segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O Imenso Espaço Que a Ausência Ocupa

Outro dia, zapeando em busca de alguma coisa para ver na televisão, passei por "Amigas Com Dinheiro", um filme que eu já tinha visto há algum tempo atrás e do qual, francamente, nem gostei. Mas, como às vezes acontece com filmes ruins, há uma cena em particular nesse filme da qual eu gostei tanto que nunca esqueci.

A estória do filme gira em torno de quatro amigas, das quais três são casadas e uma, solteira. Uma das amigas, escritora, é casada com um também escritor e ambos trabalham em casa, compartilhando um escritório; todos os dias, os dois se sentam diante de seus respectivos computadores, um de frente para o outro, e vão trabalhando cada um em seu livro. E, ocasionalmente, um dos dois para, ergue os olhos do monitor e lê para o outro algo que acabou de escrever, pedindo uma opinião.

Lá pela metade do filme, esse casal se separa e o marido sai de casa. Ela está, então, sozinha no escritório um dia, trabalhando no seu computador como sempre, e de repente para de digitar e volta o olhar na direção da outra escrivaninha, que agora está vazia. E, embora na cena toda nenhuma palavra seja dita, fica claro que ela, por um brevíssimo instante, esqueceu que o marido não estava mais ali e o procurou com os olhos do outro lado da sala para lhe mostrar o que tinha escrito, como era hábito na sua parceria.

Da lembrança desta cena, minha mente saltou para outra cena de outro filme, "Terra dos Sonhos", este, sim, um filme do qual eu gostei muito. Ele conta a estória de uma família irlandesa de quatro pessoas (pai, mãe e duas filhas) que se muda para Nova York após a morte do terceiro filho. 

Nessa cena da qual eu me lembrei, o pai está brincando com as filhas, se fazendo de monstro e perseguindo as meninas pela casa, de olhos vendados. No auge da brincadeira, no entanto, ele estaca de repente no meio de uma frase e, aturdido, meio que senta, meio que cai no chão da sala. As meninas ficam confusas, a esposa corre até ele e tira a venda dos seus olhos e ele diz pra ela, baixinho para as filhas não ouvirem: "Eu estava procurando pelo Frankie."

Neste momento em que o pai baixou a guarda e estava brincando com as filhas, jogando o que era claramente um jogo inventado e particular deles, a mão se estendeu automaticamente e buscou a criança que deveria estar ali, que até algum tempo atrás estaria ali.

Porque a perda tem essa característica cruel de, em alguns casos, acontecer mais de uma vez. Mesmo quando a razão já aceitou e processou o fato de que a outra pessoa não está mais ali, outras partes da gente às vezes demoram mais para se ajustar a essa nova ordem das coisas. E aí, de repente, a mão se estende, o olhar procura, o nome errado vem aos lábios e por um segundo a pessoa ausente está não de volta, e sim presente como se nunca tivesse partido. E essa "presença não presente" dura só um instante, só o exato tempo suficiente para ser perdida novamente no instante seguinte, quando a mão agarra o vazio e a razão diz "Ah, é mesmo".

E que atire a primeira pedra quem nunca riu sozinho pensando no momento em que ia dizer "você não vai acreditar no que me aconteceu hoje", só pra lembrar que a pessoa que iria entender por que exatamente era tão interessante o que aconteceu hoje já não estava mais ao alcance.

© Dundja | Dreamstime.com - Missing Photo

domingo, 25 de janeiro de 2015

Quatro Comerciais Que Eu Ainda Não Entendi

O princípio básico da propaganda é razoavelmente simples: você tem um produto ou uma ideia para vender e precisa convencer as pessoas a comprá-lo ou, se já estão comprando, convencê-las a comprar mais.

"Não seja ridículo: é claro que você não tem cintos demais."
© Azulex | Dreamstime.com - Color Leather Belts Photo

No entanto, vários obstáculos podem se interpor entre você e o seu sonho de conceber e elaborar a campanha de marketing perfeita: o seu produto pode ter defeitos que nem a melhor das campanhas publicitárias pode disfarçar, outras campanhas melhores podem ser lançadas na mesma época do lançamento da sua, a sua verba pode não ser suficiente para pagar as locações e efeitos especiais caríssimos que você tem em mente... Ou talvez falte na sua equipe de criação aquele elemento fundamental em toda equipe: a pessoa que levanta a mão, interrompe a reunião e pergunta: "Sou só eu que estou achando que isso não está fazendo nenhum sentido?"

Porta dos Fundos na Fox

"Porta dos Fundos", para aqueles que estiveram sem acesso à Internet nos últimos dois anos, é uma produtora de vídeos de esquetes humorísticos que começou sua vida na Internet, tem seu próprio canal no YouTube e, recentemente, assinou um contrato com a Fox para exibir seus esquetes também na TV a cabo.

Eu, pessoalmente, não gosto de todos os esquetes deles, mas achei a maioria dos que eu vi engraçadíssimos. Até as chamadas do programa na Fox costumam ser muito engraçadas. Quanto ao programa em si, ainda não assisti. Por que não? Vejamos...


Pra quem não pode ou não quis tocar o vídeo, não faz mal: eu conto. O vídeo basicamente lista todos os motivos pelos quais eu não vou assistir na TV o que já está disponível na Internet:

"Os vídeos que fizeram sucesso na Internet e que você podia assistir a qualquer hora e em qualquer lugar vieram pra sua televisão; agora você só vai poder assisti-los no sofá da sala, no horário que a gente quiser, e você não vai poder mais rir sozinho ou compartilhar com os amigos, mas vai passar pelo constrangimento enquanto sua avó passa pela sala."

