sábado, 27 de setembro de 2014

Filé ao Molho de Palmito

Hoje foi dia de atrasar um pouco a minha chegada em Santa Rosa de Calamuchita: acho que ainda vou passar mais uns dias na Rodovia Castelo Branco... Assim, aviso aos navegantes (e aos caminhantes): esta receita não chega a ser uma receita engordante, mas também não é exatamente uma receita light.

A quantidade que eu fiz deu para três pessoas almoçarem bem. A parte da batata é super óbvia e quem já tem experiência de cozinha pode pular essa explicação, mas eu sei bem o que é não entender nada de cozinha e explico tudo nos mínimos detalhes em benefício de quem nunca pegou numa panela na vida.

Ingredientes:
  • 5 bifes
  • 3 batatas
  • meia cebola
  • 1 tomate
  • meio pote (350g) de palmito
  • 100g de creme de leite
  • 1 colher (sobremesa) de molho inglês
  • sal a gosto
  • pimenta do reino a gosto
  • azeite a gosto
Obs. Como sempre, dou os valores de referência do "a gosto" mais adiante.

Preparo:
  1. Coloque para ferver em uma panela água suficiente para cobrir as batatas depois de picadas em pedaços.
  2. Enquanto a água esquenta, descasque as batatas.
  3. Pique as batatas em pedaços pequenos.

Batata picada em pedaços pequenos
  1. Quando a água estiver fervendo, coloque as batatas e duas colheres (sobremesa) de sal.
  2. Misture, tampe a panela e deixe a batata cozinhando por uns 20 minutos em fogo baixo.
  3. Depois dos primeiros 10 minutos, prove um pedaço de batata e veja como está de sal. Se achar que precisa, bote um pouco mais de sal e vá provando até ficar ao seu gosto. Não esqueça de anotar quanto usou para quando for repetir a receita!
  4. Enquanto a batata cozinha, aproveite para temperar os bifes: eu usei, para cada bife, meia colher (café) de sal e um tiquinho de pimenta. Infelizmente, no caso da carne, não dá pra ir provando e colocando mais sal: só resta aprender com a experiência e tentar com mais (ou menos) tempero da próxima vez.
Um tiquinho de pimenta (medido na colher de chá).
  1. Depois que a batata estiver pronta, escorra a água, acrescente um fio de azeite, misture e está pronta para servir.
  2. Acabe de temperar os bifes (se ainda não tiver acabado) e deixe de lado enquanto prepara os ingredientes do molho.
  3. Se você for como eu, rale a cebola em um ralador super fino, praticamente pulverizando a danada. Se for menos enjoado que eu, pode só picar ou mesmo cortar a cebola em rodelas (eca!, mas gosto não se discute...).
  4. Pique o tomate em pedaços pequenos (que nem a batata) e tire as sementes.
  5. Pique o palmito em rodelas.
  6. Coloque um pouco de óleo na frigideira para fritar os bifes. Para os inexperientes, é só o suficiente para cobrir todo o fundo da frigideira, lembrando que o óleo não se espalha sozinho, tem que mexer a frigideira para ele se espalhar por todo o o fundo: se você for só colocando óleo na frigideira até ele cobrir todo o fundo, vai ter óleo pra caramba!
  7. Frite os bifes em fogo alto e vá colocando no recipiente em que eles vão ser servidos. O tempo depende da sua preferência de ponto da carne, mas, mesmo para mim que gosto de carne bem passada, é bem rápido. Na dúvida, tire um bife da frigideira, faça um corte no meio e veja se o ponto está bom: se estiver muito mal passado pro seu gosto, é só colocar de volta na frigideira e passar mais um pouco.
  8. Aproveite também para provar um pedaço de um dos bifes prontos e ver como ficou de tempero, para poder compensar no molho, se for preciso.
  9. Depois de passar todos os bifes, coloque a cebola e o tomate na mesma frigideira, junto com o caldo que restou da carne.
  10. Misture até o tomate começar a amolecer e soltar da casca.
  11. Acrescente o creme de leite, o palmito, o molho inglês e meia colher (sobremesa) de sal.
  12. Mexa, prove e vá acrescentando mais sal ou creme de leite se achar que precisa até ficar ao seu gosto. Novamente, não esqueça de anotar quanto usou!
  13. Derrame o molho sobre os bifes e sirva junto com as batatas e, se quiser, arroz branco.
Bom apetite!


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fazenda de Expectativas

Anda na moda postar no Facebook que não se deve criar expectativa. Que é melhor se surpreender do que se decepcionar. Que, se for pra criar, que se criem galinhas, porcos, gatos, cachorros, demônios da Tasmânia ou pôneis malditos, mas nunca expectativas. Que, se você se decepciona, a culpa é sua: quem mandou criar expectativa?

