Há algum tempo atrás — alguns anos, pra ser mais precisa — eu estava almoçando com uma amiga, conversando sobre essas roubadas épicas em que o coração às vezes se mete. Na época, ambas estávamos passando por situações que, embora diferentes em todos os demais aspectos, tinham em comum aquele conflito que ocorre quando o bom senso diz que já está mais do que na hora de seguir em frente mas o coração resiste, insistindo em esperar só mais um pouquinho, porque vai que amanhã ia ser justamente o dia da mudança da maré. Vai que é justamente amanhã que a gente ia se esbarrar na rua. Vai que é justamente amanhã que o outro ia perceber que a gente junto é tão mais certo do que separado. Vai que é justamente amanhã que a gente ia reencontrar o caminho de volta um para o outro. Vai que, né? Quem garante que não? Quem pode ter certeza absoluta, cem por cento que não? Porque o problema é esse: ninguém pode. Ninguém nunca pode ter cem por cento de certeza. E nesse não ter cem por cento de certeza, nesse 0,00001% de chance, o tempo vai passando e a vida não anda.
E, quando a vida não anda, é porque a gente está esperando na fila. Ou melhor, acha que está esperando na fila. Porque fila, por definição, anda; pode ser uma fila longa, pode demorar, mas. se você esperar por tempo suficiente, é certo que a sua vez vai chegar. E é por isso que a gente nunca deve encarar um (não)relacionamento como uma fila. Porque se, por um lado, é possível que essa fila ande, por outro também é possível que ela não ande nunca. E que você, que está ali pensando que está esperando na fila, esteja apenas parada diante de uma porta fechada.
Quando a gente está numa fila, seja ela uma fila literal ou metafórica, a vida da gente meio que para. Não dá pra ficar em duas filas ao mesmo tempo. Não dá pra sair da fila pra almoçar, pra ir ao cinema, pra ir ao banheiro ou beber água. A fila exige comprometimento. Mas comprometimento é — devia ser, pelo menos —, uma via de mão dupla. É por isso que, não importa o quanto você queira e o quanto preze o que te espera no fim da fila, certifique-se de que é realmente uma fila. Muita gente passa anos da sua vida esperando diante de portas trancadas cuja chave há muito foi perdida.
Uma alternativa à fila é a lista de espera. A lista de espera não exige comprometimento: você coloca o seu nome na lista e depois vai tocar sua vida. Você vai ao cinema, sai pra jantar, viaja, vai à praia, vive a sua vida normalmente. Aquelas pessoas bem intencionadas que tentariam te dissuadir nem precisam saber que, guardado no fundo da sua gaveta (plastificado, por via das dúvidas), está um papelzinho com o seu código da lista de espera. Claro que você sabe que ele está lá. Claro que às vezes você abre a gaveta e olha pra ele. Mas você não está parada na fila com sua vida em modo de espera. Pode ser que um dia o seu número seja chamado? Pode. Talvez só haja 0,00001% de chance, mas, e daí? Benditos 0,00001%. Se o seu número for chamado, você atende. Ou não. Isso quem vai decidir é você, se e quando o seu número for chamado. Por ora, por mais que doa saber que aquele papelzinho está ali, escondido mas esperançoso no fundo da gaveta, dói muito menos que a solidão de uma porta fechada.
E, quando a vida não anda, é porque a gente está esperando na fila. Ou melhor, acha que está esperando na fila. Porque fila, por definição, anda; pode ser uma fila longa, pode demorar, mas. se você esperar por tempo suficiente, é certo que a sua vez vai chegar. E é por isso que a gente nunca deve encarar um (não)relacionamento como uma fila. Porque se, por um lado, é possível que essa fila ande, por outro também é possível que ela não ande nunca. E que você, que está ali pensando que está esperando na fila, esteja apenas parada diante de uma porta fechada.
Quando a gente está numa fila, seja ela uma fila literal ou metafórica, a vida da gente meio que para. Não dá pra ficar em duas filas ao mesmo tempo. Não dá pra sair da fila pra almoçar, pra ir ao cinema, pra ir ao banheiro ou beber água. A fila exige comprometimento. Mas comprometimento é — devia ser, pelo menos —, uma via de mão dupla. É por isso que, não importa o quanto você queira e o quanto preze o que te espera no fim da fila, certifique-se de que é realmente uma fila. Muita gente passa anos da sua vida esperando diante de portas trancadas cuja chave há muito foi perdida.
Uma alternativa à fila é a lista de espera. A lista de espera não exige comprometimento: você coloca o seu nome na lista e depois vai tocar sua vida. Você vai ao cinema, sai pra jantar, viaja, vai à praia, vive a sua vida normalmente. Aquelas pessoas bem intencionadas que tentariam te dissuadir nem precisam saber que, guardado no fundo da sua gaveta (plastificado, por via das dúvidas), está um papelzinho com o seu código da lista de espera. Claro que você sabe que ele está lá. Claro que às vezes você abre a gaveta e olha pra ele. Mas você não está parada na fila com sua vida em modo de espera. Pode ser que um dia o seu número seja chamado? Pode. Talvez só haja 0,00001% de chance, mas, e daí? Benditos 0,00001%. Se o seu número for chamado, você atende. Ou não. Isso quem vai decidir é você, se e quando o seu número for chamado. Por ora, por mais que doa saber que aquele papelzinho está ali, escondido mas esperançoso no fundo da gaveta, dói muito menos que a solidão de uma porta fechada.
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