Eu disse que as chamadas do programa na Fox costumam ser muito engraçadas, né? Pois é, os links que eu coloquei no texto foram as chamadas número 1, 2 e 4. E esse vídeo aí de cima, acredite se quiser, não foi feito pela concorrência ou por um fã frustrado com as limitações da nova mídia escolhida. Essa é a chamada número 3 do programa "Porta nos Fundos" exibido pela Fox e explica de forma bem clara todos os motivos pelos quais eu não assisto o programa.

Eu entendo (e acho excelente) a estratégia de apontar as próprias falhas antes que outro o faça. Passa uma imagem de honestidade e autocrítica essencial para estabelecer uma relação de confiança com o público. Mas, no caso da chamada do programa, ficou faltando a segunda parte dessa estratégia: dizer por que, mesmo com todos esses pontos negativos, eu deveria assistir o programa. Se era só para deixar o programa marcado na mente das pessoas, eles já tinham três chamadas muito engraçadas fazendo isso. Então, o objetivo era... ser mencionado no meu blog? Uau, tenho certeza de que isso vai contribuir de forma significativa para aumentar a audiência deles.

Mitsubishi L200 Triton 2015

A L200 Triton da Mitsubishi é uma picape que, de acordo com o fabricante, pode andar até 1.000 Km sem precisar reabastecer. Se essa afirmação é verdadeira ou não, eu não sei, mas esta é a propaganda que eles usaram para divulgar esse fato:



O casal está sentado na varanda de casa quando o namorado da filha chega de carro para buscá-la. Os pais da moça aparentemente estão vendo o carro dele (uma picape L200 Triton) pela primeira vez, porque o pai se vira para a mãe e diz, apontando para o carro: "Não era você que queria um bom partido para nossa filha?". Ah, entendi, ter um carro desses não é pra qualquer um: se o cara pode bancar um Mitsubishi L200 Triton, é um bom partido. O tema da mãe que anseia ver a filha casada com um bom partido (e o conceito de que "cheio da grana" é sinônimo de "bom partido") é meio anos 50, mas vá lá. Propaganda retrô.

Sobre imagens do carro passando por diversos cenários, sempre em movimento, o locutor anuncia os méritos do carro ("mais autonomia, maior tanque da categoria, ou seja, anda muito tempo sem precisar abastecer"). Sobem os créditos, vamos para o próximo comercial... opa, peraí, o comercial não acabou. O casal está voltando, meses depois, pelo visto, já que, embora os dois ainda estejam vestindo as mesmas roupas de quando saíram, a moça está visivelmente grávida. Agora é a vez da mãe virar para o pai e dizer, com um sorriso irônico: "Não era você que queria um netinho... vovô?"

Oi? Como assim? A mesma mãe que estava tão preocupada em se certificar que a filha conseguisse um bom partido agora está rindo da cara de tacho do pai porque, Ha-ha! Sua filha está grávida! Não vem ao caso discutir se é ou não motivo de zombaria o fato de que a filha solteira de alguém está grávida: a questão é que, se é pra zombar de alguém por causa das escolhas da filha dele, convém certificar-se antes de que ela não seja sua filha também. Caso contrário, é como aquela cena clássica em que um irmão xinga a mãe do outro.

Fora o fato de que, se eles passaram meses na estrada com uma única muda de roupa cada um, está na hora de rever esse conceito de bom partido, hem, minha senhora? Essa criança deve ter sido concebida no banco de trás do carro.

Campari – Festa do Vermelho

Eu nunca bebi Campari na vida, portanto não posso atestar se a bebida é boa ou não. Mas não faz mal, porque quem concebeu a campanha "Festa do Vermelho" acha que o sabor da bebida não é um fator decisivo na hora da compra. O importante, mesmo, é a sua cor e capacidade de instigar o vandalismo em quem a bebe.



Então, vejamos: o rapaz, que obviamente não sabe ler ou não é bom em seguir instruções, está na fila para entrar na "Festa do Vermelho" vestindo uma camisa branca e calça jeans. A moça, mais esperta (ou menos daltônica) do que ele, passa por ele, as mãos dos dois se roçam e rola uma química. Ela entra na festa (furando a fila, diga-se de passagem) e quando ele tenta segui-la é barrado na porta, já que, como está escrito em letras grandes e luminosas na entrada, esta é a Festa do Vermelho. Todas as pessoas na festa (e na fila) estão vestindo pelo menos uma peça de roupa vermelha, menos o nosso amigo que faltou à aula na pré-escola no dia em que a tia ensinou o nome das cores. Ou isso ou o cara tomando conta da porta não quis acreditar quando ele garantiu que estava de cueca vermelha.

Ele, então, dá de ombros e faz uma cara assim de "fazer o quê, né?" para a candidata a peguete, mas ela, moça decidida e batalhadora que não tem medo de lutar pelo que quer, passa a mão no copo de Campari mais próximo e joga a bebida na camisa dele, deixando uma mancha vermelha enorme que eu du-vi-do que vá sair. O rapaz pensa, "bom, a camisa eu já perdi, mesmo: pelo menos vou dar uns pegas nessa doida garota pra noite não ser um prejuízo total". E entra atrás dela, já que agora, tecnicamente, ele está vestindo uma camisa vermelha.

E até aí eu até ainda estava acompanhando a estorinha, por mais boba que fosse. O problema é que o resto das mulheres na festa vê o que ela fez e começa também a jogar Campari na roupa de todos os homens na festa. Dos homens, que, repito, já estão de camisa vermelha. Ou seja, essas loucas não têm a menor ideia de por que a outra fez aquilo: elas apenas viram uma mulher jogando um copo inteiro de Campari na camisa branca de um cara e pensaram "Que máximo! Também vou fazer isso!".