"Nada disso teria acontecido se você não tivesse criado a expectativa de que o celular teria sinal."
(Image courtesy of stockimages at FreeDigitalPhotos.net)

Ao que eu digo: crie expectativas, sim. Crie galinhas, crie porcos, crie patos se der na telha, mas não abra mão jamais do seu direito de criar expectativas. Crie uma fazenda inteira de expectativas, se quiser, porque as expectativas são aquilo que nos impulsiona para frente.

É verdade que as expectativas nem sempre se concretizam. Às vezes a gente exagera no otimismo, interpreta errado os sinais, mete os pés pelas mãos e coloca tudo a perder. Bem vindo à vida adulta. A gente erra, aprende e segue em frente. E é verdade que, se não tivéssemos criado expectativas, a decepção teria sido menor. Mas, e quando dá certo? Porque às vezes dá certo, por incrível que pareça e por mais que na hora da derrota pareça que nunca mais vai dar certo. Às vezes dá certo, e o sucesso é mais saboreado quando vem depois de muita expectativa.

É melhor se surpreender do que se decepcionar? Claro que é, mas essa é uma frase idiota: é como dizer que é melhor pagar caro por um produto bom do que pagar caro por um produto ruim, como se não houvesse outras opções além dessas duas. Pagar R$ 30,00 por um chocolate da Copenhagen realmente é melhor do que pagar R$ 30,00 por um pacote de biscoito de maisena, mas bom mesmo é pagar R$ 3,00 por um chocolate da Copenhagen.

Ou R$ 30,00 por dez chocolates da Copenhagen.
(Image courtesy of Nkzs at FreeImages)

Da mesma forma, se surpreender é melhor do que se decepcionar, mas, melhor ainda do que se surpreender é botar a maior fé que alguma coisa vai acontecer, e torcer, e lutar por isso, e fazer tudo o que está ao seu alcance e, no fim... não é que acontece mesmo? Do jeito que você queria e esperava?

Se decepcionar é uma droga, mas não dá pra adivinhar quando a gente vai se decepcionar e quando vai conseguir aquilo que deseja: se fosse assim, a gente alinharia as expectativas com antecedência. Mas a vida não é assim. A gente avalia a situação, pesa os prós e os contras e, se achar que dá pé (ou se não tiver muita certeza de que dá mas quiser muitão que dê), cria a expectativa e corre atrás. Porque, se não criar expectativas, vai fazer o quê? Ficar sentado no sofá da sala assistindo reprise de Lost pra ver se, da segunda vez, a história faz mais sentido? É porque criamos expectativas que corremos atrás, que tentamos consertar o que está quebrado e recuperar o que foi perdido. Porque achamos que dá pé. Que pode rolar. Que, desta vez, vai. E, se não tentarmos, aí é que não vai acontecer mesmo.

Se nem você botar fé nessa relação, nesse emprego, nessa viagem, nesse contrato, como esperar que outra pessoa bote? Se você acha que a possibilidade da vitória não vale o risco de uma decepção, então não vale a pena, ponto. Joga logo a toalha e vai tentar a sorte em outro lugar, com outra pessoa, de outro jeito. Vai para algum lugar onde haja expectativas.

Eu crio, sim, expectativas. Crio muitas, crio uma fazenda cheia delas, correndo livres pelos prados e é uma coisa linda de se ver. E, se algumas delas às vezes morrem (são criaturinhas frágeis, as expectativas), eu choro e visto luto por elas, mas o tempo passa e quando mesmo se espera (quando menos eu mesma espero) já estou criando outras.

"Quando não houver desejo, quando não restar nem mesmo dor, ainda haverá desejo dentro do seu coração, aonde Deus colocou." (Enquanto Houver Sol - Titãs)
("Mustang Utah 2005 2" by Jaime Jackson. Licensed under CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons)

domingo, 21 de setembro de 2014

Aventuras Num Blog

Neste fim de semana eu montei, a pedidos, um blog para a uma das minhas sobrinhas: Aventuras Num Blog é um espaço para uma pequenina de sete anos publicar as estórias que a sua cabecinha inventa e curtir a sensação de ser uma escritora.

Ela já tinha duas estórias prontas ("Amanhã Eu Te Conto" e "Agora Eu Te Conto") quando surgiu a ideia de criar o blog para compartilhar suas estórias com a família e os amigos, e ela ficou tão entusiasmada com a ideia que eu não tinha como não ajudar. E assim, o blog foi criado, com nome e layout escolhido por ela, e entrou no ar no sábado.

