terça-feira, 29 de julho de 2014

O Castelo, Outros Castelos, Tantos Castelos

Terminei hoje de ler O Castelo, de Kafka. Em primeiro lugar, tenho a dizer que agradeceria à pessoa que me recomendou este livro se tivesse me avisado que se trata de uma obra inacabada (inacabada mesmo, termina literalmente no meio de uma frase) publicada depois da morte de Kafka contrariando suas instruções expressas de queimar o rascunho.

Apesar de tudo, apreciei a leitura enquanto durou. Me lembrou O Processo, no sentido de que ambos os livros são contados pela ótica de um protagonista que se vê enredado na teia de aranha de um processo insanamente burocrático muito além da sua compreensão.

A diferença fundamental entre as duas experiências de leitura foi o fato de que eu li O Processo muito nova e sem saber o que esperar do livro. Me frustrei vendo o protagonista Joseph K. dar voltas e mais voltas em uma busca estéril que não chegava a lugar nenhum; esperava um desfecho conclusivo e respostas que não vieram. Francamente, nem sei como depois disso ainda me animei a ler A Metamorfose, mas não é que li? Já mais escaldada, não fiquei tão frustrada no fim do livro, mas ainda assim não gostei e me convenci de que Kafka não era a minha praia. Não busquei mais livros dele, mas ocasionalmente um conto ou outro encontrava o caminho até a minha estante, contrabandeado dentro de algum livro de contos de autores diversos. E assim li O Artista da Fome e outras histórias que me mostraram que eu até que aprecio Kafka se estiver no estado de espírito apropriado.

Comecei a ler O Castelo, então, já sabendo o que me esperava (menos a parte sobre ser uma obra inacabada publicada pelo amigo da onça Max Brod no que eu considero uma grande falta de respeito com o autor). Não é o que se pode chamar de leitura leve e relaxante, mas gostei assim mesmo.

E refleti muito sobre essa questão do castelo que ao mesmo tempo convoca o protagonista e impede a aproximação deste. Quantas voltas, quantas informações contraditórias, quantas mudanças de rumo! Num mesmo dia o protagonista K. (identificado apenas pela inicial, ao contrário dos demais personagens) é chamado, repelido, convidado, expulso, enganado, ajudado, ofendido, algumas vezes mais de uma vez e pela mesma pessoa. A frase que começa elogiosa termina crítica, o pedido de desculpas se transforma em acusação.

A obra de Kafka ficou associada à crítica da burocracia e muita gente vê a burocracia como um organismo vivo, com vontade própria, mas o que dizer das pessoas? Da mão que se estende, mas logo recua, cautelosa? Da resposta que não se compromete e muda de rumo no meio da frase, fazendo um giro completo e terminando de volta onde começou, como se o autor quisesse se certificar de que não poderá ser chamado a prestar contas mais tarde? Da oferta de ajuda que se metamorfoseia em pedido de favor, de modo que o "ajudado" termina mais pobre do que começou e ainda sai agradecendo pela oportunidade recebida?

Alguém precisa ser o primeiro a dizer que a gente já passou da idade de fazer joguinhos e, que perguntas diretas e respostas objetivas vão nos levar, a todos, mais longe.

E, sim, em algum momento desta diatribe eu deixei Kafka pra trás, mas obras de arte são assim mesmo, eu acho: abrem portas para novas questões além daquelas pensadas pelo autor. Ou isso, ou eu estou meio ranzinza hoje.

"Hochosterwitz 01052004 04" by Johann Jaritz - Own work. Licensed under Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0-at via Wikimedia Commons

domingo, 27 de julho de 2014

Go Cry, Emo Kid - o Longa-Metragem Que Deu Origem à Série

Tenho vários posts neste blog com a tag "Go Cry, Emo Kid". O nome é inspirado em um site no qual já dei boas gargalhadas e que tinha uma seção com este nome, dedicada principalmente a satirizar os posts pseudo-profundos e as angústias pseudo-existenciais de uma galera que está precisando urgentemente de uma pia cheia de louça suja pra lavar (tenho também umas contagens de pontos de função pra validar, se quiserem variar um pouco).

Infelizmente, embora o site ainda esteja no ar, a seção "Go Cry, Emo Kid" não está mais sendo atualizada, por isso a minha tag está destinada a se tornar obsoleta. Mas eu gosto dela, então, paciência: o nome vai continuar assim mesmo, como uma homenagem ao site e à toda a diversão que ele já me proporcionou, zoando essa gente que entulha a minha linha do tempo do Facebook com bobagem.

