor para si. Mas das duas, uma: ou você pede a sua salada e o seu suco sem açúcar e come feliz, com a sensação boa de dever cumprido, ou você come a batata frita com alegria e sem culpa, saboreando cada pedacinho de bacon e cada pingo de queijo derretido, e deixa pra pensar nas calorias quando estiver na academia.
Todo mundo sabe o que engorda e o que não engorda e ninguém precisa que você fique lembrando disso enquanto as pessoas estão tentando saborear a comida. Anunciar quantas calorias cada prato tem e quanto tempo você vai passar na esteira pra compensar não vai fazer você emagrecer mais rápido, mas vai fazer com que as pessoas parem de te chamar para almoçar.
Menção especial para as pessoas que pedem salada e ficam contando as calorias do prato alheio. Se você estiver no mesmo restaurante que eu e alguém na sua mesa fizer isso, pode bater sem medo que eu confirmo na delegacia que a pessoa estava armada e foi legítima defesa.
Gente que trabalha no Fantástico Mundo de Bob
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Já trabalhei em alguns lugares assim: logo na primeira semana (em alguns casos, já na entrevista de emprego) alguém faz aquele discurso de que ali é diferente dos outros lugares em que ele já trabalhou, onde ficava um querendo derrubar o outro e ninguém compartilhava o conhecimento. Ali, não: ali todos são muito unidos, o ambiente é maravilhoso, todos formam uma grande família e estão sempre prontos a ajudar uns aos outros.
Pra começo de conversa, eu já fico de pé atrás em qualquer situação em que ficam se esforçando demais para me convencer de que determinada pessoa ou instituição é a última Coca-Cola gelada no deserto. Particularmente neste caso da empresa maravilhosa onde todos trabalham por amor à camisa e ninguém nunca apunhalou ninguém pelas costas: em todo lugar tem gente que não vale nada, independente do que o comitê de boas vindas diga.
Já trabalhei em algumas empresas excelentes, com equipes maravilhosas, mas ninguém precisava ficar alardeando isso, porque era uma coisa que estava lá, no dia-a-dia da empresa, e todo mundo percebia. As piores empresas em que trabalhei, aquelas com maior índice de mau-caratismo e RH mais omisso, foram justamente aquelas em que fizeram tanta questão de tentar me vender a ideia da grande família feliz.
Resultado é a melhor propaganda. Todo o resto é história pra boi dormir. Pronto, falei.
Já trabalhei em algumas empresas excelentes, com equipes maravilhosas, mas ninguém precisava ficar alardeando isso, porque era uma coisa que estava lá, no dia-a-dia da empresa, e todo mundo percebia. As piores empresas em que trabalhei, aquelas com maior índice de mau-caratismo e RH mais omisso, foram justamente aquelas em que fizeram tanta questão de tentar me vender a ideia da grande família feliz.
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