Sou assumidamente uma tia coruja de seis sobrinhos lindos e brilhantes, mas, mesmo olhando para a minha autorazinha com olhos objetivos, acho que não tem como não achar formidável uma criança que gosta de inventar e contar estórias. Sinto uma alegria imensa ao ver meus sobrinhos gostando de criar estórias e de ganhar livros de presente, e acredito que isso se deve, pelo menos em parte, ao fato de que eles estão crescendo cercados de livros e de pessoas que gostam de ler.

Image courtesy of Bluedaisy at FreeImages

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Pé na Estrada: Rodovia Castelo Branco

Mais novidades do projeto "Santa Rosa de Calamuchita": hoje comemoro a minha chegada à Rodovia Presidente Castelo Branco, também conhecida como SP-280, um pouco depois de Barueri.

A Rodovia SP-280 coincide com um trecho da BR-374 e eu agora vou seguir nela por mais 226 Km até chegar à Estrada Vicinal Iaras – Cerqueira César. Ou seja, ainda vão aparecer mais algumas fotos bem parecidas com esta porque rodovia, sabe como é, né? É tudo muito parecido.

Rodovia Presidente Castelo Branco (vindo da Estrada Municipal)

E eu, como estou (além de 5 Kg mais magra)? Estou bastante animada, nada faminta e doida de vontade de comer um x-tudo.

Não, não esse tipo de "tudo".
(Image courtesy of thejazzcat at Stockvault.net)

Às vezes, a sensação que eu tenho é que a gordura está sendo substituída por ar: já estou 5 Kg mais leve, mas tenho a impressão que continuo do mesmo tamanho. A realidade, porém, é bem mais simples: quando uma pessoa passa dos 70 Kg para os 65 Kg, a diferença é gritante, mas, quando passa dos 91 Kg para os 86 Kg... nem tanto.

O lado bom é que, como não estou sofrendo de fome e, bem ou mal, estou enxergando os resultados, nem que seja só na balança (e no mapa), sinto que consigo manter esse ritmo ainda por bastante tempo, até chegar a resultados mais visualmente animadores.

Nunca fui de comer nada no café da manhã, só um copo de leite ou de iogurte e só. Apesar de o meu endocrinologista achar que eu deveria comer mais no café para não sentir fome durante a manhã, não estou fazendo isso, não. Eu ia ter que comer empurrado, contra a vontade, e ainda ia demorar mais para me arrumar de manhã. Prefiro, então, ter na gaveta do trabalho algum lanchinho leve, como frutas secas ou biscoitos de água e sal, pra comer no meio da manhã e garantir que eu não chegue na hora do almoço morrendo de fome e exagere no prato.

O engraçado é que mesmo esse lanchinho da manhã (e o da tarde) foi uma coisa com a qual eu precisei insistir até me acostumar, porque nunca fui muito de beliscar entre as refeições. No começo era complicado: eu comia sem vontade na hora do lanche e depois chegava na hora da refeição e comia o mesmo tanto de sempre. Ou seja, estava comendo até mais do que antes! Mas, aos poucos, fui me acostumando (e meu corpo também, acho) e hoje já sinto falta desses lanchinhos e como menos nas refeições.

Tenho comido bastante no almoço: aquele pratão de salada para garantir o efeito psicológico de olhar para o prato bem cheio, um pouco de carboidrato para "dar sustança" e alguma carne bem gostosa pra acalmar também o lado do cérebro que quer sabor e não só estômago cheio. Depois, à tarde, quando aquele monte de folha enganadora já foi digerido, o lanchinho da tarde impede que eu chegue com fome demais na hora do jantar.

No jantar, ajuda muito o fato de que eu adoro cozinhar, por isso estou sempre pesquisando (ou inventando) receitas para garantir que eu consiga fechar o dia com aquela sensação boa de ter comido uma coisa bem gostosa, mesmo que não engordante.

Outra coisa que tem ajudado também é a água. Eu estava sempre levando chamada dos médicos por não beber água suficiente e, realmente, às vezes passava dia sem beber água nenhuma, só refrigerante ou suco nas refeições. Agora estou me forçando a beber água durante o dia (o velho truque da garrafa de água na mesa do trabalho e do aplicativo no celular para marcar a hora de beber água) e, embora ainda esteja bebendo em média só um litro por dia, já é mais do que eu bebia antes. E, por incrível que pareça, ajuda: contribui para distrair o estômago e fazer a sensação de saciedade durar mais tempo, além de me obrigar a levantar e ir até a copa para encher a garrafa de vez em quando.