Pontos extras pra quem:
  • Atribui o autor errado à frase.
  • Não confere a grafia das palavras antes de postar.
  • Espalha vírgulas a esmo pelo texto como quem polvilha sal sobre a batata-frita.
  • Usa aspas para destacar palavras.
  • Coloca a frase sobre uma imagem que não tem nenhuma relação com ela.
  • Escolhe algumas palavras a esmo para começar com letra maiúscula.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mais Duas Frases de Efeito Que a Gente Devia Parar de Usar

No ano passado, eu escrevi um post sobre três frases de efeito bastante usadas que, se a gente parar e analisar com calma, já não parecem tão brilhantes assim. Dando continuidade àquele post, eis mais duas frases que não resistem a uma avaliação mais crítica:

É melhor se arrepender do que você fez do que se arrepender do que não fez.

Pra começo de conversa, a ideia é fazer coisas das quais a gente NÃO se arrependa, porque arrependimento é justamente o desejo de não ter feito aquilo que fizemos. Se você está satisfeito com o desfecho dos acontecimentos e acha que o preço pago valeu a pena, você não está arrependido.

E, sim, ocasionalmente a gente faz coisas das quais acha que não vai se arrepender e no fim acaba se arrependendo assim mesmo quando as coisas não saem como esperado, mas o objetivo não era esse. A gente achou que ia ser legal, mas calculou errado e quebrou a cara. Acontece.

O problema é quando esses "cálculos", ao invés de consistirem em estimar (1) quais as chances de dar errado, (2) qual será o estrago se der errado e (3) qual será a perda se você não arriscar, se limitam a essa frase idiota.

"Bom, a gente pode passar o resto da vida se perguntando que gosto tem... ou descobrir que gosto tem agora e não precisar se preocupar mais com o resto da vida."
(vectorole @ FreeDigitalPhotos)


O arrependimento por ter se arriscado pode, sim, ser muito pior do que o arrependimento por não ter tentado. Ou não. Não existe receita de bolo: você precisa pensar antes de fazer as coisas. Bem-vindo à vida adulta.

Você aprende mais com seus erros do que com seus acertos.

Ah, essa mania que o pessoal tem de valorizar o erro... Acho que essa galera ficava assistindo Caverna do Dragão, via o Mestre dos Magos aparecer pra dar meia dica em forma de charada e sumir atrás de uma pedra e achava o máximo, sem nunca ter parado pra questionar o por quê de ele não dizer logo: "Então, pessoal, o caminho é por ali: sempre em frente, virando a esquerda na terceira pedra e dali direto até chegar em casa."

Aceitar o erro e aprender com ele não significa achar que o erro vale mais do que o acerto. Apreciar a viagem não significa perder o foco no objetivo final, seja ele passar no vestibular, salvar seu casamento, descobrir a cura do câncer, bater o recorde mundial de cem metros rasos, conseguir o emprego dos seus sonhos ou qualquer outra coisa que o seu coração almeje. Cada erro pode (e deve) te ensinar muitas coisas e tudo que você aprende te deixa mais perto do seu objetivo, mas... o acerto te mostra de forma direta qual é o caminho para o seu objetivo, ou, pelo menos, te aponta a direção certa.

Imagine um labirinto, cheio de encruzilhadas e becos sem saída. De uma encruzilhada saem dez caminhos possíveis: um deles é o caminho mais curto que leva ao seu objetivo, dois também chegam lá mas demoram um pouco mais e outros sete são becos sem saída. Quando você pega um dos caminhos errados, por mais interessante e rico em novas descobertas que ele seja, no fim das contas você continua não sabendo qual é o caminho que te deixa mais perto do seu objetivo: você descobriu que aquele é o caminho errado, mas continua sem saber qual dos outros é o certo! Quando, pelo contrário, você, por cálculo ou por pura sorte, pega o caminho certo, ele pode até te levar a uma nova encruzilhada, mas, pelo menos, já te levou até mais perto do seu objetivo. E, voltando ao dicionário: objetivo é aquilo que você quer atingir. Se você não tem um objetivo, você está só passeando. E tudo bem passear, mas, se você está só passeando, não existe caminho certo ou errado, então aprecia a vista e para de falar bobagem.