Quando, no fim da propaganda, o locutor apenas recita o slogan do produto "Campari: só ele é assim", deve ser porque os advogados da companhia recomendaram que cortassem a parte em que ele acrescentava "deixa o mulherio enlouquecido e mais predisposto a fazer bobagem".

Mitsubishi Pajero Dakar 2015

Oi, Mitsubishi! Vocês por aqui de novo? Quem foi que contratou essa empresa de publicidade que atende vocês, hem? Sai muito caro rescindir esse contrato?



Esta singela propaganda da Pajero Dakar começa com diversos objetos caindo no chão e se espatifando: um candelabro de cristal, um vaso de porcelana, um piano de cauda. O locutor anuncia: "Luxo não é nada sem resistência" e a próxima cena é uma Pajero Dakar caindo de uns dois metros de altura e ficando intacto (externamente, pelo menos).

Em primeiro lugar, eu quero dizer que entendi que a ideia não é dizer que a Pajero Dakar é resistente porque ela resiste a uma queda que destruiria um vaso de porcelana. Isso seria idiota demais até pra ser zoado. Mas mesmo assim a propaganda não funciona pra mim, porque o slogan "luxo não é nada sem resistência" não se aplica aos objetos que eles mostraram: candelabros, vasos e pianos não são feitos para serem resistentes a quedas. Ao comprar um candelabro, as pessoas levam em consideração muitas coisas e luxo pode ou não ser uma delas, mas resistência a quedas certamente não é. Ou seja, para alguns artigos, luxo sem resistência é, sim, muita coisa.

Se você quer anunciar para o mundo o quanto o seu carro luxuoso é melhor do que outros carros luxuosos porque ele é mais resistente do que eles, mostre cenas de destruição com outros carros, e não com coisas que podem ser destruídas por uma faxineira descuidada ou uma criança de sete anos jogando futebol dentro de casa.

Fenômenos Paranormais 2

Depois de ter assistido Fenômenos Paranormais, descobri que existe um Fenômenos Paranormais 2. O primeiro filme tem seus altos e baixos, mas, no geral, gostei dele, por isso resolvi assistir o segundo para ver no que deu. Como os roteiristas são os mesmos do primeiro filme mas desta vez eles deram a direção para o John Poliquin, já sabemos de quem vai ser a culpa se o segundo filme não prestar (brincadeirinha, John: eu já assisti os primeiros dez minutos de filme e nenhum diretor conseguiria salvar esse desastre).

Depois dez minutos de "comédia" universitária ao estilo American Pie, dois universitários (Alex e Trevor) que têm um vlog sobre filmes de terror começam a receber mensagens e vídeos que dão a entender que o primeiro filme não foi ficção, e sim um documentário feito com gravações reais da equipe que passou a noite no hospício assombrado do primeiro filme e desapareceu lá. Ou seja, Bruxa de Blair e Bruxa de Blair 2.

Meia hora de falação depois, a pessoa que está enviando as mensagens revela que mora no Canadá, perto do hospício onde tudo teria acontecido (O primeiro filme se passou no Canadá? Sério?), e marca um encontro com eles para contar o que sabe. E assim, os cinco gênios (os dois amigos donos do vlog e mais três) viajam para um país estrangeiro para invadir um edifício interditado às três da madrugada e se encontrar com alguém que eles nunca viram na vida, cujo nome não sabem qual é, e que só conhecem através de mensagens enviadas pela Internet sob o pseudônimo DeathAwaits (A morte espera). Afinal, se você não puder confiar em pessoas que te mandam mensagens anônimas pela Internet, vai confiar em quem, né?

Informação adicional para quem não assistiu o primeiro filme ou não se lembra: "Death Awaits" era a frase que os integrantes da equipe de filmagem do primeiro filme encontraram pichada na porta do hospício ao chegar lá.

E assim, depois de quarenta excruciantes minutos de filme, Alex, Trevor, Jennifer, Tessa e Jared finalmente estão dentro do hospício, filmando uma abertura bem parecida com a que a equipe do filme original filmou antes de ser massacrada pelos espíritos do lugar, e me ocorre agora que, se Alex e cia. estão tão convencidos de que o primeiro filme foi real e de que as cinco outras pessoas que tentaram fazer a mesma coisa que eles estão fazendo ali foram mortas de maneira horrível, por que é que eles acham que com eles vai ficar tudo bem?

Jennifer anuncia para a câmera que o prédio é imenso e é super fácil alguém se perder ali, por isso eles trouxeram bastões fluorescentes para marcar o caminho (bastões estes que os espíritos malignos não vão tirar do lugar, porque, afinal de contas, eles são malignos mas têm espírito esportivo), um aparelho de GPS (que vai ser super útil quando o prédio começar a mudar como no primeiro filme, com corredores e salas novas brotando do nada) e umas, sei lá, sirenes? Um negócio que faz um barulho danado para eles poderem se achar caso algum deles se perca do grupo. Aparentemente, o combinado, então, é nunca se separar do grupo e cada um sempre carregar uma dessas sirenes consigo só por precaução. Vamos ver quanto tempo vai demorar e quem vai ser o primeiro a desrespeitar uma dessas duas regras. Eu aposto na própria Jennifer.

Às 3h25, DeathAwaits ainda não deu as caras e eles já brincaram de Ghost Hunters por quase meia hora quando encontram um tabuleiro Ouija, que usam para tentar se comunicar com os espíritos do local. O primeiro a responder é, imaginem só, DeathAwaits, que é, na verdade, um dos espíritos aprisionados no hospício. Isso explica porque, mesmo depois de tanta troca de mensagens, ele ainda não mandou uma solicitação de amizade no Facebook.

