quarta-feira, 23 de novembro de 2016

WoW - Echeyaki

Já comentei antes aqui no blog que eu gosto de jogar World of Warcraft, e disse também que eu gosto da experiência de role play do jogo, procurando agir como o personagem agiria e não simplesmente correndo de um lado para o outro e acumulando XP.

Parênteses rápido para esclarecer a quem não joga esse tipo de jogo que role play quer dizer representar o papel do seu personagem no jogo, ou seja, agir como (por exemplo) um bruxo orc recém-chegado à cidade de Orgrimmar e não como uma pessoa do século 21 cujo avatar no jogo é um bruxo orc. E XP é a abreviatura de eXperience Points (pontos de experiência), que são o que faz com que o jogador vá subindo de nível no jogo. Fecha parênteses.

Essa maneira de jogar (com ênfase no role play) é, na minha opinião, mais divertida, mas pode também tornar o jogo mais difícil. Por exemplo, eu desabilito certos marcadores que podem ser exibidos no mapa indicando a direção em que o personagem deve ir para executar determinada missão e procuro me basear somente nas orientações dadas pelos outros personagens, nas placas no caminho e no próprio mapa. Em alguns casos, isso não é difícil porque as orientações são simples, como "saia da cidade pela saída norte e siga pela estrada até o rio", mas em outros casos a coisa fica meio complicada. Assim, deixo aqui registradas as orientações para encontrar o covil de Echeyaki, sempre respeitando a estória para quem está perdido mas, como eu, prefere receber sua ajuda dentro do clima do jogo.

Essa é uma missão da Horda (outro parênteses para dizer que o universo de World of Warcraft tem duas facções: a Horda e a Aliança) de nível relativamente baixo e que me deu bastante dor de cabeça porque as instruções para encontrar o covil do rei dos felinos da savana são bem pouco precisas.

"Seu covil fica a noroeste, na face norte de uma pequena montanha, entre ossos de kodos gigantes."

Dois problemas com essas instruções. Em primeiro lugar, essa missão é recebida quando se está no acampamento da Encruzilhada que, como já dá para imaginar pelo nome, tem saídas nas quatro direções. E, como o acampamento fica nos Sertões Setentrionais, uma região cheia de montanhas, dá para encontrar uma pequena montanha tanto saindo pela saída Norte e depois virando para Oeste quanto saindo pela saída Oeste e depois virando para Norte. Na verdade, dá para encontrar uma pequena montanha praticamente em qualquer lugar dos Sertões Setentrionais. Ah, mas aí é só procurar os ossos de kodos gigantes, a pessoa imagina. Pois é, mas aí vem a segunda questão. Os kodos são bicharrocos imensos, então eu imaginei um lugar com ossos de kodos gigantes como uma espécie de cemitério de elefantes, com esqueletos de vários kodos espalhados pra tudo quanto é lado. Nada parecido com a imagem abaixo.

Covil de Echeyaki

Assim, seguem as minhas instruções para quem ainda não esteve lá ou para quem, como eu, teve o maior trabalhão pra achar da primeira vez, daí criou um personagem novo, tinha esquecido o caminho e teve o maior trabalhão de novo.

Saia da Encruzilhada pela saída Norte e pegue a Estrada do Sol em direção ao Vale Gris. Assim que passar pela saída para Durotar (à direita), saia da estrada e siga na direção oeste até chegar no pé de uma montanha. Vá ladeando essa montanha em direção ao Norte até chegar ao covil de Echeyaki. Atenção: Se você chegar no Acampamento Brumedo, dê meia-volta porque já passou do lugar!

O resto agora é com o seu personagem. Força e honra. Pela Horda!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Jess Recebe o Manual de Transformação da Cinderela

Depois de um longo hiato, vamos a mais um capítulo de "A Sociedade Cinderela". No capítulo 3 ocorreu a cerimônia de iniciação de Jess nessa Sociedade da qual nós (e a propria Jess) só sabemos até agora o nome e o fato de que suas integrantes são "a nova face das mulheres", cuja liderança trará "a aurora de uma nova era".