Ah, mas às vezes o erro te mostra alguma coisa que você não estava procurando e que se mostra mais valiosa do que o que era o seu objetivo inicial. É, a vida é cheia de surpresas, e algumas são bem legais. Às vezes também coisas boas acontecem sem razão aparente, quando você nem está procurando. Às vezes uma pessoa faz alguma coisa com a intenção de te prejudicar e o tiro sai pela culatra, e você acaba ficando em situação melhor do que antes. E às vezes o caminho certo, embora leve ao seu objetivo, se mostra uma vitória de Pirro (se você não sabe o que vitória de Pirro, já expliquei em outro post). Às vezes um monte de coisas acontece. E, adivinha só, todas essas coisas podem acontecer tanto no caminho errado quanto no caminho certo, e o caminho certo continua com a vantagem de que, no fim das contas, ele ainda é o que te deixa mais perto do seu objetivo.

Novamente, se você no momento não tem um objetivo específico, ou mesmo se tem mas não está com pressa, divirta-se batendo perna pelo labirinto, espiando debaixo de cada pedra e tirando os sapatos pra molhar os pés no riacho. E, se você encontrar com o Mestre dos Magos pelas suas andanças, chama ele pra conversar e depois larga ele falando sozinho no meio da frase pra ele ver como é bom.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Músicas Para Correr

Música é uma coisa muito pessoal. Música para correr, mais ainda. O que motiva um, ao outro estressa. O que deprime um, comove o outro. E ainda há a questão do gosto musical de cada um: tenho certeza que há gente que adora correr ao som de axé, mas eu, mesmo reconhecendo a qualidade "sai do chão" inerente ao ritmo, nem sonharia em incluir uma música da Ivete Sangalo na trilha sonora das minhas corridas.

Minha trilha sonora ainda está em fase de elaboração: algumas músicas entram na lista, ficam um tempo e depois acabam saindo, outras estão firmes nas paradas de sucesso desde a primeira corrida. Assim, este post provavelmente ainda vai ser muito editado.

Mesmo não sendo definitiva, estou postando aqui esta lista porque no começo eu tive dificuldade para encontrar as músicas certas para o meu estado de espírito e fiz muitas pesquisas por "músicas para correr" procurando dicas para começar a montar minha trilha sonora. Sugestões nos comentários são super bem-vindas, mas sem esquecer que, como eu disse antes, música pra correr é uma coisa super pessoal: sua música pode ser ótima e ainda assim não entrar na minha lista.

  • Nada Sei (Kid Abelha)
"Sou errada, sou errante, sempre na estrada, sempre distante. Vou errando enquanto o tempo me deixar."
  • Searchin' My Soul (Vonda Sheppard)
"I've been searchin' my soul tonight. I know there's so much more to life. Now I know I can shine the light to find my way back home."
  • Tudo Azul (Lulu Santos)
"Nós somos muitos, não somos fracos: somos sozinhos nesta multidão. Nós somos só um coração sangrando pelo sonho de viver."
  • Agora Só Falta Você (Rita Lee)
"Um belo dia, resolvi mudar e fazer tudo o que eu queria fazer: me libertei daquela vida vulgar que eu levava estando junto a você."
  • Don't Stop Me Now (Fred Mercury)
"I'm gonna go, go, go, there's no stopping me: I'm burning through the sky, yeah!"
  • Make Your Own Kind of Music (Mama Cass Elliot)
"Nobody can tell you there's only one song worth singing. They may try and sell you 'cause it hangs them up to see someone like you. But you gotta make your own kind of music, sing your own special song."
(Retirei essa música da lista em 10/10/2014 porque, embora eu goste da letra, eu tendo a sincronizar os meus passos com a batida da música e essa não ajuda.)
  • Weight of the World (Chantal Kreviazuk)
"I used to carry the weight of the world, now all I wanna do is spread my wings and fly."
  • Só Por Hoje (Legião Urbana)
"Só por hoje, eu não quero mais chorar. Só por hoje, eu espero conseguir aceitar o que passou e o que virá. Só por hoje, vou me lembrar que sou feliz."
  • Watch Me Shine (Joanna Pacitti)
"Bet you don't think I can take it, but my mind and body are strong. Bet you don't think I can make it: it won't take long."
  • Clarear (Roupa Nova)
"Quando o pouco de bom rarear e a vida for escura e ruim, nunca é tarde pra lembrar que o Sol está dentro de mim."
  • It's My Life (Bon Jovi)
"It's my life, it's now or never. I ain't gonna live forever. I just wanna live while I'm alive."