Os cinco ainda estão processando essa informação quando a mesa sobre a qual está o tabuleiro Ouija voa longe e se choca contra a parede. Todos começam a gritar ao mesmo tempo e saem correndo procurando a saída e, embora nessa hora ninguém se lembre de procurar pelos bastões fluorescentes ou de consultar o GPS, ponto para eles por pelo menos permanecerem todos juntos. Eles se trancam em uma sala qualquer, mas a porta é arrombada e por ela entra... o mesmo segurança que já tinha expulsado os cinco do terreno do hospício mais cedo naquele mesmo dia e que está, compreensivelmente, uma fera.

Enquanto Alex e Trevor discutem com o segurança porque não querem ir embora antes de recolher todo o material de filmagem que espalharam pelo local, eles escutam um barulho vindo do andar de cima e o segurança, obviamente não acreditando quando eles dizem que não há mais ninguém com eles, sobe para investigar. Sem levar bastões fluorescentes, nem o GPS nem uma sirene. Francamente.

Assim que o segurança sobe as escadas, os cinco começam a discutir entre si porque o Alex está preocupado em não ir embora sem o equipamento de filmagem, que pertence à universidade, os outros quatro estão preocupados em fugir dali para não serem presos por invasão de propriedade e, pelo visto, ninguém está mais preocupado com o fato de que os espíritos malignos já mataram cinco pessoas ali e uma mesa acabou de sair voando sozinha porque, afinal de contas, prioridades, né, gente?

No meio da discussão, eles ouvem tiros vindos lá de cima e, enquanto eu ou você a essa altura do campeonato já teríamos cruzado a fronteira de volta para os Estados Unidos e estaríamos em casa, na cama, com as cobertas puxadas até a cabeça, os cinco sobem para ver o que aconteceu. Esse pessoal de filme de terror é sempre assim: não pode ver um tumulto que já tem que ir lá dar palpite. No andar de cima, eles encontram a lanterna do segurança caída no chão e todos voltam a insistir com o Alex pra darem o fora dali, mas ele não apenas se recusa a ir embora sem o equipamento de filmagem como ainda convence os outros a se dividirem em dois grupos para recolher as coisas mais rápido. Não sei quem levou o GPS, mas não estou vendo ninguém marcar o caminho com os bastões fluorescentes. Ou seja, a estratégia pra ninguém se perder só durou vinte minutos.

E, como já virou zona mesmo, por que não dividir os dois grupos em grupos ainda menores? Corta para o Jared entrando em uma sala e gritando por cima do ombro: "Tessa, achei a sala!" e a voz da Tessa, vinda de algum lugar lá atrás, perguntando "Onde?". Tchau, Jared.

Antes de continuar, parênteses rápido pra dizer que um dos motivos pelos quais o Alex está tão decidido a não sair dali sem o equipamento de filmagem é que ele pertence à universidade e custa, segundo o próprio Alex, pelo menos US$ 50 mil. E eu pergunto: quantas câmeras com visão noturna e sensor de calor essa universidade tem que pode emprestar meia dúzia delas pra qualquer estudante que resolve fazer um documentário independente em outro país? Estou começando a desconfiar que o motivo de o Alex estar tão obstinado é que ele roubou esse equipamento da universidade e está querendo devolver antes que deem falta. Fecha parênteses.

Enquanto eu estava aqui divagando sobre preços de câmeras e a integridade moral do Alex, uma janela às costas do Jared se abriu com um ruído sinistro. Ele se vira para alguém que a câmera não mostra, pergunta "o que você está fazendo aqui?" e, em resposta, é atirado pela janela. Não pela janela aberta, e sim por outra que estava fechada, pra fazer bastante barulho e a Tessa finalmente chegar, ver a vidraça quebrada e entrar em pânico.

Alex, Trevor e Jennifer vêm correndo quando ela toca a sirene, pegam a câmera que o Jared tinha ido lá para buscar, assistem o que aconteceu e finalmente se lembram dos espíritos malignos que foram o motivo de eles terem ido para lá e resolvem cair fora dali, com ou sem equipamento de filmagem.

Aparentemente, enquanto eu não estava olhando alguém usou alguns dos bastões fluorescentes para marcar o caminho, porque eles seguem os bastões e as placas de saída pelo corredor até chegar a uma parede. Porque o prédio, mais uma vez, se modificou para impedir que eles escapassem. Exatamente como aconteceu no primeiro filme. A diferença é que daquela vez foi legal porque ninguém sabia que aquilo ia acontecer, ao passo que dessa vez todo mundo sabia, inclusive esses idiotas que estão aqui justamente porque assistiram o filme.

E assim, na falta de coisa melhor pra fazer, os quatro começam a vagar a esmo pelo prédio até que chegam na ala infantil, onde encontram a pequena Kaitlin. Jennifer se aproxima dela toda delicada, perguntando o que aconteceu e o que ela está fazendo ali, porque pode ser mesmo que aquela seja só uma doce menininha perdida naquele hospício abandonado às quatro horas da madrugada, e Kaitlin faz aquela famosa pergunta que qualquer conhecedor de estórias de terror conhece e teme: "Você quer brincar comigo?". E, como nada de bom jamais aconteceu depois que uma criancinha disse essa frase em um filme de terror, Kaitlin faz aquela que pra mim vai ser sempre a "cara de 'O Grito'" (ou de O Grito), todo mundo sai correndo e, na confusão, a Tessa fica pra trás, uma parede surge onde não havia nenhuma e ela se separa do grupo. E morre.

Alex, Trevor e Jennifer circulam mais por ali até que encontram o tal segurança preso a uma maca e recebendo choques. O Alex desliga a máquina e tenta soltar as amarras, mas, antes que ele consiga, a máquina se liga de novo sozinha, os choques recomeçam e de repente o segurança começa a pegar fogo, o que... é possível, eu acho? Sei lá. Apesar dos sustos ocasionais, o filme está meio chato.