No dia seguinte ao da cerimônia de iniciação, Jess, depois de passar parte da manhã com a mãe pintando o quarto dos gêmeos, como prometido, volta ao Moinho com Sarah Jane. Jess está empolgadíssima porque, depois da cerimônia da véspera, Sarah Jane conversou com ela sobre as transformações supremas de vida que a Sociedade Cinderela realiza. E o primeiro item da lista do seu programa de transformação é...  um guarda-roupa novo. Óbvio.

"Então, a gente já está mudando o mundo?" "Mudando quem? Ah, é, o mundo! Claro, claro..."
Image courtesy of nenetus at FreeDigitalPhotos.net.

Mas, antes que Jess possa passar por essa etapa essencial da sua transformação, ela e Sarah Jane vão ao Moinho, cuja proprietária, descobrimos agora, é Audrey London, uma top model australiana que lançou sua própria franquia de lanchonetes super badaladas porque, convenhamos, até pra ser simpatizante da Sociedade Cinderela é preciso ser linda, popular e bem-sucedida.

Claro que Jess, que já está completamente atordoada com o fato de que duas líderes de torcida da mesma equipe que ela a tratam "como uma pessoa normal", mal consegue balbuciar o seu pedido quando chega a sua vez de ser atendida pela top model em pessoa, muito embora ela própria diga que Audrey faz questão de estar presente e participar da operação da lanchonete, sendo comum encontrá-la atendendo clientes. O que levanta sérias dúvidas sobre o seu status de top model, mas deixa pra lá.

Enfim, Jess consegue gaguejar seu pedido sem fazer vergonha, recebe seu café (grátis e com espuma personalizada com a figura de um sapatinho de cristal depois que Sarah Jane a apresenta como membro da Sociedade Cinderela) e as duas se sentam com suas bebidas. Antes de deixá-las, Audrey transmite para Sarah Jane a informação de que "havia quatorze no Campo ontem à noite", o que aparentemente, é o dobro do que costumava haver antes, mas, quando Jess pergunta quatorze o quê, Sarah Jane apenas diz "pessoas". Certo.

Kyra e Mel se juntam a elas e também ficam chocadas com a revelação de que agora são quatorze, enquanto Jess e os leitores continuam acompanhando a conversa com cara de bobos. Antes que Jess possa pedir mais informações, Mark e Ben, os namorados de Sarah Jane e Kyra, respectivamente, chegam e se juntam a elas na mesa, e todas as preocupações são esquecidas. Mark e Ben são, obviamente, fortes, bonitos e descolados, porque Deus não permita que uma garota linda, inteligente e popular namore um cara feio. As Cindies têm bom coração, mas pra tudo há um limite, né? Depois de algum tempo, Ryan também chega e, milagrosamente, dessa vez Jess não derruba nada, não esbarra em ninguém nem fala nenhuma bobagem.

Depois que os três rapazes vão embora, Sarah Jane, Kyra, Jess e Mel vão para o quartel-general da Sociedade Cinderela, localizado em uma área super secreta dentro do Moinho, acessível somente depois que Sarah Jane passa um cartão magnético, digita dois códigos de segurança diferentes,  e... alguém aí assistia Agente 86?



Pois é. Mais ou menos por aí.

Finalmente, elas chegam ao QG, onde encontram Gaby preparando a reunião de orientação para as recém-iniciadas, que agora, finalmente, vão descobrir a que exatamente se refere o tal chamado que elas aceitaram durante a cerimônia da madrugada anterior.

Depois que todas as garotas chegam, Gaby se apresenta como a "Presidente Alfa" para o próximo ano, que irá dirigir as reuniões de nível Alfa e preparar as Cindies desse nível para o próximo passo na Irmandade. Geralmente alfa é o nível mais alto e não o inicial, mas isso deve ser só para pessoas pouco iluminadas como eu. É por essas e outras que ninguém nunca me convidou para fazer parte da Sociedade Cinderela.