Editado em 19/09/2014 para incluir:

  • Brave (Sara Bareilles)
"Honestly, I wanna see you be brave with what you want to say and let the words fall out."
  • Think Good Thoughts (Colbie Caillat)
"I won't let the negativity turn me into my enemy. Promise to myself that I won't let it get the best of me; that's how I want to be."
  • Happy (Pharrell Williams)
"Because I'm happy: clap along if you feel like a room without a roof. Because I'm happy: clap along if you feel like happiness is the truth."

Editado em 10/10/2014 para incluir:

  • Enquanto Houver Sol (Titãs)
"Quando não houver caminho, mesmo sem amor, sem direção. A sós ninguém está sozinho. É caminhando que se faz o caminho."
  • Secrets in My Life (Jill Johnson)
"So, you think you know just who I am. Well, hello, I'm afraid you know nothing, man, cause yet you've only read the first few lines in the book about the story of the secrets in my life."
  • Let It Go (Sara Bareilles)
"It's funny how some distance makes everything seem small and the fears that once controlled me can't get to me at all. It's time to see what I can do, to test the limits and break through. No right, no wrong, no rules for me: I'm free."
  • Firework (Katy Perry)
"Like a lightning bolt, your heart will glow and when it's time you'll know: you just gotta ignite the light and let it shine, just own the night like the Fourth of July."

Editado em 28/07/2015 para incluir um link para a parte 2 deste post.

É o que tem pra hoje. Boa corrida pra quem se animar.

domingo, 20 de julho de 2014

De Que Vale um Nome?

Eu pretendia escrever sobre outra coisa hoje, mas aí fiz a bobagem de abrir o Facebook antes e descobri que uma pessoa indiretamente ligada a mim registrou o filho recém-nascido com o nome de um personagem de um desenho animado japonês. O resultado é que agora não consigo pensar em outra coisa. Vontade de acreditar em reencarnação só pra poder desejar que uma criatura dessas, na próxima encarnação, seja registrada como Mickey Mouse.

Não pensem que eu não percebo a ironia de um blog chamado "Uma Rosa Com Qualquer Outro Nome" se estressar por causa de um nome. A questão é que o blog me pertence e um filho... bom, isso pode ser um choque para algumas pessoas, mas um filho, mesmo um filho recém-nascido, é um ser humano distinto dos pais e não uma peça de decoração.

Eu não colocaria um nome estrangeiro em filho meu, nem mesmo um nome já popularizado no Brasil e com uma grafia razoavelmente intuitiva como William, Pablo, Giovanna etc, mas até aí é só uma questão pessoal sobre a qual eu não tenho opiniões fortes. Afinal de contas, mesmo eu, que tenho um nome todo escrito de acordo com as regras de ortografia da língua portuguesa, já estou acostumada a me apresentar às recepcionistas dos médicos como "Raquel com Q, Peres com S", então os Williams e as Giovannas também podem se acostumar a lembrar às pessoas das suas respectivas letras duplas e ninguém precisa sofrer por causa disso.

Nome estrangeiro exótico já começa a me deixar bolada. "Ah, mas a minha avó era italiana!" Tá bom, querida, chama a criança de Paola ou de Raffaela, olha que lindo! Tenho certeza que a vovó Marguerita ia preferir ficar sem a homenagem a ser culpada por todo o bullying que a bisneta vai sofrer no colégio.

Homenagem a figura histórica já cruza a fronteira que separa os municípios de "Gosto Não Se Discute" e "Perdeu a Noção". O homenageado na maioria das vezes já morreu ou, mesmo se ainda está vivo, dificilmente vai ficar sabendo que no interior de São Paulo vive uma pessoa que leva o seu nome, muitas vezes escrito errado. E lá se vai o pobre Cheguevara da Silva, que nem compartilha a admiração que os pais têm pelo seu quase homônimo, suportando todo tipo de piada e olhares tortos pela vida afora, só para que seus pais possam se orgulhar de serem pessoas profundas e engajadas.