Depois de zanzar mais um pouco, os três encontram uma janela que, apesar de fechada com uma tela de metal, está com uma ponta da tela meio solta e por isso eles resolvem arrombá-la para tentar sair dali. Eles conseguem arrancar a grade, mas pelo visto o edifício se modificou de novo para atrapalhar a vida deles, pois pela janela entra o que é ou a manifestação corpórea de um dos espíritos malignos ou um paciente que foi deixado para trás e não come nada desde que o hospício foi abandonado.

Sai todo mundo correndo de novo e, na sorte, encontram a escada que leva ao andar debaixo. Nessa hora o espírito maligno responsável por modificar o prédio em momentos estratégicos para impedir que eles escapassem tinha ido ao banheiro e não voltou a tempo de mudar a porta de lugar ou de criar um corredor extra, por isso todos conseguem passar pela porta e sair do prédio. Quer dizer, todos menos a criatura que os estava perseguindo: essa virou pó quando tentou cruzar a porta. O que me leva a perguntar: se DeathAwaits também está morto e os mortos não podem sair do prédio, como é que ele conseguiu mandar aquelas mensagens para o Alex? Será que algum dos que morreram no primeiro filme deixou um notebook ou um celular para DeathAwaits poder usar? Se dentro do hospício não pega sinal de celular (tanto o pessoal do primeiro filme quanto o pessoal do Alex já tentou pedir socorro e não tinha sinal), de quem será o WiFi que DeathAwaits está roubando pra mandar essas mensagens e vídeos pro Alex? Fazer filme de terror no século XXI é coisa séria, gente.

Lá fora, eles passam batido pelo corpo do Jared (que tinha sido jogado pela janela, lembram?), entram no carro e saem dali, voltando para o hotel onde estavam hospedados. A Jennifer quer chamar alguém, avisar a polícia, qualquer coisa assim, mas é voto vencido porque o Alex e o Trevor só querem dar o fora dali e telefonar pra avisar depois que já estiverem a uma distância segura (de preferência do outro lado da fronteira).

Os três entram no elevador (com uma camareira parada na outra ponta do corredor olhando para eles de forma absolutamente normal, mas mesmo assim dando um toque sinistro à cena), o elevador desce e, quando as portas se abrem... eles estão de volta ao porão do hospício. Não faz o menor sentido com o resto do filme, mas é bacana. Interessante também é que a cena deles dentro do elevador é filmada pela câmera de segurança do elevador do hotel, enquanto que o que eles veem à sua frente quando a porta se abre é filmado pelas câmeras que o Alex e o Trevor ainda estão carregando. Tudo bem que já era pra eles terem desligado as câmeras a essa altura do campeonato, mas, ainda assim ficou legal.

Eles saem do elevador, compreensivelmente surtados e, depois de uma passagem de tempo de duração não especificada, há um novo tumulto, gritaria, a câmera com sensor de calor detectando um monte de espíritos à volta deles, e de repente aparece um homem esquelético, com barba e cabelo desgrenhados e roupas esfarrapadas que os chama para segui-lo por uma passagem que parece um duto de ventilação. O Trevor fica para trás, dá de cara com outra mulher com cara de "O Grito" e ela avança nele, mas depois disso a cena corta para ele chegando no esconderijo para onde o barbudo levou o Alex e a Jennifer, então, sei lá. Vai ver ela só queria bater um papinho.

Mesmo com a barba, o cabelo, a sujeira, a magreza e a cara de maluco, o Alex consegue reconhecer no barbudo o Sean Rogerson, um dos atores que fez o filme original. Ele interpretou o Lance, que terminou o filme olhando para a câmera e anunciando que finalmente estava curado e podia ir para a casa, depois de ser operado pelos "médicos" do hospício.

E aqui vou abrir outro parêntese para dizer que Sean Rogerson é mesmo o nome desse ator: o cara está interpretando a si mesmo em um filme sobre como ele entrou em um hospício abandonado para fazer um filme no qual interpretava um apresentador que entrou em um hospício abandonado para fazer um documentário. Mais meta, impossível. Fecha parênteses.

Depois de uma cena absolutamente nojenta do Sean/Lance comendo um rato vivo, igual ao primeiro filme (sério, gente, isso é algum fetiche dos roteiristas?), o Alex pede que eles os ajude a sair dali, porque claro que ele sabe como sair e passou os últimos anos naquele lugar só de farra. E aí acontece a melhor cena do filme, em que o Alex explica que, não, eles não são pacientes e sim estudantes de cinema que invadiram o prédio e o Sean pergunta (em nome de toda a audiência) "Por que vocês fariam uma coisa dessas?". Quando o cara louco, sujo e esfarrapado que come ratos vivos te faz essa pergunta está na hora de você rever todas as decisões que já tomou e que te trouxeram até esse ponto na sua vida.

O Alex explica, então, que eles estão ali porque queriam descobrir a verdade sobre o filme do Sean. Ah, bom, agora que você explicou dessa maneira lógica e racional...

Quando o Sean não sabe de que filme eles estão falando, o Alex pega um tablet e mostra a ele um trecho do filme, no qual o Sean reconhece a atriz Ashleigh Gryzko, que interpretou a Sasha no primeiro filme, e diz que "eles" a levaram, Quando o Alex o pressiona para que ele os ajude a sair dali, no entanto, o Sean diz que as chaves estão com o Kenny, o que é esquisito porque o zelador do prédio no primeiro filme realmente se chamava Kenny Sandoval, mas esse era o nome do personagem, e não do ator (Bob Rathie). Pode ser uma pisada de bola dos roteiristas ou pode ser que o Sean já esteja confundindo o filme com a realidade.