E, claro, embora aquele x-tudo por enquanto ainda seja só um sonho distante, de vez quando eu me permito uma extravagância para manter a vontade sob controle. Nunca fiz o que algumas pessoas chamam de "dia do lixo", um dia inteiro fora da dieta, comendo bobagem, mas hoje, por exemplo, comi do doce de banana que minha mãe trouxe de viagem. Faz bem de vez em quando comer alguma coisa deliciosa e nada light, só pra lembrar que a vida não é só dieta e que ser feliz também é bom para a saúde.

Não, desculpa: não é a você que eu estava me referindo.
(Image courtesy of 2happy at Stockvault.net)

sábado, 13 de setembro de 2014

Cláudia Wanderléia e Michele Letícia – Uma Homenagem

Há alguns anos atrás, eu trabalhava em uma empresa em que o pessoal da limpeza era... pouco entusiasmado. É, vamos dizer assim: pouco entusiasmado.

"O que? Aquela sujeirinha ali? Que bobagem, mal se nota!"
(Image courtesy of zole4 at FreeDigitalPhotos.net)

Um belo dia, todos no escritório receberam por e-mail o aviso de que naquele fim de semana seria feita a detetização do local, com as instruções de sempre: deixar as gavetas destrancadas, levar para casa objetos de uso pessoal etc.

Na segunda-feira de manhã, ao chegar para o trabalho, o que é que eu encontro na baia que dividia com outras duas analistas? Uma barata daquelas enormes, cascudas. Ou melhor, o cadáver da barata, de pernas pro ar no chão da baia. Bem, pensamos nós, a barata deve ter rastejado pra fora do seu esconderijo depois que o pessoal da limpeza passou hoje de manhã, envenenada mas ainda viva, e veio morrer bem aqui no meio da nossa baia. Com três mulheres na baia, claro que nenhuma de nós chegou nem perto da barata e deixamos para o pessoal da limpeza recolher no dia seguinte.

Só que o dia seguinte chegou e a barata ainda estava ali. Assim como ainda estava dois dias depois, e depois, e... Infelizmente, não me lembro quantos dias exatamente a barata passou ali, mas foi tempo suficiente para que se considerasse a ideia de solicitar a confecção de um crachá para a pobre que, ali, anônima, não tinha quem lhe reclamasse o corpo nem providenciasse um enterro digno. E, assim foi que, mesmo sem crachá, a barata foi promovida da sua condição de indigente e passou a ser carinhosamente chamada de Cláudia Wanderléia.

Cláudia Wanderléia já era funcionária póstuma de uma agência governamental há alguns dias quando, duas baias à esquerda, apareceu Michele Letícia. Ao contrário de Cláudia, Michele chegou lá viva, talvez com o intuito de prestar suas homenagens à colega falecida, mas cometeu o erro fatal de dar as caras em uma baia cujos ocupantes eram, em sua maioria, homens e, portanto, menos propensos a fugir de barata. E assim terminou a curta carreira de Michele Letícia no funcionalismo público, morta na flor da idade e desovada sem a menor cerimônia.

Enquanto isso, indiferente a toda essa confusão, Cláudia Wanderléia permanecia lá na minha baia, intocada pelo pessoal da limpeza que, acredito eu, varria o chão em torno da falecida sempre desviando respeitosamente dela para não perturbar o seu descanso eterno.

"A senhora me desculpe, viu, Dona Cláudia? Se eu estiver incomodando, é só avisar."
(Image courtesy of aopsan at FreeDigitalPhotos.net)

Até que um dia, ao chegar no trabalho, percebi que havia alguma coisa diferente. Faltava alguma coisa. Olhei em volta, procurei, e... Pois é: Cláudia Wanderléia se fora. Não sei se o pessoal da limpeza finalmente a levou ou se os parentes enlutados vieram buscar o corpo, mas o fato é que Cláudia Wanderléia partiu tão discretamente quanto chegou.

Nessa mesma época, a impressora que ficava na minha baia começou a se comportar de forma mais errática do que o habitual (ou seja, errática PRA CARAMBA). Várias hipóteses foram levantadas, mas até hoje não temos certeza de qual das duas falecidas passou um tempo assombrando a impressora. Eu, pessoalmente, acredito que era o fantasma de Michele Letícia, pois foi a que morreu de morte violenta, mas isso é só um palpite.

"Não notei nada fora do normal, não. Por que?"
(Image courtesy of zirconicusso at FreeDigitalPhotos.net)

Por que eu estou contando tudo isso agora? Por que, no início da semana, chegando em casa do trabalho, ao sair do elevador me deparei com um objeto inusitado no parapeito da escada. Parece a tampa de um squeeze.