Já um quarto tipo de pai não só cruzou a fronteira como já fixou residência na cidade de "Perdeu a Noção". A pessoa que escolhe o nome do seu filho em homenagem a um "famoso", seja ele cantor, ator, ex-BBB ou jogador de futebol, já transferiu o título de eleitor para "Perdeu a Noção". Começa pelo fato de que homenagem pra gente cujo trabalho você admira é comprar o CD, ir a jogo, assistir o filme. Dinheiro em caixa é a melhor homenagem. Se você quiser ser muito, mas muito exagerado, leva um cartaz escrito "Fulano, eu te amo" pro show e chega. Pelo menos, paga esse mico sozinho: não arrasta uma criança inocente com você pra lama, porque isso não se faz com ninguém, muito menos com um filho. O seu descontrole emocional na hora em que seu ídolo sobe no palco é passageiro (pelo menos, se ninguém filmar e colocar no YouTube): o nome da pequena Rita Lee Aparecida é pra sempre. Se ainda assim você não estiver convencido, pense nisto: você gostaria de ser uma criança brasileira chamada João Hulk no dia seguinte ao famoso 7 x 1 contra a Alemanha?

Finalmente, chegamos ao caso que inspirou o post de hoje. A pessoa que dá a seu filho o nome de um personagem de desenho animado cruzou a fronteira e passou direto por "Perdeu a Noção" a uns 50 Km/h acima do limite de velocidade, só parando quando chegou ao município de "Chamem o Conselho Tutelar". Personagem de desenho animado a gente coloca no papel de parede do computador, em cima da mesa do trabalho, na foto de capa do Facebook, no avatar, na camiseta. A gente não tatua, não coloca em nada que seja permanente e, principalmente, A GENTE NÃO. COLOCA. NO NOME. ALHEIO. Seu filho vai ter muita oportunidade de fazer coisas constrangedoras mais tarde: ele não precisa que você comece a adiantar o serviço pra ele.

Pronto, falei.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Travessão, Hífen e Meia-risca

Esta pode não ser uma dica particularmente útil para os outros, mas, toda vez que eu preciso escrever um texto com travessão, recorro à Internet porque já esqueci como se faz. Assim, para me prevenir caso a informação mude de lugar ou fique mais difícil de acessar, vou registrar aqui os atalhos para os símbolos de travessão, hífen e meia-risca.

Parece bobagem, mas compare um diálogo escrito com travessão (—) e o mesmo diálogo utilizando o hífen comum e veja se não fica muito mais fácil de ler usando a pontuação correta:

- Cecília fica no deserto? - balbuciou ele.
- Sim! - respondeu a menina tomando-lhe as mãos. - Cecília fica contigo e não te deixará. Tu és rei destas florestas, destes campos, destas montanhas; tua irmã te acompanhará.
- Sempre?
- Sempre... Viveremos juntos como ontem, como hoje, como amanhã. Tu cuidas? Eu também sou filha desta terra; também me criei no seio desta natureza. Amo este belo pais!...

— Cecília fica no deserto? — balbuciou ele.
— Sim! — respondeu a menina tomando-lhe as mãos. — Cecília fica contigo e não te deixará. Tu és rei destas florestas, destes campos, destas montanhas; tua irmã te acompanhará.
— Sempre?
— Sempre... Viveremos juntos como ontem, como hoje, como amanhã. Tu cuidas? Eu também sou filha desta terra; também me criei no seio desta natureza. Amo este belo pais!...
(José de Alencar, "O Guarani")

A meia-risca, na minha opinião, é menos importante, mas, já que estamos no assunto, ela tem a metade do tamanho do travessão e é usada para ligar elementos em série (por exemplo, páginas 26–35).

NomeSímboloAtalho (para Windows)
Hífen-Alt + 0045 (ou a própria tecla)
Meia-riscaAlt + 0150
TravessãoAlt + 0151

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mais Eduardos

Uma amiga postou isso no Facebook há algum tempo. Não sei se é uma citação ou se foi de autoria própria, mas só o fato de ela ter considerado digno de compartilhar já mostra que eu tenho uns amigos bem legais.

"Façamos como Eduardo que achou estranho e melhor não comentar. O mundo precisa de mais Eduardos..."

Pra certas coisas, falta gente que fale mais, que faça barulho, que não deixe barato. É verdade. Já em outras ocasiões, o que falta é gente que cale a boca. Que até ache estranho, mas guarde sua opinião pra si.

Sim, eu sei. Está o maior frio e aquela menina está de vestido de alcinha. Aquela outra está com uma unha pintada de cada cor. Aquele rapaz é quase dez anos mais novo que a namorada. O outro não come carne. Ela nunca apresentou um namorado. Ele sempre almoça sozinho. Eles têm quatro filhos! Ele não bebe. Ela não usa maquiagem.