Enfim, o Sean obviamente não é de grande ajuda, mas enquanto ninguém tem uma ideia melhor Alex, Trevor e Jennifer vão ficando por lá, cada vez mais desanimados. Sem dizer nada, o Sean pega uma tesoura e começa a cortar o próprio cabelo e barba até ficar razoavelmente parecido com o que era na época do primeiro filme. O Trevor resmunga que não confia nele, a Jennifer muito sensatamente pergunta quem deixou o doido pegar uma tesoura, mas o Alex garante que ele não é perigoso e o Alex até agora tem se revelado um excelente líder que nunca mete seus amigos em roubada, então acho que está tudo bem.

O Sean guia os três até uma porta vermelha fechada com correntes e, apesar de ser uma porta cenográfica no meio da sala, que não leva a lugar nenhum, ele garante que, se eles puderem atravessá-la, conseguirão sair dali. O Trevor diz que eles tinham uma bolsa de ferramentas com um alicate que poderiam usar para cortar a corrente, mas a perderam. Pela descrição que ele faz do local em que eles perderam a bolsa, o Sean conclui que foi na sala de hidroterapia e os quatro saem em busca da sala, que o Sean garante que sabe como achar porque ele tem uma planta do prédio (que deve ser mágica, né, já que o prédio fica mudando o tempo todo...). Enfim, muitas paredes falsas, cômodos que desaparecem e reaparecem e salas que giram depois, eles finalmente chegam à tal sala, encontram a bolsa e... deitam pra dormir já que, pra que a pressa, né?

No meio da noite, enquanto todos dormem, uma das câmeras sai flutuando no ar, filma cada um deles dormindo durante o sono sem nenhum motivo aparente e depois volta pro lugar. Bu. Nossa, fiquei tão impressionada. Logo em seguida, o Trevor acorda, pega essa mesma câmera e vai para um cômodo afastado dos outros pra gravar uma mensagem de despedida para o caso de ele morrer e a câmera ser encontrada. E eu até poderia reclamar por ele estar se separando do grupo sem levar bastões fosforescentes, sirene ou GPS, mas já passamos do ponto em que isso é relevante.

Antes que o Trevor termine de gravar a mensagem, o Sean chega e o mata, ao mesmo tempo pedindo perdão e explicando que "ele" o obrigou a fazer isso. Em seguida ele vai embora, seguido pela câmera que começa a flutuar de novo.

Corta para Alex e Jennifer encontrando o corpo do Trevor e descobrindo que, apesar de ter levado todo o equipamento deles, o Sean deixou o mapa que os dois agora pretendem usar para retornar à porta vermelha antes dele. Não sei se eles ainda acreditam nessa história da porta vermelha ou se simplesmente precisam de alguma coisa pra fazer.

Enquanto isso, o Sean está zanzando pelos corredores, incorporando alternadamente diferentes personagens do filme original, dando risadas maníacas e basicamente surtando em grande estilo. Finalmente, ele chega à porta vermelha, corta as correntes com o alicate e atravessa a porta quase chorando de alívio. E sai do outro lado da sala do mesmo jeito, porque continua sendo uma mera porta cenográfica no meio da sala e que não leva a lugar nenhum. O Sean fica furioso porque "alguém" mentiu para ele. Segundo ele, "alguém" prometeu que um deles sairia pela porta vermelha e, aparentemente, ao matar o Trevor ele teria garantido que esse um seria ele. Em resposta, o tal "alguém" faz aparecer na parede as palavras "traga os outros", e eu não tenho ideia de quem sejam esses outros que ele precisa trazer, mas o Sean argumenta que não tem como fazer isso já que "alguém" não o deixa sair dali, então não devem ser o Alex e a Jennifer, já que esses já estão no prédio. Né? Eu acho.

Mais parênteses. Vou chamar o "alguém" de DeathAwaits até prova em contrário pra não ficar usando aspas o tempo todo e porque o blog é meu e eu resolvi que sim. Fecha parênteses.

DeathAwaits responde, então, escrevendo na parede que o Sean precisa pegar as fitas e aí eu já não sei mais nada, porque se os outros que o Sean tem que trazer não forem o Alex e a Jennifer, então as fitas em questão também não devem ser as que eles estão gravando. Por outro lado, se não são essas fitas, quais podem ser, então? Não sei quanto a vocês, mas eu desisto: quando o Sean pegar as tais fitas, sejam elas quais forem, eu descubro.

E aí a sala toda treme e aparece escrito, em letras garrafais: "Termine o filme". E lá se vai o Sean pegar as fitas, terminar o filme ou, sei lá, achar mais um rato pra comer.

Corta para o Alex e a Jennifer chegando no centro cirúrgico. Eles estão lá dentro quando chega a equipe cirúrgica e dois se escondem dentro de um armário, de onde eles espiam umas cenas confusas, alternando entre filme colorido e preto e branco, do que parece ser uma lobotomia. De repente, do nada, o médico está segurando um bebê, tem um pentagrama desenhado no teto, uma enfermeira com cara de "O Grito" e os dois saem correndo de dentro do armário e corredor afora. Sinto muito, mas é tudo muito confuso: já assisti a cena duas vezes e não entendi nada.

Depois de muito correr, os dois chegam na porta vermelha e encontram o Sean cercado de câmeras flutuantes e exigindo que eles entreguem as suas câmeras para que ele possa terminar o filme e, assim, conseguir sair dali. E eu resolvi que vou ignorar a parte sobre DeathAwaits querendo que ele "trouxesse os outros" e ele argumentando que não podia fazer isso porque não podia sair dali, porque esse filme já gastou mais tempo de processamento do meu cérebro do que a estória merece.