Vi e não dei muita confiança: se tem dono, daqui a pouco ele busca e, se não tem, amanhã o zelador joga fora. Foi o que eu pensei no início da semana. Os dias se passaram, porém, sem que nada acontecesse. Na sexta cheguei do trabalho e encontrei ainda a mesma tampa, no mesmo lugar.

A conclusão é óbvia, né?

GENTE, CLÁUDIA WANDERLÉIA REENCARNOU COMO TAMPA DE SQUEEZE!!!!!

domingo, 7 de setembro de 2014

Zombies, Run! 5K

Se há cinco anos atrás alguém me dissesse que algum dia eu estaria correndo três vezes por semana e adorando, eu teria rido muito dessa pessoa. Se essa mesma pessoa me dissesse que eu iria levantar mais cedo pra correr antes de ir pro trabalho, que eu iria sair pra correr na chuva, que esperaria ansiosa pelos dias de corrida... eu teria parado de rir e começado a me afastar lentamente porque doido, sabe como é, a gente não contraria.

Mas um dia, aconteceu. Eu estava chateada com um monte de coisas e comecei a abrir novas frentes na minha vida, trabalhar outras áreas do cérebro, aplicar aquela máxima do "não adianta esperar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas de sempre". E aí, bem no meio desse momento de novas experiências, duas coisas aconteceram praticamente na mesma semana: uma amiga me mandou um convite pelo Facebook para a Corrida de Intendentes da Marinha e eu encontrei, bisbilhotando na Play Store, um aplicativo chamado Zombies, Run! 5K. Foi amor ao primeiro clique: o aplicativo é uma mistura de jogo e programa de condicionamento físico... e zumbis! São oito de semanas de treinamento até chegar aos 5 Km, num ritmo tranquilo que até eu consigo acompanhar. E digo "consigo" (e não "consegui") porque um tênis pouco adequado e alongamento insuficiente me renderem uma periostite que me deixou sem correr antes que eu conseguisse chegar ao fim das oito semanas.

Assim, hoje, com um tênis de melhor qualidade, investindo mais tempo em alongamento antes de cada treino, fazendo Pilates duas vezes por semana, trabalhando na eliminação dos quilos a mais e com o aval de um ortopedista especializado em medicina esportiva, estou começando a minha terceira semana bem-sucedida de treinamento como Corredora nº 5 da cidadezinha de Abel, parte da equipe encarregada de, de tempos em tempos, deixar a segurança da cidade para buscar comida, suprimentos médicos, munição e o que mais for necessário para resistir ao cerco dos zumbis.

O divertido do aplicativo é que ele tem toda essa estória que serve de pano de fundo para o programa de treinamento. Assim, as instruções recebidas pelo "rádio", embora sigam o programa, vêm sob a forma de "um zumbi notou você e está te seguindo, apresse o passo". E nas partes silenciosas, o aplicativo toca as músicas de uma seleção das músicas que eu tenho no celular.

Na minha última missão me pediram pra aproveitar os dez minutos iniciais do meu treino, que consistiam em uma caminhada de aquecimento, para recolher sucata do lado de fora da cidade. Lá pela metade do treino, ainda do lado de fora, o pessoal que fica de vigia enquanto eu treino viu que um grupo de zumbis tinha me visto e estava vindo na minha direção; me avisaram pelo rádio para eu dar meia volta e continuar o treinamento, mas voltando em direção à cidade. Fiz o resto do treino escutando enquanto monitoravam o avanço dos zumbis que se aproximavam cada vez mais de mim e me diziam para não diminuir o ritmo. O fim do treino foi feito ao som das sirenes que anunciam a abertura dos portões da cidade e dos gritos de "entra logo, entra logo".

Deve ter gente que prefere uma coisa mais tradicional, como corrida acompanhada só de música ou mesmo sem nada; quanto a mim, esse aplicativo parece ter sido feito sob medida para a minha loucura.

Image courtesy of Stuart Miles at FreeDigitalPhotos.net

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Itaquaquecetuba, SP

Dando seguimento ao projeto "Santa Rosa de Calamuchita", hoje estou passando por Itaquaquecetuba, uma cidadezinha do interior de São Paulo com cerca de 300.000 habitantes, segundo o IBGE, e que fica a 400 Km do Rio de Janeiro.