É diferente. É curioso. Pode até ser estranho. E tudo bem reparar. Mas não precisa apontar. Tudo bem preferir diferente. Mas não precisa achar que tem alguma coisa errada com o outro só porque ele não prefere também.

E, se for pra comentar, se for realmente importante comentar, que seja com a própria pessoa, e não com o vizinho. De repente, você pode até aprender alguma coisa nova com essa pessoa estranha. E, quem sabe, pode ser que ela seja a sua Mônica (ou o seu Eduardo) e você nem desconfia.

Afinal, quem um dia irá dizer que não existe razão?

(Shelby Gemmaka @ stockvault)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Duas Dicas de CSS Que Vieram Bem a Calhar

Já faz bem uns 7 anos que eu não mexo com HTML nem com CSS, por isso às vezes me enrolo na hora de editar o código do blog. Felizmente, aí está o Google para me ajudar a encontrar outros blogueiros e programadores mais competentes e que já encontraram (e resolveram) os problemas nos quais eu empaco.

E assim, como aquilo que se recebe de graça deve ser aceito com gratidão e redistribuído com igual generosidade, seguem duas dicas de CSS que vieram bem a calhar depois que eu já tinha desistido de encontrar uma solução simples.

A primeira vem do blog Helpblogger, a cujo autor, mesmo não identificado, agradeço por ter me ajudado a dar sumiço na praga dessas bordas e no fundo branco que assombravam as imagens nos meus posts, arruinando o layout na época em que este blog tinha fundo colorido. Mesmo agora que o blog tem um fundo branco, a borda ficava muito feia, porque envolvia a legenda da imagem também e, como a legenda muitas vezes fica maior do que a imagem, ficava super esquisito. Bordas sempre foi uma coisa complicada pra mim e eu já tinha feito várias tentativas mal-sucedidas de me livrar destas, até desistir e apelar o pro Google, que me levou para o Helpblogger:


Como o blog é em inglês, ele se refere à interface do blogger com os nomes todos em inglês também, por isso vou colocar aqui os nomes em português pra quem precisar:
  1. Clicando no item "Modelo" do menu lateral esquerdo do Blogger, aparece a seção "Agora no blog" com o botão "Personalizar".
  2. Clicando no botão "Personalizar", vamos para a tela "Designer de modelo do Blogger". Lá, é só clicar em "Avançado" e, dentro das opções avançadas, em "Adicionar CSS".
  3. Finalmente, no campo "Adicionar CSS personalizado", colar o seguinte trecho de código:
.post-body img, .post-body .tr-caption-container, .Profile img, .Image img,
.BlogList .item-thumbnail img {
  padding: 0 !important;
  border: none !important;
  background: none !important;
  -moz-box-shadow: 0px 0px 0px transparent !important;
  -webkit-box-shadow: 0px 0px 0px transparent !important;
  box-shadow: 0px 0px 0px transparent !important;
}
Se existem formas mais simples e/ou mais elegantes de fazer isso, não sei, mas a solução do Helpblogger é simples e elegante o suficiente pra mim, e funcionou perfeitamente.

A segunda dica vem do Adrian Roselli, do excelente artigo "I Don't Care What Google Did, Just Keep Underlining Links" no seu blog:

http://blog.adrianroselli.com/2014/03/i-dont-care-what-google-did-just-keep.html?showComment=1404224813793#c3703056205160121625

Concordo totalmente com o Adrian no seu artigo e recomendo a leitura deste e dos demais artigos no site. Quanto à dica em si, como o Blogger, por padrão, não sublinha mais os links, ele ensina como fazer com que os links dentro do seu post fiquem sublinhados.
div#main a:link {text-decoration: underline;}
O detalhe do "div#main" é para garantir que os demais links (no caso do meu blog, as seções "Arquivo do blog", "Marcadores", "Meus links" e "Estou seguindo") não fiquem sublinhados. Como muito bem disse o Adrian, esses são os links intuitivos, que podem realmente abrir mão do sublinhado em favor de um layout menos poluído. Já os links no corpo do post precisam ser destacados de alguma forma, pois não se pode esperar que o leitor fique passando o mouse por cima de todo o texto para descobrir onde há links.

Encerrando, então, fica aqui novamente o meu agradecimento ao Adrian e ao pessoal do Helpblogger, esperando ter conseguido também ajudar a outros blogueiros.