O Alex diz ao Sean que não vai entregar câmera nenhuma porque, se só quem terminar o filme sai dali, quem vai terminar e sair é ele. Na verdade, não: ele diz para o Sean não ser idiota porque ele não tem equipamento de edição ali e não conseguiria terminar filme nenhum com as gravações daquele monte de câmeras. Ou melhor, ele diz que as câmeras são a única fonte de luz de que eles dispõem naquele breu e ele não vai entregá-las para o Sean nem para ninguém. Não, gente, também não é isso: o Alex diz que não vai deixar o Sean terminar o filme porque o filme é dele, e não do Sean. Sério, é isso que ele diz. Isso é que é ser comprometido com a sua arte.

Os dois saem no braço, e, de repente, um vortex se abre na parede e suga o Sean, que se vai aos gritos de "Você prometeu! Você prometeu! Mentiroso!". Quando o vortex finalmente se fecha, o Alex diz para a Jennifer que descobriu como sair dali: ele vai terminar o filme e ela vai ser a estrela. Jennifer, eu até diria pra você dar o fora daí agora, mas ao longo de todo o filme você demonstrou tão pouca iniciativa e espírito independente que, francamente, a quinze minutos do fim do filme, é meio tarde demais pra virar protagonista, amiga. Mais sorte no próximo filme.

E, assim, o Alex mata a Jennifer a golpes de câmera e promete para DeathAwaits que vai fazer o filme e que ele será um sucesso. E como aparentemente tudo o que DeathAwaits queria eram os seus quinze minutos de fama e em 2011 ainda não tinha Big Brother no Canadá, o Alex atravessa a porta vermelha e vai parar em um terreno ao ar livre, de dia.

Quase um mês depois, um carro de polícia para o Alex andando no meio de uma rodovia em Los Angeles, à noite. Na legenda diz que hoje é dia 05/12, mas na câmera da viatura diz que é 04/12, mas vamos deixar isso pra lá que o filme já está no fim e é tarde pra ser coerente. De qualquer modo, na última imagem gravada pela câmera do elevador do hotel estava marcando 04/11, de modo que ou o tempo passa diferente dentro daquele hospício ou o Alex veio andando desde o Canadá e está vagando por aí há um mês carregando uma sacola com todas aquelas câmeras que ele trouxe de lá. Vamos apostar no tempo passando de forma diferente, porque ele não está nem com uma sombra de barba por fazer.

Os policiais mandam o Alex parar e, apesar de ele obedecer, e de eles serem dois policiais fortes e armados contra um rapaz magrelo e com ar desnorteado, eles pedem reforços pelo rádio, jogam o Alex sobre o capô da viatura e um deles o algema enquanto o outro mantém a arma apontada o tempo todo para o elemento perigosíssimo que só está pedindo para que eles não tomem suas câmeras, já que ele ainda precisa terminar o filme.

Aparentemente, depois de jogar o Alex na viatura, os policiais pelo menos voltaram pra buscar a sacola com as câmeras que ficou jogada no chão enquanto eles o agarravam e algemavam, já que na próxima (e última) cena ele está dando uma entrevista sobre "Fenômenos Paranormais 2". E eu espero que os policiais pelo menos tenham esperado o reforço que pediram pelo rádio chegar pra explicar que eles dominaram o elemento sem esperar pelos reforços e em menos de trinta segundos, e para pedir desculpas por tê-los feito perder a viagem.

O filme termina com a entrevista, que acontece em outubro de 2012, ou seja, um ano depois do início do filme e dez meses depois de o Alex ser parado pelos policiais, e ele dá a entrevista junto com o Jerry Hartfield, produtor do primeiro filme. O Jerry diz que o Alex é um rapaz brilhante e um diretor de futuro que apareceu no escritório dele com seu filme, "Fenômenos Paranormais 2", enfatizando que se trata de uma ficção é que é tudo montagem e eu fico imaginando como é que ele convenceu as famílias e amigos mais próximos da Jennifer, Trevor, Tessa, Jared e do segurança, cuja morte foi filmada e exibida no filme (a morte da Jennifer está passando em um telão ao fundo durante a entrevista) a não contar para ninguém que eles nunca mais foram vistos nem deram notícias. No início do filme, fala-se de indenizações astronômicas e acordos de confidencialidade para as famílias dos cinco atores do primeiro filme, de como o estúdio quase foi à falência daquela vez. A bilheteria desses dois filmes deve ter sido maior que a de todos os filmes do Harry Potter juntos.

Resumo da ópera: depois do primeiro "Fenômenos Paranormais", achei esse cheio de furos e meio chato. A parte mais divertida do filme foi escrever este post. Essa coisa meta de filme dentro do filme dentro do filme dentro do etc etc etc até que era uma boa ideia, mas no fim acabou ficando uma confusão só. No fim, eu acabei voltando para o começo do filme e fui revendo umas partes, pausando e fazendo anotações pra tentar entender esse rolo (spoiler alert: não consegui) e o que eu concluí foi o seguinte:

"Fenômenos Paranormais" foi um filme sobre a equipe de uma série de TV de mesmo nome que foi fazer um documentário picareta em um hospício com fama de assombrado, mas o hospício era assombrado mesmo e nenhum deles nunca mais foi visto. Faziam parte do elenco do filme:

AtorPersonagemProfissão
Ben WilkinsonJerry HartfieldProdutor da série "Fenômenos Paranormais"
Sean RogersonLance PrestonApresentador da série
Ashleigh GryzkoSasha ParkerEspecialista em ocultismo
Merwin MondesirT. C. GibsonOperador de câmera
Juan RiedingerMatt WhiteResponsável técnico
Mackenzie GrayHouston GrayMédium
Bob RathieKenny SandavolZelador do prédio

Até aqui, tudo bem, né? Todo mundo acompanhando? Beleza.