Gaby conduz todas por um tour pelo quartel-general e cada nova Cindy recebe seu manual super secreto que não pode nunca, jamais, de jeito algum cair nas mãos dos não iniciados: o MTC - Manual de Transformação da Cinderela. E eu desafio alguém a escutar as palavras "transformação da Cinderela" e não visualizar esta cena:



Para crescente agonia de Jess, que não vê a hora de acabar a falação e começar o Bibbidi-Bobbidi-Boo, Gaby segue explicando sobre os níveis Alfa, Beta, Gama e Delta da Sociedade Cinderela, bem como da divisão do mundo em Cindies, Malvadas e Joviais. Basicamente, a missão dos membros da Sociedade Cinderela é combater o mal e proteger as Joviais, que são basicamente pessoas comuns que não sabem da existência dos outros dois grupos e que precisam da ajuda das Cindies para não se tornarem vítimas e/ou massa de manobra nas mãos das Malvadas.

E agora eu estou aqui sentada diante do computador, tentando organizar meus pensamentos para melhor expressar a quantidade de aspectos no mínimo duvidosos desse mundo em que a Sociedade Cinderela está inserida.

Por exemplo, as Malvadas (como as meias-irmãs malvadas da Cinderela). De acordo com a Gaby, o que caracteriza as Malvadas é o seu estilo de vida superficial, imediatista e irresponsável. Muito sexo casual, bebidas, às vezes drogas e até mesmo pequenos crimes. Não é bem a descrição de uma cidadã modelo, mas também não parece exatamente uma ameaça à sociedade, né? Essa é basicamente a descrição de qualquer adolescente sem juízo que não tem disciplina em casa. Na verdade, se a Sociedade Cinderela quisesse mesmo mudar o mundo, deveria estar trabalhando justamente com essas meninas enquanto elas ainda estão em idade de formação do caráter. Mas, ao invés disso, o que temos são adultos (porque certamente não são alunas de ensino médio que estão bancando e organizando esse quartel-general) incentivando adolescentes a ver suas colegas de escola encrenqueiras como suas antagonistas na batalha para a qual estão sendo treinadas. As palavras grifadas são literalmente as que são usadas no livro.

Porque se há uma coisa que está faltando na vida de uma garota de classe média-alta de 16 anos, é um pouco mais de drama.

"Eu sabia. Existe uma conspiração mundial contra pessoas como eu. Eu não vou ser feliz NUNCA."
© Mettus | Dreamstime.com - Girl In Sad Condition Photo

Já as Joviais (forma abreviada de Jovens Normais), apesar de terem, segundo a Gaby, "a força e habilidade para causar um grande impacto", pelo visto não são muito espertas, pois têm que ser protegidas pelas Cindies para não serem manipuladas pelas Malvadas. Note-se que essa proteção não inclui revelar para uma Jovial a existência dessas duas sociedades secretas (sim, porque as Malvadas também têm a sua própria organização): isso provavelmente seria demais para as pobres cabecinhas das Joviais, que não conseguiriam processar tanta complexidade. Ou a pessoa que escreveu o MTC nunca ouviu falar que conhecimento é poder, ou então ela não acha conveniente dar poder demais para as Joviais. Por que será, hem?

Agora, se você está se perguntando onde entram nesse esquema os homens e as mulheres que já passaram da idade de serem chamadas de Jovens Normais, vai ter que esperar mais um pouco porque eles não são importantes o suficiente para serem mencionados logo assim na primeira reunião.

E, pra encerrar, o mistério do número 14: todo ano, a Sociedade Cinderela recebe sete novas iniciadas e a organização das Malvadas (cujo nome eu já estou ansiosa para descobrir) faz o mesmo. E eu me pergunto: será que, lá no início, os fundadores das duas organizações combinaram? "Então tá: cada um só pode convidar sete meninas por ano. Combinado? Jura pela mãe mortinha?". O problema é que esse ano as Malvadas resolveram que dane-se o combinado, vamos convidar quatorze meninas e quero ver quem vai impedir.

"Será que a gente precisava avisar pras meninas da Sociedade Cinderela que estamos mudando o combinado?" "Amiga, acorda: nós somos as Malvadas!"
© BrainsilDreamstime.com - Group Of Girls Studying Photo

E é isso aí: 19% do livro já foi e Jess ainda não teve a renovação do seu guarda-roupa e nós ainda não descobrimos qual é a "nova face das mulheres", mas pelo menos o quarto dos gêmeos foi pintado, então este capítulo não foi um desperdício completo de tempo.