Esquina da Estrada de São Bento com a Estrada do Ribeiro (Itaquaquecetuba, SP)

Desde que comecei a emagrecer, algumas pessoas já me disseram que não é realista uma mulher com mais de 40 anos querer retornar ao peso que tinha aos 20. Acho que não seria, mesmo, se eu estivesse colocando nesta meta a minha definição de sucesso ou fracasso. Mas não estou. Em primeiro lugar porque, embora na família da minha mãe não seja incomum as mulheres chegarem aos 40, 60, 70 anos com o mesmo peso que tinham aos 20, eu puxei, nesse e em outros aspectos, à família do meu pai. E em segundo lugar porque manter o peso até os 40 anos é bem diferente de retornar a ele aos 40. Meu corpo já teve tempo suficiente para se acostumar com o peso atual, e não acho que ele vá se entregar sem luta.

A questão, no entanto, é que, se eu não colocar como meta a situação ideal, como é que eu vou descobrir até onde sou capaz de ir? Não vou considerar que a experiência foi um fracasso se não conseguir eliminar todos os 30 Kg, ou mesmo 25 ou 20. Mas não vou desistir antes mesmo de tentar e descobrir, eu mesma, até eu onde posso ir.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Frango Cremoso

Outra receita minha. Pessoal mais experiente, já sabe: pode ir pulando as partes óbvias que eu só coloquei em benefício do pessoal que é que nem eu, atrapalhado na cozinha, e precisa de tudo explicadinho nos mínimos detalhes.

Ingredientes:
  • 200g de filé de peito de frango desfiado
  • 4 colheres de sobremesa de requeijão (meio pote eu achei pouco, um pote inteiro ia ser demais)
  • 100g de queijo minas
  • 1 cenoura pequena
  • 1 tomate
  • 2 colheres (sopa) de castanha de caju
  • sal a gosto
  • pimenta do reino a gosto

Obs. Sobre o frango desfiado e sobre esse negócio de escrever "a gosto" nas receitas já falei em outro post. Dou os valores de referência do "a gosto" mais adiante.

Preparo:
  1. Rale a cenoura.
  2. Pique o queijo minas em pedaços pequenos.
Aproveitando uma mesma foto pra mostrar o que são "pedaços pequenos" e quanto é mais ou menos 100g de queijo minas.
  1. Pique o tomate em pedaços pequenos, tirando as sementes. Tem gente que tira a pele do tomate: eu  não tiro porque não vejo a menor necessidade.
Tomate picado em pedaços pequenos: mesma coisa que o queijo.
  1. Coloque um pouco de azeite em uma panela para refogar o frango.
Referência para quem não tem noção do quanto é "um pouco de azeite".
  1. Refogue o frango em fogo alto. Como ele já está cozido mesmo, pode ser até ele dourar ou até você enjoar de ficar mexendo na panela.
  2. Quando você resolver que o frango já está refogado o suficiente (eu levei uns 5 minutos), baixe o fogo para poder continuar com calma, sem medo de queimar a comida.
  3. Acrescente a cenoura, o tomate, o queijo, o requeijão e as castanhas.
  4. Misture bem (até o queijo e o tomate começarem a derreter).
  5. Quanto ao sal e pimenta a gosto, eu coloquei meia colher de chá de sal e só um tiquinho de pimenta. Coloque um pouco, prove e vá colocando mais até ficar ao seu gosto.
  6. Misture mais um pouco.
Um tiquinho de pimenta (medido na colher de chá).
  1. Está pronto. Eu servi com arroz integral de sete grãos misturado com um pouco de passas porque adoro misturar coisa doce na comida salgada.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O Dia em Que a Caixa Econômica Perdeu a Minha Conta

Há alguns anos atrás eu trabalhei como terceirizada na Caixa Econômica Federal. A empresa que me contratou na época me ofereceu três opções de banco para receber o meu salário, e um deles era a própria Caixa Econômica. Como eu não tinha conta em nenhum dos três bancos apresentados, abrir uma conta na Caixa me pareceu a opção mais lógica: já que eu trabalhava no mesmo prédio da agência, tudo ia ser mais simples, né?

Claro que não: só mesmo eu pra ter uma ideia idiota dessas.

Fui à agência, apresentei aquela cartinha do Departamento Pessoal da empresa confirmando que eu ia receber o meu salário lá, informando quanto eu ganhava e tudo o mais e solicitei a abertura da conta. A moça que me atendeu registrou todos os meus dados no sistema, anotou para mim, em um pedaço de papel, o número da agência e da minha recém-aberta conta corrente e, muito simpática, me levou até o balcão de atendimento para cadastrar uma senha para atendimento por telefone e outra para acesso ao Internet Banking.