Daí vem "Fenômenos Paranormais 2". No universo em que este filme se passa, "Fenômenos Paranormais" foi um filme lançado no cinema como sendo de ficção. Ou seja, Jerry, Lance, Sasha etc não existem: são apenas personagens interpretados por Ben, Sean, Ashleigh etc. Só que Alex e Trevor começaram a receber pistas de que o "Fenômenos Paranormais" aconteceu de verdade e resolveram investigar. O que eles concluiram foi que Sean, Ashleigh, Merwin, Juan e Mackenzie entraram no hospício para fazer um filme sobre um documentário sobre fantasmas que deu errado, mas, infelizmente para eles, os fantasmas eram muito reais, e mataram Ashleigh, Merwin, Juan e Mackenzie e aprisionaram Sean.

Evidência a favor disso: quando Alex e Trevor começaram a investigar, eles tentaram entrevistar a mãe do Sean, não do Lance. Quando eles estavam filmando o local em que o personagem T.C. morreu no primeiro filme, o Alex se referiu a ele pelo nome do ator, Merwin Mondesir. Quando o Sean viu uma cena do filme em que a Ashleigh apareceu, ele a identificou como Ashleigh e não como Sasha.

Evidência contra: quando o Sean se referiu ao zelador do prédio, ele se referiu a ele como Kenny, que era o nome do personagem e não do ator. O produtor do filme "Fenômenos Paranormais", que apareceu no início do segundo filme e de novo no fim dando entrevista junto com o Sean, se chamava Jerry Hartfield (nome do personagem no primeiro filme), e não Ben Wilkinson (nome do ator).

Assim, a teoria número 1 (a estória de "Fenômenos Paranormais" aconteceu de verdade e todos aqueles personagens eram pessoas reais, membros da equipe de filmagem do documentário que morreu lá dentro) caiu por terra no instante em que todo mundo começou a se referir aos cinco pelos nomes dos atores, e não dos personagens.

A teoria número 2 ("Fenômenos Paranormais" foi um filme que deu errado, todas aquelas pessoas eram atores e os cinco que entraram no hospício morreram/desapareceram durante as filmagens) também foi pro vinagre quando se viu que, embora os cinco personagens que entraram no hospício fossem atores, e não pessoas reais, os demais (o zelador, o produtor) eram reais, sim. O apresentador Lance Preston era só o ator Sean Rogerson interpretando um personagem, mas o produtor Jerry Hartfield era ele mesmo.

O mais perto que cheguei de uma solução foi uma teoria número 3 segundo a qual os cinco dentro do hospício eram atores interpretando personagens e o resto da equipe era de verdade. Nesse ponto eu fiquei de saco cheio e resolvi acabar de assistir o filme logo. Se alguém tiver uma teoria melhor, cartas para a redação.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Limonada

Eu sempre tive horror a esse negócio de "suco verde". Eu já não sou, assim, super chegada em verdura, só como porque faz bem e é necessário; a ideia de colocar verdura no suco, então, eu achava uma excelente maneira de estragar uma coisa tão boa que é suco. Até que tive uma consulta com uma nutricionista tão legal que até vou fazer propaganda de graça aqui: Dra. Daiana Serpa, da Nutrate. Ela foi tão simpática e teve tanta boa vontade pra responder à lista de perguntas que eu levei pra consulta que quando, no fim da consulta, ela me perguntou se eu aceitaria experimentar um suco verde, não tive coragem de dizer que não.

Saí do consultório com a receita de gelo verde na mão, passei no supermercado para comprar os ingredientes e, quando chegou a hora de provar o tal suco, descobri que acho ótimo. E, assim, três meses depois, após algumas experiências com a receita, publico aqui a minha nova receita preferida de limonada.

Primeiro, o gelo verde que, obviamente, tem que ficar pronto antes.

Ingredientes:
  • 2 xícaras de couve picada
  • 1 xícara de agrião picado
  • 1 litro de água de coco
Obs. Já vi receitas que levam gengibre, hortelã e outras coisas. Eu não uso porque não gosto.

Preparo:
  1. Bata tudo no liquidificador.
  2. Coloque nas formas de gelo.
  3. Coloque as formas no freezer. Quando congelar, está pronto seu gelo verde.
As minhas formas de gelo fazem umas pedras de gelo meio pequenas: esta receita dá pra encher duas formas de 21 pedras cada uma e ainda sobra um pouco.

Agora, a limonada.

Ingredientes:
  • 1 litro d'água
  • 3 limões
  • 5 colheres (sopa) de chia
  • 10 pedras de gelo verde
  • açúcar a gosto
Obs. Chia é uma semente miudinha que pode ser comprada em qualquer "Mundo Verde" ou um de seus genéricos. Eu nem sinto o gosto dela na limonada, mas estava na receita original que a Dra. Daiana me deu e é tão aclamada pelos seus benefícios para a saúde e para ajudar a emagrecer que eu vou deixando ela na receita, não custa nada.

Preparo:
  1. Coloque na jarra todos os ingredientes, começando pelo gelo que é pra ele já ir derretendo e facilitar na hora de bater.
  2. Misture a limonada até o gelo derreter.
Obs. Como as minhas pedras de gelo são pequenas e no verão do Rio de Janeiro faz um milhão de graus centígrados, só de bater a limonada com a colher algumas vezes, o gelo já derrete. Se a sua forma de gelo faz pedras maiores e/ou você vive menos distante da linha do Equador, talvez precise apelar para o mixer ou o liquidificador.

Obs muito importante: Se você for deixar a jarra, os copos, o liquidificador ou qualquer outro utensílio que tenha entrado em contato com a limonada de bobeira na pia pra lavar depois, deixe-os cheios de água: caso contrário, quando você for lavar, vai estar tudo melado e grudado no interior dos recipientes, cortesia da chia.