Em homenagem às minhas iminentes férias, das quais eu pretendo passar pelo menos metade isolada do resto da humanidade e em contato com a natureza, vou escrever hoje um breve comentário sobre os dois primeiros versos da música “Linda Juventude”, que são alvo frequente de gozação não de todo merecida.
Dá play e vai tocando a música enquanto eu explico.
Zabelê, zumbi, besouro.
A palavra zumbi aqui não se refere a um morto-vivo, mas ao modo imperativo afirmativo do verbo zumbir. “Zumbi, besouro.” é como “Cantai, passarinho.” Nada de errado aí.
Já zabelê, ao contrário do que alguns pensam, não é uma palavra inventada, e sim o nome de uma ave nativa do Nordeste brasileiro. Também é o nome de uma cidade da Paraíba, mas eu acho que a ave combina mais com o resto da música, então deixa a ave mesmo. E, apesar de o zabelê não acrescentar nenhuma informação à frase “zumbi, besouro”, acredito que ele esteja aqui apenas pela aliteração, figura de linguagem (para quem não se lembra das aulas de português do ensino fundamental) caracterizada pela repetição de sons consonantais.
"Muito prazer, eu sou um zabelê." Image courtesy of Manuel Anastácio @ Wikimedia Commons |
Vespa fabricando mel.
Revelação bombástica aqui: vespa fabrica mel, sim. É um mel mais escuro e mais amargo do que o fabricado pelas abelhas e que, por isso, normalmente não é consumido pelos seres humanos, mas é comestível e não deixa de ser mel.
Moral da história: a música não é, na minha humilde opinião, nenhuma maravilha, mas tem muita música pior e indefensável por aí praticamente implorando para ser zoada. E era só isso que eu queria dizer: obrigada pela atenção de todos.