Saí de lá toda feliz, com o papelzinho na mão, informei o número da agência e da conta para o Departamento Pessoal e dei o assunto por encerrado. Trabalhei normalmente durante o mês e, mais ou menos uma semana antes do dia do pagamento, como o cartão do banco ainda não tinha chegado, resolvi acessar o Internet Banking para me certificar de que estava tudo funcionando direitinho, já que, sem cartão do banco, eu ia ter que transferir meu dinheiro para o Itaú (onde eu já tinha conta há muitos anos) quando o salário daquele mês entrasse na conta.

Quando não consegui acessar o Internet Banking, tentei o atendimento por telefone. Se eu tivesse conseguido a história acabava aqui, mas, aí, que graça teria? Só me restava então ir pessoalmente à agência e foi o que eu fiz na hora do almoço.

Chegando na agência fui atendida por um outro funcionário que pesquisou no sistema a agência e conta anotadas naquele mesmo papelzinho que eu tinha recebido quando fui lá pela primeira vez e que entreguei para ele. Pesquisou, olhou para o resultado da pesquisa na tela e me informou que o número estava errado porque aquela conta não existia. O mesmo número que tinha sido usado para cadastrar as senhas do atendimento por telefone e do Internet Banking no início do mês. Pois é.

Fez uma pesquisa pelo meu CPF e aí, sim... continuou não encontrando conta nenhuma, nem naquela agência nem em nenhuma outra. Eu não tinha conta na Caixa Econômica. E aí eu olhava para o papelzinho, olhava pra ele, olhava de novo pro papelzinho... A essa altura do campeonato, a minha hora de almoço já tinha ido pro vinagre e eu precisei ligar pra minha chefe e convencê-la de que não, eu não estava brincando: o banco realmente tinha perdido a minha conta.

Fomos procurar a moça que tinha aberto a conta pra mim. Ela me reconheceu, lembrou que tinha, sim, aberto a conta e me acompanhado para cadastrar as senhas e ficou muito surpresa quando o outro funcionário lhe contou que a conta que ela tinha cadastrado com tanto carinho não existia.

Ela também procurou a conta no sistema e não encontrou nada. Os dois se entreolharam, coçaram a cabeça, ainda aventaram algumas possíveis explicações: será que a conta foi excluída automaticamente porque não tinha dinheiro? Mas, gente, era uma conta salário! Como é que esperavam que tivesse dinheiro nela antes do primeiro dia de pagamento?

Bom, moral da história: tive que abrir uma outra conta, porque aquela conta que estava aqui, aparentemente, o gato comeu.

"Vem pra Caixa você também... vem pra você ver só o que eu faço."
(Image courtesy of giane @ FreeImages)

Ao ligar para o Departamento Pessoal para dizer que a conta que eu tinha cadastrado há menos de um mês já não valia mais, me informaram que a folha de pagamento daquele mês já tinha rodado, ou seja, para todos os efeitos meu salário já tinha ido para a conta que não existia. Tive então que esperar o banco tentar processar o pagamento na conta inexistente, não conseguir, devolver o dinheiro para a empresa, para só então a empresa fazer o pagamento na nova conta.

Felizmente, a conta que tinha sumido estava bem sumidinha mesmo, sem deixar rastros: imagina se resolvem achar a minha conta depois dessa encrenca toda e o meu dinheiro fica preso lá, no limbo? Mas isso não aconteceu: quando a Caixa Econômica some com uma conta bancária, ela some mesmo. Serviço bem feito. E assim, "só" uma semana depois do dia do pagamento, pude finalmente receber o meu primeiro salário.

O melhor da história foi quando eu liguei para uma pessoa conhecida que trabalha no Banco do Brasil para contar o que tinha acontecido:

— Você não vai acreditar no que a Caixa Econômica fez comigo.

— Ha! Seja o que for, pode apostar que aqui no Banco do Brasil já aprontaram algo parecido.

— Eles perderam a minha conta.

(silêncio aturdido do outro lado da linha)
 
— É, isso nem a gente faz.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Por Que Eu Não Saí do Facebook

Eu tenho conta no Facebook. "Grande coisa," diria um leitor impaciente, "todo mundo tem!". Ao que eu responderia: todo mundo, não. Conheço gente que não tem. E não estou me referindo só à minha mãe (até porque a minha mãe tem conta no Facebook), mas a gente da minha idade e até mais jovem do que eu que nunca teve conta no Facebook, ou que teve conta e a excluiu.

