segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Prémio Multishow de Humor - Temp. 1 - Eliminatória

Estou assistindo a primeira temporada do Prêmio Multishow de Humor. A temporada já acabou (não sei se vai haver uma segunda), mas está inteira disponível pelo Now, e hoje terminei de assistir a etapa eliminatória, que comento hoje. Vinte e quatro candidatos se apresentaram ao longo de seis episódios, cada um com três minutos para impressionar os jurados e o público da melhor maneira que pudesse. O júri a cada noite era composto por quatro integrantes fixos (Natália Klein, Sérgio Mallandro, Miá Mello e Fernando Caruso) e um jurado convidado.

Teve de tudo um pouco: muito stand up comedy, alguns esquetes, um pouco de humor físico (não curto), alguma imitações (curto menos ainda), uns poucos números musicais e até um mágico. A qualidade também variou de um extremo ao outro do espectro: desde momentos quase fisicamente dolorosos de vergonha alheia (que não vou comentar aqui porque se apresentar em um concurso de humor exige uma coragem que eu jamais teria e que deve ser respeitada) até números que me fizeram gargalhar. Como disse, vou comentar somente os meus candidatos preferidos, a quem agradeço aqui pelas boas gargalhadas.

Cristiane Santos (Episódio 2)

Logo de cara, não parecia que ia me impressionar, mas isso só tornou mais engraçado o que aconteceu a seguir, pois me pegou completamente de surpresa quando engrenou na comédia e arrasou. Apresentou duas "táticas pra escapar de assalto" originais, fugindo do lugar comum (ou eu sou muito desinformada e não conhecia, sei lá). Mas achei ótima. Pra não dar nota 10 assim tão fácil, concordo com o Caruso em que podia ter limado a dança pra gente ter mais tempo de apreciar a comédia. Cristiane, se você se apresentar aqui no Rio me chama que eu vou te assistir.

Ana Sauwen (Episódio 4)

A Ana se apresentou num dia péssimo, mas ela teria se destacado independente de quem fosse a concorrência. Ana, se você algum dia entrar neste blog: sou sua fã. Ri do início ao fim quando assisti sua apresentação pela primeira vez e ri de novo quando assisti pela segunda vez para escrever este post.

Com talento e bom gosto, a Ana conseguiu me fazer dar gargalhadas com um tipo de comédia no qual eu normalmente não acho graça porque me dá aflição. Geralmente eu fico agoniada com cenas em que o protagonista sofre tentando fazer um bom trabalho e acaba humilhado porque dá tudo errado, mas dei gargalhadas com a apresentação da Ana. Não houve nenhuma piada que eu achasse sem graça ou mesmo fraquinha, a interpretação foi ótima, o timing foi perfeito e o humor físico foi usado na medida exata para enriquecer a comédia sem virar pastelão (um estilo que, pessoalmente, eu não curto). Mesmo a piada do sal, que eu percebi chegando antes de ela acontecer, me fez rir assim mesmo: eu comecei a rir antes, quando percebi o que ia acontecer, e continuei rindo quando aconteceu. E a cena final... gente, o que foi aquela cena final? Novamente, timing perfeito: tanto o suspense da preparação da cena quanto a sua própria execução duraram o tempo certo para aproveitar a piada ao máximo sem passar do ponto em que viraria enrolação.

Diana Behrens (Episódio 5)

Eu perdi algumas piadas porque a Diana falava tão rápido que algumas vezes eu literalmente não entendi o que ela estava dizendo. Sei que fazia parte porque a personagem era mesmo pra ser muito acelerada, quase surtada, mas é uma pena porque a interpretação dela foi muito boa e o texto era ótimo, por isso tenho certeza de que teria rido das partes que eu perdi tanto quanto ri das partes que entendi. Mesmo assim, me diverti muito: ri várias vezes e com gosto, o que compensou com folga as duas ou três falas que eu perdi. Menção especial para o figurino e a maquiagem, perfeitos e que enriqueceram o esquete.

Então, é isso: Cristiane, Ana e Diana. Independente do resultado do Prêmio Multishow, considero as três as melhores comediantes que se apresentaram nessa primeira edição e espero ter a oportunidade de ver as três novamente em outras apresentações fora do programa.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caminhada em Defesa da Vida

No sábado (05/10) eu participei da Caminhada em Defesa da Vida, no Centro. Tenho passado ao largo dessa discussão no Facebook, que não é exatamente a mídia ideal para discussões sérias; agora, no entanto, já que vou postar as fotos, aproveito para esclarecer alguns pontos caso haja alguém que ainda não conhecia a minha posição nesse assunto. Economiza tempo se quiserem discutir isso mais tarde.

1) Não, o aborto não é uma questão de saúde pública. O saneamento básico é uma questão de saúde pública. A dengue é uma questão de saúde pública. Sim, mulheres morrem em consequência de abortos clandestinos mal-feitos. Mas "esta lei prejudica quem quer descumpri-la" não é argumento. Ladrões também morrem em tiroteios e perseguições policiais: nem por isso o roubo vai ser legalizado. Por que? Porque roubar é errado. Se você quer defender a legalização do aborto, mostre que o aborto não é errado, e não que desobedecer a lei traz consequências negativas: esse é o objetivo da lei.


2) "Ah, mas eu queria ver se você estivesse nesta ou naquela situação, se ainda ia manter a mesma posição!" Você quer saber se eu adapto as minhas convicções às circunstâncias de modo que elas fiquem a meu favor? Não, não é assim que convicções funcionam. Seria ótimo se sempre quiséssemos fazer a coisa certa, mas somos humanos e frequentemente nos encontramos na posição de ter que escolher entre o que gostaríamos de fazer e o que acreditamos ser correto.


3) Não adianta discutir o trauma do estupro, a qualidade de vida de uma criança deficiente ou as condições financeiras de uma família e ignorar a questão muito mais básica de quando começa a vida. Quem acredita que a vida começa na concepção não vai aceitar nenhum argumento a favor do aborto pelo mesmo motivo que não aceitaria nenhum argumento a favor do assassinato de um bebê de 6 meses. Da mesma forma, espero que quem é a favor do aborto (e não do assassinato de um bebê de 6 meses), o seja porque está muito seguro sobre o momento em que passa a existir um ser humano dentro do ventre da mãe. Se não há um ser humano, não há assassinato. Se, pelo contrário, existe ali um ser humano e a sua vida lhe é tirada, não vejo que outro nome dar, independente de quais sejam os motivos que levam à decisão do aborto. Nenhuma discussão sobre o aborto é séria se não começar nesse ponto.