quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Tempo Não Para

No dia 14 de janeiro, eu peguei um táxi e o motorista fez aquele comentário que muitas pessoas por algum motivo adoram fazer, de que o ano já estava passando voando. No dia 14 de janeiro! Ele argumentou que "daqui a pouco já é Carnaval". Afinal de contas, "janeiro já está no fim, daí chega fevereiro e aí já é Carnaval".

É difícil traduzir em palavras o quanto me irrita essa mania que certas pessoas têm de dizer que o mês já acabou, o fim de semana já acabou, o ano já acabou. E depois têm a cara de pau de reclamar que o tempo passa rápido demais! Claro que passa: os seus fins de semana têm 36 horas, pois é só acabar de almoçar no domingo que já começam a suspirar "é, acabou o fim de semana", os seus meses têm 15 dias, pois chega na metade do mês e já começam a dizer que "este mês passou voando", os seus anos têm 10 meses, pois basta a primeira loja colocar decoração de Natal que reclamam que "o ano já acabou".

Você que reclama que o tempo voa já parou pra pensar que talvez não seja o tempo que anda rápido demais, e sim você que anda muito devagar? O tempo não espera por ninguém: ele passa, enquanto você chega em casa muito cansado pra caminhar na praia ele passa, enquanto as suas férias são canceladas ele passa, enquanto você deixa pra entrar pro curso de espanhol quando estiver com o horário mais tranquilo ele passa. E um dos motivos pelos quais as pessoas não vêem o tempo passar é a rotina. Ouço muita gente dizer que o tempo passa mais rápido à medida que a gente envelhece, e nem percebem o quanto contribuem para isso com sua rotina diária de acordar, trabalhar, almoçar, trabalhar, jantar na frente da TV ou do computador, dormir e... começar tudo de novo no dia seguinte! E assim todos os dias começam a se misturar e a se confundir uns com os outros até se transformarem em um único bloco cinzento e amorfo.

Eu costumo dizer que fui abençoada com uma percepção do tempo diferente da das outras pessoas, porque nunca tive essa sensação de que o tempo voa: é uma coisa natural pra mim e foi uma surpresa perceber que não é assim pra todo mundo. Às vezes é uma desvantagem, na hora de sentir saudade é um inferno, mas mesmo assim eu não abriria mão disso por nada. Duas vezes na minha vida tive essa sensação de que o tempo estava começando a passar assim rápido como as pessoas diziam, mas reagi e lutei contra, inventando maneiras de sair da rotina, começando cursos, procurando pessoas que não via há algum tempo, programando atividades diferentes para o fim de semana, comprando ingresso para shows a que normalmente não ia.

Eu anotei o dia em que o motorista de táxi disse que janeiro já estava no fim justamente para poder registrar tudo o que deu tempo de fazer no mês que já estava no fim. Nesses "poucos" dias, eu:

  • voltei a fazer Pilates
  • comecei a ter aula de flauta
  • me inscrevi no curso de italiano
  • entreguei 2 projetos no trabalho
  • dei um treinamento de Excel
  • tomei chope 2 vezes com o pessoal da NSL
  • almocei 3 vezes com a cúpula SIPEMM (são os Seres Incríveis, Poderosos e Muito Mais, só os fortes entendem)
  • participei de duas Quintas a la Carte
  • comprei ingressos para ver A Família Addams no Vivo Rio
  • comecei a escrever um livro
  • comemorei o aniversário do meu irmão
  • fiquei sabendo o sexo do próximo sobrinho (é menino e se chama Paulo)
  • comprei passagens e reservei hotel pra Foz de Iguaçu no Carnaval
  • li "Morte Súbita", "O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares" e "Suicidas"

Então, não, o mês não passou rápido. Mas ele também não ficou parado esperando a vida começar. A vida já começou e é agora.

Sed fugit interea fugit irreparabile tempus.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Diário de Uma Aspirante a Flautista #1

Na quinta-feira passada tive a minha primeira aula de flauta transversa, parte do meu projeto para 2013 de experimentar coisas novas e exercitar outros músculos do espírito.

Em primeiro lugar, devo declarar que há muito tempo eu não faço alguma coisa em que sou tão ruim! E digo isso sem nenhum vestígio de auto-depreciação: estou confiante de que com paciência e estudo eu chego lá, mas, no estágio atual, nossa, como eu sou ruim nisso!

Seguindo a sugestão do professor, eu não estabeleci uma carga horária diária de estudos: me propus a estudar todos os dias o quanto eu aguentasse e, sinceramente, são 15 minutos de olho no relógio.

Hoje, quarto dia, posso dizer que consigo, razoavelmente:
  • Montar a flauta (seguindo a cola)
  • Colocar os dedos na posição correta sem muita hesitação (é mais difícil do que parece)
  • Produzir som em 50% das tentativas (não estou exagerando: na metade das vezes sai só barulho de sopro e nenhuma nota)

Hoje também tive uma grande vitória: consegui, pela primeira vez, subir e descer uma oitava só mudando a inclinação da flauta e a abertura dos lábios (estou dizendo que é difícil!).

E é só isso. E ao mesmo tempo é coisa pra caramba.