Quem não tem conta no Facebook (ou tinha e não tem mais) o faz por vários motivos e eu não vou discutir todos. Não acho que alguém precise ter conta no Facebook assim como não acho que alguém precise ter carro. Mas não entendo gente que diz que não tem conta no Facebook porque "prefere a vida real", assim como não entenderia alguém que dissesse que não tem carro porque não quer ser uma dessas pessoas que pega o carro até para ir à padaria da esquina. É uma coisa assim que... não sei nem como explicar isso sem soar idiota, mas o carro não tem consumação mínima. O porteiro do prédio não vai proibir você de sair a pé pela portaria só porque o seu carro está na garagem com o tanque cheio: quem decide a quais lugares ir de carro, de ônibus, táxi, carona ou a pé é você.

"Não! Sério???"
(Image courtesy of stockimages @ FreeDigitalPhotos.net)

Claro, tem gente que usa o carro até pra ir a lugares onde daria para chegar mais rápido a pé, mas essa gente tem problemas dos quais a dependência do carro é só um sintoma. E com o Facebook é a mesma coisa: a vida real não desaparece num passe de mágica só porque você abriu uma conta no Facebook ou – horror dos horrores! – instalou o aplicativo no celular.

"Eu devia ter lido os Termos de Serviço antes de selecionar 'Aceito'."
(Image courtesy of African_fi @ FreeImages)

Algumas pessoas realmente se comportam como se tivesse acontecido exatamente isso, mas, novamente, o problema não é o Facebook, e sim – surpresa! – elas próprias. Um dia desses vou escrever um post sobre essa gente que te chama pra almoçar e pega o celular pra checar o Facebook assim que se senta à mesa, que atrapalha o caminho de todo mundo andando devagar, com os olhos fixos na tela do celular, que acessa o Facebook de cinco em cinco minutos, no trabalho, no cinema, no trânsito.

Mas este post aqui é sobre o outro pessoal: o pessoal que acha que não existe um ponto de equilíbrio e julga todo mundo que tem conta no Facebook por aquelas (infelizmente, muitas) pessoas que perderam a noção. Como se o fato de alguém acessar o Facebook para mandar um recado ou curtir o post de um amigo impedisse essa pessoa de se encontrar com esse mesmo amigo para tomar um chope na sexta-feira. E como se muitos chopes de sexta-feira não fossem marcados através do Facebook.

Interação olho no olho, ao vivo e a cores, é melhor? Claro que é! Não precisa ser um sábio guru sem conta no Facebook para perceber isso. Mas nem sempre dá para estar com as pessoas de quem a gente gosta ao vivo e a cores, pelo menos não com a frequência com que se gostaria. Tem gente que mora longe. Tem gente que acabou de ter filho. Tem gente que está trabalhando até tarde todo dia e chegando em casa morta de cansaço, querendo só jantar, banho e cama. Tem gente que a gente até encontra toda semana, mas gosta tanto que queria encontrar todo dia. E, nessas horas, um post de duas linhas, uma foto compartilhada, um curtir o post alheio, embora não cheguem aos pés da interação presencial, em carne e osso, é melhor do que nada. E, se quando surge a oportunidade, não se promove o encontro cara a cara, é porque nunca houve a intenção mesmo, com ou sem Facebook.

Há algum tempo, uma dessas pessoas que têm essa visão preto e branco de "Redes Sociais x Vida Real" me contou um caso para ilustrar seu ponto de vista. Viajando a trabalho com um colega, ambos se hospedaram no mesmo hotel; após o jantar, o colega, ao invés de continuar de papo no restaurante, preferiu se recolher a seu quarto, com mais uma ou duas cervejas e seu notebook. Essa pessoa que me contava o caso então "resgatou" o colega, fazendo-o desligar o micro e descer para o bar, para beber e bater papo com "pessoas reais". E eu, ouvindo essa história, só conseguia pensar: "Já te ocorreu que talvez ele não tenha problemas em se relacionar com as pessoas e apenas não estivesse com vontade de beber com você, especificamente?"

Quando o Facebook (ou qualquer outra rede social) começa a impedir que você se relacione com as pessoas face a face, você tem um problema. Quando, por outro lado, ele é uma alternativa ou uma distração nos momentos em que você não pode ou não está com vontade de se deslocar fisicamente até onde as pessoas estão, você tem, pelo contrário, uma solução.

Como em tudo na vida, a resposta às vezes é mais simples do que parece. Se você acha que não está interagindo pessoalmente com seus amigos e família com tanta frequência quanto gostaria, comece a procurá-los mais antes de sair tecendo altas teses sociológicas sobre os males do Facebook, do Twitter, do e-mail, da televisão ou do forno de micro-ondas. A solução talvez seja um simples telefonema. Ou uma mensagem enviada através do Facebook Messenger.